A. Nelson Rocha
Primeira edição 1993
Formatado por SusanaCap
Uma explicação às perguntas
mais difíceis de todos os cristãos. Uma conversa entre Ângelo e um anjo
dentro da Nova Jerusalém. Ângelo pergunta e explica ao anjo. Os dois são
edificados porque havia coisas que o anjo não sabia, mas Ângelo sim.
Um compêndio de Teologia Bíblica baseado na vida cristã o ponto
de vista celestial. Depois de ler este livro, você não será o
mesmo!
DEDICATÓRIA
Dedico este livro a minha
esposa e a meus filhos, que nas horas mais dificeis de minha preparação na
Escola do Espírito, jamais se afastaram de mim:
Mara, Elghis e Nelson Junior,
meus amores.
A. Nelson Rocha, Missionário brasileiro, que atualmente reside no
México, o qual Deus tem usado no Ministério Profético de ensino, trazendo
formação cristã restaurada a milhares de ministros, preparando-os para
discernir e cumprir o propósito para o qual foram levantados.
UMA SAUDAÇÃO NA
ENTRADA
“Mas chegastes ao Monte de
Sião e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de
anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos
nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados;
e a Jesus, o Mediador duma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala
melhor do que o de Abel” (Hebreus 12.22-24).
O MONTE PRIMITIVO
“Estavas no Éden, jardim de
Deus: Toda a pedra preciosa era a tua cobertura, a sardônia, o topázio, o
diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o
ouro: A obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que
foste criado foram preparados. Tu eras querubim ungido para proteger, e te
estabeleci: No monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas
andavas” (Ezequiel 28.13,14).
O FUNDAMENTO DA
CIDADE
“Porque eis que os reis se
ajuntaram: Eles passaram juntos. Viram-no e ficaram maravilhados; ficaram
assombrados e se apressaram em fugir. Tremor ali os tomou, e dores como de
parturiente. Tu quebras as naus de Tarsis com um vento oriental. Como o
ouvimos, assim o vimos na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso
Deus. Deus a confirmará para sempre. Lembra-nos, ó Deus, da tua benignidade no
meio do teu templo. Segundo é o teu nome, ó Deus, assim é o teu louvor, até aos
fins da terra: A tua mão direita está cheia de justiça. Alegre-se o monte de
Sião; alegrem-se as filhas de Judá por causa dos teus juízos. Rodeai Sião;
cercai-a; contai as suas torres; notai bem os seus antemuros; observai os seus
palácios, para que tudo narreis à geração seguinte. Porque este Deus é o nosso
Deus para sempre; ele será nosso guia até à morte”
(Salmo 48.4-14).
OS CIDADÃOS NÃO
NECESSITAM DE PASSAPORTE
“O seu fundamento está
nos montes santos. O Senhor ama as portas de Sião, mais do que todas as
habitações deJacó. Cousas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. Dentre os
que me conhecem, farei menção de Raabe e de Babilônia: Eis que da Filístia, e
de Tiro, e da Etiópia, se dirá: Este é nascido ali. E de Sião se dirá: Este e
aquele nasceram ali: E o mesmo Altíssimo a estabelecerá. O Senhor, ao
fazer descrição dos povos, dirá: Este é nascido ali. E os cantores e os
tocadores de instrumentos entoarão: Todas as minhas fontes estão em ti”
(Salmo 87).
INTRODUÇÃO À
HISTÓRIA
A história deste livro é
sublime. No princípio, escrevi um capítulo para um livro que abordava outro
tema. Havia pensado em escrever um texto para explicar um mapa teológico que eu
mesmo havia esboçado sobre a obra do Espírito Santo, os templos e tabernáculos
da Bíblia. Todavia, quando eu escrevia, veio a inspiração sobre o tema que deu
origem a este livro. A história é hipotética. Me inspirei em Ângelo. Ele não
existe, é um protagonista. Em muitos aspectos, Ângelo sou eu mesmo. Escrevi o
livro em forma de diálogo. Tudo que o Espírito em minhas meditações, em meio de
minhas grandes lutas, triunfos, lições e vitórias, me havia ensinado, aqui
registro.
Que seja uma grande bênção
para você!
Um peregrino
PREFÁCIO
Cavalos de Fogo: Com que título poderíamos lançar um livro que falasse
da extrema atividade desenvolvida em nossos dias nas regiões celestiais?
A todo instante eles cruzam
velozmente as regiões celestiais, preparando a Igreja de Deus para o grande
momento que a espera. Em todo canto do mundo, pessoas sensitivas do mundo
espiritual relatam essa imensa atividade que acontece nas regiões celestiais.
Sejam os simpatizantes da Nova Era ou os mais ortodoxos católicos e evangélicos,
eles querem explicar o que ocorre no mundo espiritual com a conseqüente reação
no mundo físico.
Estas são as atividades
demoníacas na Terra, a magia, satanismo, adivinhações, OVNI’ s, tarô,
astrologia... Universo em desencanto, Testemunhas de Jeová, seitas orientais...
mas o que realmente está acontecendo?
Todos têm uma resposta para
dar explicação como lhes parece racional. Contudo, nada disso nos traz uma
orientação direta do “amigo de Abraão”, que não fará nada na Terra sem se
revelar primeiro ao seu grande amigo, que é hoje a Igreja.
Portanto, a resposta para
estas indagações, só aquele que tudo criou pode dar. Só ele pode saber na sua
imensurável sabedoria, o que está acontecendo agora. Esta resposta não pode ser
dada, a não se r à sua Igreja, pois ela é o motivo de tudo o que agora ocorre.
Tudo o que acontece visa a
preparação da Igreja para o seu arrebatamento — momento maior da Igreja quando
subirá para encontrar-se como noivo nos ares.
Sabemos também que, para o
homem poder compreender que as verdades reveladas vêm do trono da graça, é
necessário que o Senhor a confirme previamente, e isto se dá pelo testemunho da
Palavra viva e eterna do nosso Deus — a Bíblia Sagrada.
Dessa forma vemos que para
alguém poder ver e entender o que acontece no mundo espiritual, em sua
preparação para o arrebatamento, terá que considerar dois atributos
indispensáveis:
1) Um conhecimento profundo
da Palavra de Deus, alguém que a manuseie com profundidade, usando também do
conhecimento e da sabedoria humana, dedicando-as ao serviço de Jesus.
2) Uma profunda intimidade
com Deus, a ponto dele lhe abrir as portas para mostrar-lhe a intimidade do seu
mundo ainda não revelado.
Quem melhor hoje teria estas
qualidades, senão o Pastor A. Nelson Rocha, que todos que o conhecem e privam
da sua intimidade, testemunham.
Quem já ouviu a sua pregação
ou participou de um estudo por ele dirigido sabe certamente o porquê ele foi
escolhido. Aqueles que ainda não tiveram este privilégio, após a leitura,
saberão também, que ele é o que afirmo.
Pelos amigos de um homem
podemos saber quem ele é. O que podemos concluir, então, de um amigo íntimo, a
tal ponto que, à semelhança de Daniel, o Senhor lhe abriu as portas do céu.
Como acontece com todas as
pessoas que buscam muito a presença do Senhor, elas são conhecidas por Deus
como aqueles que O amam e adoram, mas que também são olhadas com crítica por
aqueles a quem o Senhor não escolheu para esta obra.
Mas nós, que pertencemos à
nação santa e à raça eleita dizemos “Senhor, muito obrigado por esta vida e use
sempre este canal ou o que o que o Senhor quiser, para nos trazer sempre a
Palavra que vivifica a sua Igreja e a leva a preparar-se mais e mais para o
grande momento”.
Esta obra, sem dúvida, será
um “best-seller” em nossa nação.
Pr. Armando Gonçalves Macedo
Presidente do Ministério
Cristo é Vida
A INSPIRAÇÃO DO
LIVRO
“O Espírito. Seu nome RUAH!
Identificado posteriormente como uma pessoa, mais que isto: Deus. Desde o
princípio absoluto era Deus. No princípio criacional do kosmos, continuou sendo
Deus. O princípio absoluto foi antes do criacional. No primeiro, ele era Deus e
o continuou sendo no segundo. Ele veio. Ninguém o recusou. Ninguém o matou. Ele
foi o primeiro enviado ao kosmos. Ele aceitou ser um missionário para o
projeto. O projeto não poderia tornar-se realidade, se ele não se imiscuísse
nele. Ele precisava envolver-se profunda e poderosamente.
Até o final da História
concluiremos que sua principal ação era o mover-se sobre algo. Seu mover sempre
foi um mover pró-investimento. Ele nunca se move se algo não for acontecer para
a glória de Deus. Seu mover desde o princípio foi:
Preparatório para uma
grande criação: “E o Espírito de Deus
se movia sobre a face do abismo” (Gn 1.2). Aqui não está dizendo que ele se
movia num palácio. Ele se movia sobre a face do abismo. O Espírito Santo aceita
mover-se para investir nos Projetos do Pai e do Filho. Ele aceita pagar o preço
de mover-se num lugar aonde não há nada real.
Luz: “E havia trevas...”. Ele pode mover-se em nossas
trevas. Se tudo for trevas.., não será mais trevas que aquele dia escuro,
quando ele entrou no mundo, sem haver resquício de qualquer tipo de luz. Não há
trevas que ele não possa conhecer. Ele veio e se identificou com a necessidade
que havia de luz. O Pai fez ouvir sua voz realizadora e logo disse “haja luz”
para começar a grande construção do mundo. Mas o Espírito pairou muito tempo no
meio das trevas. Que interesse teria Ele em permanecer nas trevas, nesse
movimento, se não tivesse idéia da dimensão futura que ocorreria após a palavra
inicial ordenando “haja luz”, quando os mares estéreis sentissem o pulsar da
vida ao perceberem navegantes peixes dos mais diversos e exóticos, cortando
suas águas!
Deus nunca se move sem ter um
objetivo. Ele terá sempre um propósito definido em todas as coisas. Aquele que
se moveu nas densas trevas do grande, estéril e improdutivo kosmos, não saberá
transformar nossa vida num jardim bem regado?
Vida: Se não havia luz, não havia vida. A única
possibilidade de vida era a esperança, e esta residia na insondável mente do
Espírito. Que profunda esperança! Nele estava a vida. A vida se movia sobre um
estado de morte. Nenhum peixe sobre as águas! Nenhuma vida nos abismos! Nem um
som sequer!
O Espírito acostumado com a
glória, deixa o Trono e vem viver sobre um mundo frio, inerte e sem vida!
O seu mover tridimensional
sobre o mundo sem forma e vazio, era um treino para o dia da ressurreição do
corpo de Cristo! O seu mover não seria vão. O pó da Terra tirado para dar a
formação do homem ainda não estaria quente e agitado com aquele costumeiro
mover do Espírito! O mover do Espírito tornou mais fácil a formação de Adão. O
Pai apenas dizia “haja” e havia. Estava quente o barro. Deus nunca ordena
qualquer realização criadora sem que primeiramente haja primeiro um permanente
e correto mover de seu Espírito.
Ele se move. E não se
satisfaz somente nisto. Ele se move para que haja a
posterior palavra de ordem, a
ordem manifestadora que provém do aparente nada, mas é da oferta movida que vem
a vida.
O Espírito aceitou pagar o
preço e não havia tempo. Nenhuma carta da “base enviadora” sobre o resultado do
investimento do envio missionário! Nenhuma opressão do céu sobre o seu mover.
Ele se movia.
Tempo era uma palavra mal
entendida e quase o mesmo que “eras” ou
“gerações”. Não se entendia
esta palavra até o verso3 e 4. Tempo, isto não existia! O Espírito trabalha na
eternidade. Ele sabe o que quer dizer isto — trabalhar na eternidade. Quer
dizer trabalhar tendo em mente o que passou, o que pode passar depois daquilo que
passa.
Não havia o conhecimento que
calcula o tempo desde a criação de Gênesis!
Entre os versos 1 e 3 ainda
há inexistência de tempo! Não há tempo em seu movimento. Ninguém o apressava. A
base não lhe enviava cartinhas pedindo relatórios! Ele era livre. Onde ele
estava havia liberdade! Somente no verso 5, vem existir o primeiro dia! Aqui
entra o tempo. O tempo é inferior à eternidade.
Quantos dias equivaliam a um
segundo de mover do Espírito.
Devemos deixar o Espírito se
mover. O simples ir e voltar de uma viagem será o tempo necessário para ele
mover-se! Nosso silêncio ajuda sua obra. É melhor que gemamos com o Espírito do
que cantarmos com a turba! É melhor o silêncio das “santas mulheres” do que o
gritar das dançarinas de Saul! Que o Espírito se mova por quanto tempo achar
necessário! Quanto mais tempo ele usar, mais eterno será seu trabalho! Se nosso
trabalho com ele for gemidos inexprimíveis, será o labor semelhante ao desgaste
do maestro ao preparar seus músicos para a grande sinfonia! Este é um trabalho
silencioso, que pode até ser na casa de Pilatos! Quem pode impedir ao Criador
de revelar-se em sonhos na mesma cama que dorme Pilatos? Pode ser na casa do
rei pagão. Quem poderá dizer que não há ali uma criada que conhece o
profeta?Deus nunca fica sem testemunhas! Permitamos que Ele trabalhe. Ele se
move e prepara. O Pai separa e cria. Que sejamos instrumentos nas mãos de Deus.
O Espírito aceitou o preço.
Este missionário não saiu ao campo depois de uma grande campanha, com o
objetivo de angariar lamparinas para o ajudar no grande movimento. Ele era
fogo.
O grande missionário não
esperou a terra dar fruto para identificar-se. Ele veio às trevas, ao tudo que
para muitos foi nada. Ele creu. Ele aceitou crer. Ele investiu. Ele viveu! E
quando tudo estava pronto ele continuou apreciando toda aquela obra.
Por outro lado, o kosmos não
estava certinho e bonzinho quando o recebeu.
Tudo estava misturado. Ele se
moveu naquela mistura de matéria. Ele se movia da mesma maneira que o Pai do
Filho Pródigo beijou o Pródigo, no afã de vê-lo vestido, calçado e limpo. O Pai
beijou o filho imundo e sujo, mas ele não entrou no banquete no mesmo estado em
que foi beijado. O beijo do Pai assemelha-se ao mover do Espírito ali em
Gênesis. Toda aquela mistura de coisas percebeu sua presença. Ele era santo no
meio daquela mistura. Ele teria que continuar se movendo porque o dia da
separação viria (Gn 1.18). Depois do “haja luz” vem a separação. Separação é
santificação. Isto é obra do Pai. A separação fortalece as bases e as bases sustentam
a realização criadora. Terra na terra. Água na água. Luz na luz. Trevas nas
trevas. Não há mistura no que se torna sólido e perpétuo. Se houve mover no
passado, as marcas revelam, mas nem por isso desqualifica a solidez. Não
importa quão pródigo foi o filho, se agora ele na casa do pai degusta o bezerro
cevado!
Clame por salvação. Seu lar
está destruído. Não pense que tudo será solucionado se todos dali forem ao
templo! Clame pelo Espírito. Entre ali naquele pequeno kosmos de idéias
contraditórias e de obediência transgredida. Clame ao Espírito que venha se
mover! Não se importe qual o estado da vida que levam ali!
Ele assim mesmo se moverá!
Seja o veículo de seu mover, e não o arco, de onde saem as setas das más
palavras e da desconfiança, da má profecia e da angustiante frase de
descrédito! Seja um silêncio para o tédio e uma ampliada voz para a fé! Creia
mais uma vez. Continue! Seja o levedo dessa massa! Seja o fermento desse pão!
Ninguém se dará conta até aquele dia quando a voz do Pai disser “haja luz” e os
“Saulos” caírem e disserem: “quem és tu Senhor?” Veremos sobre os desobedientes
à luz; eles ouvirão a voz e se converterão, Mas eles, e somente eles, ouvirão a
voz! Não queira adiantar isto. Ele não tem tempo para isto. Os dias começarão
depois do “haja luz”. O seu mover é peculiaridade dele. Não tente apressá-lo.
Cale-se e continue sendo o canal do movimento.
(...) Aqui veio a inspiração
deste livro. Estava chorando, quando...
Minha esposa e a irmã Débora
entraram no quarto em Westminster,
Ca, e o fogo de Deus tomou
todo o espaço físico.
Elas e eu nos alegramos no
espírito.
Setembro de 1991
OSSOS DE FERRO
O morro da Cotia se
encontrava em uma colina alta aonde se chegava por escadas de terra. Pedaços de
pau como estacas firmavam as pobres casas perigosamente construídas naquela
colônia. Muita chuva era sinônimo de abalos de terra e morte. A gente que vivia
ali estava acostumada aos funerais. Não havia serviço de água e luz. Tudo vinha
lá de baixo.
As pobres velhas eram como
mulas carregando em suas costas, pesadas vasilhas de águas roubadas das
torneiras dos “ricos” do “outro lado” da cidade milionária de Icaraí. Pareciam
ter ossos de ferro.
Naquele tempo havia uma
pequena igreja que evangelizava os ricos dali. Os jovens evangelistas daquela
congregação subiam às colinas aos domingos à tarde para libertá-los dos
demônios. “Salvos 13, sem contar as crianças”, diziam nos relatórios, e os
levavam para apresentá-los a sua igreja na noite de domingo. Colocavam os
negros em um lado e os “brancos” em outro. Por isto, os recém-convertidos nunca
permaneciam ali.
O morro da Cotia não tinha
boa fama. Mas ali viviam Alberta, Queizé e o jovem Ângelo. Eles vendiam camarão
nas praias do Rio de Janeiro. Viviam do que vendiam. Dessa forma conseguiam
sobreviver e dar educação esmerada ao jovem rapaz, em quem pesavam as marcas da
consagração. Ângelo sabia disso
e sua mãe guardava o segredo
no seu coração. Ângelo estudava pelas manhãs, e à noite assistia ao Seminário.
Quando Ângelo tinha sete anos
de idade, sua mãe teve um sonho: Sonhou que havia comprado duas espigas de
milho com vinte centavos. Uma estava verde e a outra madura. Ela as havia
comprado em um mercado volante numa manhã de sábado. Alguém interpretou o sonho
dizendo que havia duas fases na vida ministerial de Ângelo. Mais tarde, com o
passar dos anos, a interpretação veio torna-se uma realidade.
Ângelo era filho amado. Seu
pai estava afastado dos caminhos do Senhor por algum tempo, mas recebeu boa
formação cristã e secular. Sua professora de escola dominical teve muita
influência sobre sua vida. Era muito novo quando aprendeu a amar a Deus sobre
todas as coisas. Ele era feliz e não sabia.
Ângelo se formou e era
conhecido como um bom mestre de Teologia, um pregador reconhecido em seu país.
Conheceu Martha, uma adorável jovem, com a qual depois veio casar-se. Sendo
pobre, veio viver em um bairro humilde na cidade de Niterói.
Eram duas horas da tarde e
apenas Ângelo havia chegado de seus compromissos seculares, e havia um
movimento policial em seu bairro. Buscavam o “Loro louco”, um fugitivo terrível
e perigoso assassino que vivia por ali. Uma bala perdida atravessou as tábuas
da janela e alcançou a Ângelo, que trocava de roupa.
— Foi no meio do peito!
— Chamem a ambulância!
— Não há tempo a perder!
Perde muito sangue!
— Quero meu filho! Meu filho
Ângelo! Não te vás meu Ângelo!, em prantos clamava Martha, sua esposa.
— “Não vai morrer! Ele não
vai morrer! Está consagrado a Deus e tem as marcas de Deus. Isto não pode ficar
assim, Deus certamente tem algum propósito nisto”.
—Vamos levá-lo!
— Alguém me ajude! Dizia um
bom samaritano da vizinhança.
— Eu o ajudo, dona. Eu estou
acostumado com isso.
Sempre havia homens bons por
ali.
Em um hospital de má fama
gritavam as mulheres.
— Cuidado com ele, pertence a
Deus!
—Acalme-se senhora, este
rapaz viverá!
A porta se abre, depois de
três horas de cirurgia. Perturbadas e cansadas, a mãe e a esposa se levantaram:
— E então, doutor? Viverá?
— O que que há doutor? Como
está meu filho? — as duas mulheres clamavam de uma só vez.
“Não... minha senhora. A única coisa que
podemos dizer é que está em coma. “Reze, reze” por ele, creio que pode viver.
Pode ser que Deus faça alguma coisa por ele. Está mal, chegou um pouco tarde
aqui. Nós fizemos o que pudemos. Vamos esperar um pouco”.
A SENTENÇA DE
LÚCIFER
Agonizando, Ângelo, em estado
de coma, foi levado a Unidade de Terapia Intensiva e o cobriram de tubos.
Encontrava-se moribundo, quase morto.
Veio do céu um anjo e sua
alma foi arrebatada do corpo, no qual só permaneceu seu espírito humano.
Vi quando meu corpo foi
separado de minha alma. Não estava morto, porque ouvi de longe uma voz que me
dizia: “Seu espírito deve permanecer dando vida ao corpo. Ângelo, referindo-se
à minha alma, tu deves vir”.
O anjo me tocou e fui saindo
lentamente. Depois, desapareci dali.
Quando fui transportado à
dimensão celestial era algo tão fácil como voar, porque a freqüência era muito
maior e a rapidez incomparável. Estava na eternidade, era um morto-vivo e podia
lembrar-me, em frações de segundo, das coisas da terra. Não era fantasia, mas
sim, uma deslumbrante realidade; me senti mais vivo e lúcido diante do monte
santo de Deus.
O monte era alto e a
distância era pequena. O alto estava baixo (Hb 12.22-24). Parecia um planeta
distinto, mas era somente um lugar onde estava fundada uma cidade infinitamente
preciosa. Por causa das pedras preciosas, a cada instante se manifestava uma
cor diferente. A cidade estava edificada em palavras que se faziam realidade ao
sair da boca de Deus. Era de alicerce firme. Abraão havia esperado por ela (Hb
11.8-10; 12.22; Ap2. 12),mas não pôde ir para lá ao morrer. Teve que esperar em
outro lugar. A razão, com o tempo foi se revelando nas observações de minhas
insossegadas perguntas. Era um lugar chamado pelos Anjos de “Grande Sião”, a
capital eterna do Reino Universal do Pai, a grande pedra que segundo Daniel
destrói todo mal.
O Monte Sião não está vazio,
a cidade ocupa todo o seu espaço; somente podemos ver algumas partes dela. O
Monte Sião está tomado pela cidade.
— Que esplendor! Que visão
linda! Que é isto? Perguntou Ângelo acerca do alto monte.
— Esta é a cidade do Senhor
Todo-Poderoso, respondeu o anjo Enviado; esta cidade foi planejada e feita por
Deus, o grande Arquiteto. Antes, não havia nada aqui. O Senhor estava no monte
do testemunho (Is 14.11-14); enquanto esta cidade era edificada, esperava que o
Cordeiro consumasse sua obra na cruz; no dia em que o Cordeiro completou seu
trabalho, foram postos tronos e o Ancião de dias se sentou (Dn 7.9-10); então,
o Cordeiro entrou pelas portas — o anjo lhe mostrou as portas de pérolas por
fora (Ap 21.21); foi neste dia que o céu se moveu e as portas da cidade se
abriram para receber o Pai e o Filho. O Espírito de Deus foi enviado
diretamente à Igreja, (Ap 1.4; cap.5) porque já o Filho havia sido glorificado
(Jo7.38, 39; 17.1-5). Abraão teve uma visão desta cidade, e esperava por ela ao
caminhar pelo deserto, habitando em tendas desde o momento em que Deus mostrou
o dia de Cristo, depois da separação de Ló; ele sonhava com ela. Mas p Cordeiro
necessitava nascer e ser revelado primeiramente, e depois ir preparar lugar
para os outros que receberam a mesma fé e a mesma promessa.
— Por que Abraão teve que
esperar para entrar na cidade que tanto amava? (Hb 11.8,9; Lc 16.25), perguntou
Ângelo.
— Abraão, ao morrer, foi a um
lugar chamado Seio de Abraão, não te lembras? Disse o anjo.
— Ah! Exclamou Ângelo
imediatamente. É por isso que todos os justos que morriam antes do sacrifício
de Cristo iam para o Hades! Porque a Nova Jerusalém ainda não havia sido
inaugurada. Então, quando Jesus morreu na cruz e proclamou a consumação de sua
obra, a estabeleceu nas três dimensões da eternidade?
— Sim, houve uma grande
mudança no céu, enfatizou o enviado. O Pai e todo Seu trono, anjos e anciãos se
mudaram para lá; e o Cordeiro, por sua vez, foi esperado. Então ele entrou com
todos os santos que trouxe do Hades, todos os justos, mortos na mesma esperança
de Adão e Abel (Is 61. 1,2; Jn 14. 1-3; Zc 6.8; Mt 16.18; Ef 4.8-10).
— De onde veio Deus? E onde
ele vivia antes? Perguntou imediatamente Ângelo.
— Olhe, respondeu o anjo, nós
vivíamos pelos lugares do norte (Is 14.13; Ez 28), em um grande jardim chamado
Éden, o jardim de Deus, que está abaixo de Seu trono e nós ficamos ali, no
vale, e o trono acima, no alto do monte. De lá, Deus, nos dias antigos,
protegeu esta cidade (Hb 11; Si 87.1).
— Este é o mesmo Éden de Adão
e Eva? Perguntou Ângelo.
— Não, respondeu o anjo.
Estou falando dos dias remotos do jardim de Deus, do Jardim do Éden, o
original. O jardim do Éden do princípio da criação foi feito para Adão e Eva.
Assim como os templos e tabernáculos da Bíblia são apenas tipos da realidade
que estão na dimensão eterna; também o jardim do Éden de Gênesis é apenas um
tipo do jardim original de Deus. O jardim terreno foi apenas uma cópia do
jardim celestial. Assim era o lugar que Deus queria para o homem, mas por causa
do pecado, eles não puderam permanecer mais ali. Sobre o jardim do Éden
celestial, abaixo do monte santo, foi aqui que tudo começou... (Is 14.13; Ez28.11-19;31.1-19).
— A que te referes? Buscando
profundidade, interrogou o anjo.
— Estou me referindo aos
momentos terríveis da grande rebelião. Foi ali que ouvimos a sentença de
Lúcifer.
Chegamos ao vale, enquanto
concluía Enviado...
— Aqui, Lúcifer e seus anjos
foram condenados. Foi um dia grande e terrível quando foram expulsos da
presença de Deus, do lugar das pedras afogueadas. Eu vi quando, diante do trono
de Deus, na presença de todos os anjos, o fogo divino foi saindo e consumindo
suas credenciais e sua aparência foi se transformando em uma imagem espantosa.
Naquele dia, nós, os anjos, que não o aceitamos, fomos eleitos para sempre.
Quão abundante e maravilhoso era o lugar onde primeiramente habitávamos! O Éden
de Deus! Mas lá é melhor, vamos, apontou à Nova Jerusalém.
— Olhe Ângelo, lá embaixo,
acabamos de passar pelo Império das trevas. Toda aquela região sombria é a
região do mau, a qual Lúcifer assumiu no dia em que foi expulso da presença de
Deus. Agora veja a diferença... (apontou ao alto monte).
Não havia palavras para
expressar as maravilhas que via.
Estávamos dando voltas em
todo o monte e seus fundamentos estavam sobre as altas nuvens.
— Nós estamos nos aproximando
do mar de cristal.., vamos entrar porque alguns anjos te esperam, me avisou o
anjo.
Antes de entrar, paramos um
momento e a visão de tudo aquilo se tornou mais exata e gloriosa, porque o céu
era mais negro abaixo. Por causa do resplendor da luz da cidade não se podia
ver melhor de longe.
Ângelo voltou seu rosto para
o sul e perguntou:
— Quem era Lúcifer?
— Vamos entrar já. Não há
tempo para seguir conversando aqui, mas te direi algo... ele era o querubim que
cuidava dos santuários e protegia os tesouros do reino; transportava em si
mesmo a luz por causa de suas vestimentas satelísticas de pedras preciosas. No
princípio de sua criação permanecia abaixo das nuvens e do trono, no centro do
jardim. A princípio foi criado e era tido como o selo da perfeição. Vestia-se
de toda a sorte de pedras preciosas. Ele era entendido em toda a classe de
música e ritmo. Toda espécie de instrumentos foram preparados para adorar a
Deus no dia de sua criação. No jardim estavam todos os anjos, mas ele estava em
meio às pedras preciosas. Somente lá dentro na presença de Deus estavam as
pedras afogueadas, muito mais preciosas do que aquelas. Nós o tínhamos como o
grande querubim. Um dia foi levado do jardim para o monte santo de Deus.
Entrava e saía por causa de sua perfeição. Naquele dia em uma de suas moradas
aqui no vale, começaram a acontecer algumas coisas muito raras no meio de nós.
Começaram a acontecer contradições e alguns anjos perderam a reverência por
causa de sua fama e começaram a profanar os santuários do jardim. Havia inveja
e porfia entre alguns anjos. Lúcifer começou a engrandecer-se no meio dos
outros anjos. Os 24 anciãos o repreenderam e os querubins do trono começaram a
contradizê-lo. Então, o Senhor ouviu sua cobiça no trono. O Capitão dos
Exércitos do Senhor se levantou contra ele e a maioria dos anjos o seguiu. Mas
a terceira parte foi com Lúcifer. Quando o Senhor considerou que era demasiada
a sua apostasia e auto-exaltação, ele foi chamado diante de todos os anjos a
ser julgado e condenado para sempre. Até hoje, todas as classes de anjos
recordam a sua sentença:
— Lúcifer, para que todos os
anjos que cresceram juntos nas águas do Éden não levantem sua cabeça entre seus
concriados e poderosos, e não confiem em sua estrutura de arcanjos, serás
entregue nas mãos dos regenerados que te tratarão como mereces. Serás lançado
na terra por um tempo e chegará tua destruição.
Naquele tempo outro povo
habitará nos lugares altos. Depois serás lançado no abismo do Seol. Os anjos se
contristarão por causa de tua rebelião, com todos os seus seguidores serás
lançado no abismo do Seol e ao som de tua queda, a terra tremerá e com ela
todas as nações com seus mortos cantarão a teu respeito de ti naquele dia.
Serás somente espanto e os povos que se maravilharam de ti serão enganados.
Contradisseste-te muitas vezes por causa de tua rebelião; teus ofícios e teus negócios
não prosperarão e tua sabedoria será corrompida. Serás jogado por terra.
Achou-se iniqüidade em ti. Tu governarás sobre os homens quando fores lançado
na Terra, mas serás um dragão nos mares e te destruirei quando se escurecerem
os céus e a Terra, quando chegará o dia em que serás aprisionado.
Assim, após o teu
aprisionamento e o de teus seguidores, os homens e anjos escarnecerão e se
burlarão de ti, porque serás derrubado até o Seol, no abismo, e te encontrarás
com os mortos e eles falarão provérbios de ti e tu mesmo jamais serás lembrado
como uma pessoa ilustre, porque nunca viveste como homem, mas como serpente e
dragão. Quando fores lançado ali, a Terra terá descanso porque o governo de paz
e de louvor será implantado. Os anjos eleitos cantarão à tua queda. Até tua
prisão se espantará por tua causa, porque agora te exaltas por tua formosura...
até os mortos no Hades se despertarão na ocasião de tua entrada. Humilharão-te
e se consolarão. Tua cama será sobre vermes e tua coberta serão os bichos e será
feita uma canção para ti: “Como caíste do céu, ó grande Lúcifer, filho da alva,
jogado foste por terra, tu que debilitavas as nações. Por causa da multidão de
tuas contradições fostes cheio de iniqüidade e pecaste. Fostes tirado de tua
posição e tua formosura se transformou em espanto e fostes lançado fora de meu
monte santo com a terça parte dos anjos, os quais te seguirão, mas os outros
que estão como Príncipe dos meus exércitos, serão para sempre eleitos e
entrarão no gozo da minha presença”.
Emudeci diante daquelas
palavras que acabara de escutar. Silenciamos. Era hora de entrar. Foi então que
comecei a observar que milhares de anjos entravam e saíam da Grande Cidade
Celestial; todos eles tinham um sorriso em seus lábios e muitos cantavam. A
música que saía pelas portas era quase palpável, como se pudéssemos tocá-la.
Era algo completamente indescritível aos meus olhos. Os anjos não precisam de
fôlego para cantar... eles podem sustentar uma nota por horas.
O SEGREDO
Percebi que havia uma
diferença entre o tempo e a eternidade. Não havia cansaço, nem dor e nem
fadiga. Era mais veloz que a luz. Estava livre, estava na dimensão da
eternidade. Na eternidade, um corpo espiritual tem a capacidade de ocupar o
mesmo espaço sem perder sua identidade.
— Tu podes ir ao futuro,
presente e passado no tempo dos homens, Ângelo. Estes três períodos podem ser
vistos pelo Todo-Poderoso de uma só vez!
— Não consigo te compreender,
Enviado. Explique-me melhor.
— A eternidade é
infinitamente maior e superior ao tempo dos homens. Isto significa que o tempo
dos homens em toda a sua história passada e futura, não completa todo o espaço
do período presente da eternidade.
— Então, toda a vida humana
está consumada no presente de Deus? Perguntou Ângelo.
— Sem dúvida, Ângelo. A eternidade
tem três períodos. O era, o é e o será. Igualmente à natureza de Deus, assim
também é a eternidade. Assim mesmo disse o Cordeiro a João: “Eu sou o que era,
o que é e o que há de vir”. A ti te foi concedido conhecer o futuro dos homens
e também um pouco “do que será” na eternidade, depois do período que é.
— O Cordeiro de Deus. Ele era
o Verbo; estava com Deus. Tu compreendes isto, Enviado.
— Sim, Ângelo. Observe o que
disse Daniel aqui, no livro da profecia, nos capítulos 9 e 10. Quem aparece
aqui, como o varão vestido de linho?
— Jesus? Perguntou Ângelo.
— Sim, é Jesus! Esta visão é
a mesma que foi dada a João.
— Enviado, nesta época Jesus
não havia sido encarnado; não tinha corpo físico. Como poderia aparecer aqui já
glorificado?
— Aqui temos uma prova de sua
divindade. Somente Deus pode dar prova de sua divindade manifestando-se em
glória antes de sua própria encarnação. Ali estava o era. O era o que seria;
assim se manifestou a Daniel.
Assim compreendi o que Jesus
queria dizer “o é o que será”, no que ele “é”. Compreendi o porquê que algumas
profecias de João em Apocalipse estão no passado. Porque no tempo dos homens
ainda seria futuro. Porque ele já havia visitado o futuro dos homens e o que se
descreve como presente, em nosso tempo, todavia, não aconteceu. Nestas
condições, fui entrando na cidade e me vi no mar de cristal.
A VIAGEM
O anjo me havia dito que as
doze portas tinham um significado. Todas as coisas no céu tinham seu particular
significado. A cidade era grande; os anjos andavam pelas ruas de ouro. A cidade
estava muito organizada, tudo estava bem detalhado. Havia somente uma rua em
forma de espiral. Em determinados momentos tudo estava claro em cores exóticas
e suaves. Em outros instantes havia variações. Muitas cores brilhavam ao sair
grupos de anjos pelas portas de pérolas; alguns anjos saíam em dezenas, em
pares ou sós. A cidade tinha movimento de metrópole.
Alguns anjos passavam como
raios. As portas são imensas, grandiosíssimas. Pelo lado de fora, havia carros
movidos por cavalos de fogo, rudes, rubros... fora da cidade, abaixo,
estacionados no Éden Celestial.
— Estas são partes das
patrulhas de Deus enviadas sobre a Terra e o universo. O universo é finito e
termina nas portas do céu, me ensinou o Enviado.
O Trono não aceita nada
velho, tudo se renova; desejei tocar algumas flores de cores nunca imaginadas;
iguais não há na Terra, mas quando as alcancei, haviam mudado em novas cores
mais belas; a nova cor cobria a beleza das primeiras. A esta altura o anjo me
disse:
— O Senhor revela sua imensa
sabedoria através destas lindas criações. Ele mescla o que era com o que há de
ser no que é. Ele trabalha sempre em três dimensões. Quem deseja tocar-lhe terá
que entrar em sua presença assim. Quem deseja sentar-se com ele para conversar
não poderá vir com sua sabedoria humana; somos sensatos para com os homens, mas
devemos ser loucos para com Deus. Somente homens de fé podem entender sua
linguagem. Ele nunca trata somente no presente, nunca perdoa por basear-se no
passado, mas na esperança do futuro. Quem anela entrar em sua presença,
intentando ao mesmo tempo simpatizar-se com os homens, não poderá agradar-lhe.
Sem fé é impossível
agradar-lhe! Fé é a normalidade de Deus, é Deus ao normal. Quando os servos de
Deus chegam a ser considerados anormais, Deus se agrada e coopera com eles,
porque trocaram seu nível de razão à normalidade de Deus.
Então compreendi porque o
salmista sempre o louvava pelas coisas que havia feito e pelas que ainda haviam
de fazer. Lembrei-me dos Salmos.
O céu é uma combinação de
cores, sons, vento, ações, obediência e música.
Tudo isto existe para o
louvor da sua glória. Para meu gozo, fomos entrando e subimos ao alto do monte
onde estava o Trono. Em meio a um caminho olhei com atenção as mansões de
marfim, uma excelsa mescla de glória, sabedoria, louvor e majestade; pelo que
imediatamente senti que faltava algo. Algumas coisas ainda estavam sendo
completadas. Poucos lugares necessitavam ser preparados.
— Em que pensas Ângelo?
— Penso nos dias em que a
cidade foi inaugurada. Os anjos não sentiam ausência de algo?
— Sim, no dia em que a cidade
foi inaugurada, esperamos o Cordeiro. Esperávamos que entrasse por aquelas
portas — observe que são móveis e se levantavam sobre as rodas. É algo
fenomenal, depois te direi como funciona. A princípio, elas se levantavam sobre
si mesmas. Por elas o Senhor dos Exércitos entrou. Nós o esperamos entrar com a
figura antiga de um anjo, mas ele entrou com um corpo humano imortalizado. Não
foi fácil entender tudo aquilo; no momento em que ele entrou, houve um grande
movimento na cidade; antes o Pai entrou e foram postos tronos; havia um espaço
à direita do trono do Ancião de dias, e uma voz foi ouvida na ocasião em que o
Cordeiro entrou:
— “Que todos os anjos O
adorem”.
Eu já havia lido algo
parecido... Sim, quando li na Bíblia a apresentação que João Batista fez,
quando disse:
— “Eis aí o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo”. Sim, nesse tempo Ele foi apresentado como
Cordeiro. Mas naquele dia foi manifestado como Leão Vitorioso.
— Quando ele foi apresentado
diante de todos os anjos, nós não sabíamos o que haveria de acontecer. Houve
uma mudança radical aqui. Agora havia dois no trono, dois dignos de glória.
Quem teria mais dignidade? Os dois eram iguais em poder? Tu não podes imaginar
a dimensão do que te compartilho, Ângelo! Nesta mesma hora em que ele foi
glorificado individualmente, o Espírito do Todo-Poderoso foi enviado à Terra
(Jo 7.37-39).
— Vocês não o chamam
Cordeiro?
— Sim, nós o reconhecemos
como Cordeiro. Mas porque em nossa dimensão tudo já está cumprido, por isso o
nome que prevalece para nós é ode “Leão da Tribo de Judá”. Como Cordeiro merece
ser imitado, mas como Leão, deve ser temido e exaltado. Como Cordeiro redime e
resgata como Leão, vinga e reina.
Saímos em direção ao trono, a
fim de chegar até a presença do Senhor, no centro da cidade. Percebi que todos
trabalhavam, porque algo estava para acontecer...
— O movimento aqui é porque a
cidade se aproxima da Terra a cada instante. Não leste na revelação dada a João
que a cidade descia do Céu? A cidade está descendo desde aquele tempo, até esse
momento, Ângelo. O grande dia para vocês será a Vinda de Jesus; para nós é o
momento do grande encontro, disse o anjo.
Entendi, fisicamente
pensando, que a entrada da cidade no Universo é um milagre inexplicável; haverá
um grande estrondo no momento em que a cidade entrar no universo físico, na
ocasião da chegada literal do Reino de Deus. Será o fim dos tempos e o tempo
não será mais (Ap 10.6).
Concluí que o anjo não sabia
algumas coisas. Tinha informação geral e exata das coisas, e muitas outras das
quais ele falava, mas eu não entendia muito bem e, ademais, tinha um interesse
incomparável por saber das coisas que eu já conhecia. Resolvemos unir nossos
conhecimentos a fim de compreender toda aquela sabedoria.
—Em ti se manifesta o
Espírito Santo, disse o Enviado. Os anjos não têm esse privilégio. Nós não
temos o Espírito Santo morando em nossos espíritos. Os anjos não têm corpo como
vocês. Somos espíritos ministradores, não almas viventes. Nossa natureza é
espiritual vivente e eterna. Muitas coisas que são reveladas a vocês, nós
somente sabemos através da Igreja (Ef 3.10; 1 Pe 1.12). Vocês são o Corpo de
Cristo!
— Aleluia! Exclamou Ângelo.
A visão realista do anjo era
maravilhosa; sempre que falava algo, dentro de mim me perguntava muitas coisas
e imediatamente concluía: Tudo é novo para mim.
— Então a vinda de Jesus do
ponto de vista da cidade, será apenas uma única manifestação? Perguntou Ângelo.
— Sim, confirmou o anjo. Três
anos e meio, antes que a cidade chegue à Terra, depois do rapto, vamos ter a
batalha da qual já tenho te falado...
— Sim, eu queria estar lá, em
meio à peleja.
— Não, tu não estarás nesta
peleja. Três anos e meio depois dela, chegará a hora de pelejares juntamente
com teus irmãos e o Rei dos reis, no Armagedom.
— A segunda vinda de Jesus
será uma única manifestação, não haverá duas. Ele não virá e voltará para
depois ir outra vez, me explicou Enviado. A cidade se
Aproxima da Terra a cada dia.
Isto está claro na Bíblia. A cidade desce e continuará descendo até chegar ao
lugar determinado por Deus, as regiões celestes. Ali ficará durante todo o
Reino Terreno de Cristo, desde o momento em que for completamente estabelecido,
até que os inimigos do Rei sejam completamente vencidos.
— Como a segunda vinda de
Jesus poderá ser apenas uma manifestação em sua forma geral, se haverá o
arrebatamento da Igreja? Perguntou, preocupado, Ângelo.
— Entenda Ângelo! Contestou
Enviado. A cidade esperará a noiva, porque seguirá descendo. O rapto da Igreja
será invisível para o mundo. Quando a cidade se encontrar a uma distância
equivalente ao tempo de sete anos de sua posição final sobre a Terra, será o
rapto. Nessa hora a Igreja se encontrará com seu esposo, o Cordeiro.
— Sim, é verdade. Confirmou Ângelo.
A segunda vinda de Jesus não se dará em duas partes. Embora do ponto de vista
terreno parecerá ser duas vezes, mas não o será. A cidade terá que parar por
instantes para receber a noiva. Quando a noiva for introduzida na cidade, a
cidade voltará a descer. Antes de chegar a seu
Lugar final, muitas coisas
vão passar na Terra. Do rapto à sua posição final, passará sete anos (em tempo
humano) na Terra. Três anos e meio antes da cidade chegar, Miguel deixará a
cidade com um grupo de anjos para limpar o caminho para a cidade e expulsar a
Satanás das Regiões Celestes. Nessa época, Satanás será lançado na terra e mar
(Ap 12.12).
Entendi também que depois
desta batalha, Satanás terá somente três anos e meio de atuação na Terra, e que
estará obrigado a viver o tempo dos homens. Concluí que o tempo era muito
inferior ao período de vida que os anjos viviam.
Eles se movem na eternidade e
nós nos movemos no tempo. O anjo queria falar em cálculos imagináveis para mim
baseando-se em equações de mil anos humanos para um dia divino. O anjo tentou
explicar-me como encontrar os segundos de tempo, equivalentes à eternidade de
sete anos humanos.
— O que é isto? Perguntou
Ângelo,
— Tu não sabes que um dia
para Deus é como mil anos vividos pelo homem?
Os cálculos dos anjos são
perfeitos, são segundo a medida deles. Eles foram criados varões perfeitos e
calculam mil anos por um dia e encontramos sete anos na eternidade, como
frações de segundos com muitos números depois da vírgula; eles vivem até os
milésimos. Ali está o mundo deles, os milésimos, menos que isto. Marcam visitas
em milésimos... milionésimos.., isto é normal para eles. Por isto, o tempo que
a cidade necessitará para chegar à Terra depois do rapto, será de apenas uns
segundos. A Igreja será introduzida na cidade e continuará descendo, e a
segunda vinda será apenas uma manifestação. A Igreja será arrebatada como se
tivesse que entrar em um comboio que se movesse mais rápido que a velocidade da
luz, em um só sentido; assim, todas as coisas que passarem no mundo serão equivalentes
ao mesmo tempo em que a Igreja gozar do conforto da viagem dentro da cidade.
Quando a cidade chegar, será apenas uma bola de fogo e todos seus ministros
serão labaredas de fogo, e quando a cidade estiver entrando na galáxia haverá
uma mudança astronômica. A Bíblia a descreve como: Estrelas explodindo, o sol
se escurecerá e os elementos se fundirão. A Terra sentirá o impacto do entrar
da cidade.
Isto, fisicamente, é explicável. Estamos na
era da cidade espacial. A cidade é imaginada sobre a Terra. Haverá mudanças de
estrutura do universo quando a cidade chegar. A Terra dá voltas em torno dela
mesma e em tomo do sol. Este é o tempo dos homens. Mas o tempo mudará com a
chegada da cidade.
— As pessoas da terra dão
muitas voltas em um ano. Este é o tempo em que as pessoas vivem, explicou
Ângelo. Com esta revelação da Nova Jerusalém descendo sobre a Terra enquanto
esta estará dando voltas ao redor daquela, entendo que o tempo é circular e a
cidade se aproxima retilineamente em direção à Terra.
— Disseste bem, Ângelo. Isto
significa que se alguém da Terra se dirigir à cidade à velocidade da luz,
hipoteticamente a alcançaria em dois anos. Dois anos para chegar e dois anos
para voltar, seriam quatro anos-luz. Esta pessoa, ao voltar à Terra,
encontraria uma nova geração vivendo no Planeta, porque todos os homens de sua
geração, haveriam passado. Assim é o tempo; mas nós, os anjos, não nos
transportamos assim. Nossa manifestação é infinitamente superior a estes
cálculos. Nós podemos voar à cidade, ao Trono ou à Terra ou nos transportar em
poucos instantes. O único que nos impede chegar de repente na Terra, são os
principados e potestades, com os quais lutamos dias inteiros até que consigamos
passar e entrar.
— A eternidade realmente se
aproxima... imaginou Ângelo.
Quando a cidade chegar, o tempo acabará (Ap
10.6). Este foi o juramento do anjo. O sol escurecerá e a lua não dará sua luz.
Haverá mudanças no Universo e a cidade será o sol e a luz. O anjo forte, o que
vive pelos séculos dos séculos, tem feito o juramento que assim será o tempo
chegará a seu fim quando a cidade chegar a seu lugar.
DO VALE À RUA DA
CIDADE CELESTIAL
A cidade estava no alto monte
e antes ela não existia; foi criada por Deus, o Altíssimo. Um dos anjos que
assistem diante de Deus, entre os quais está Gabriel, recebeu ordem do Cordeiro
para que mostrasse a cidade por dentro e por fora.
— Eu sou Eliel, disse o anjo.
Nós, os sete anjos que assistimos diante de Deus, conhecemos o futuro
profético. Tenho ordem para mostrar-lhe a Grande Cidade do Deus vivente.
Saímos pela praia do Rio da Vida. O rio sai de
dois braços que se tornam em um, e nasce no trono de Deus e do Cordeiro.
— Estas águas são o Espírito
Santo, são vida. Delas vive a árvore da vida. Cada fruto da árvore contém vida
como as águas. A árvore da vida subsiste destas águas. As águas saltam e fazem
maravilhas. O arco-íris que está em derredor do trono se reflete nas águas,
disse o anjo.
— Depois que as águas saem do
trono do Cordeiro e do Ancião de dias, para onde vão?
— Descem ao vale; o regam e
regressam como nuvens.
Percebi que a fonte de Gion não estava por
acaso ao oriente de Jerusalém. Descemos para o vale. Eu, Enviado e Eliel
estávamos juntos. Agora nós estávamos apenas andando. Parecia um lugar comum da
Terra, limpo e bem preparado. Havia lagos, árvores e muitas coisas. Saímos ao
vale.
— Mais tarde o Senhor
Todo-Poderoso vem visitar o jardim. Ele passeia por aqui. Muitas vezes conversa
sobre realizações dos planos e sobre o mover de suas mãos no futuro e no
presente dos homens.
— Como pode ser onipresente e
onisciente se está tão ocupado?
— Sim, ele está sempre
ocupado. Ele se move no presente e no futuro como se ambos os tempos fossem um
só. Ele é eterno. O passado, presente e futuro lhes são visíveis como diante
dos mesmos olhos, replicou Enviado.
— Observe os anjos, são
milhares! Advertiu Eliel. Todos de branco em meio das diferentes cores do
jardim. No jardim, a primavera e o verão são a mesma estação; houve o outono
somente uma vez, quando Lúcifer foi expulso do céu; todos os ramos das árvores
caíram e todas as árvores foram renovadas e aqui não existe o inverno. Saía um
vapor a partir da base do vale e regava a vegetação vigorosa desde o alto até
abaixo. Aqui o Senhor se reúne com os anjos que vêm da Terra e do Universo. Algumas
vezes o Acusador vem no meio deles para acusar os irmãos quando Deus assim o
permite e quer mudar as desgraças em glória.
— Isto eu não posso entender
claramente, disse Ângelo.
— Os santos necessitam saber
que Satanás está vencido pela obra do Cordeiro na cruz e sua vitória já é
conhecida pela ressurreição. O diabo é apenas um escravo que recebe permissão
para realizar qualquer coisa na Terra. Ele vem aqui humilhado e com as mãos
estendidas a pedir permissão para cirandear ou atormentar a um dos servos de
Deus. Porque ele não trabalha livremente, nem de todas as coisas tem livre
realização. Quando ele atua contra os santos usando desgraças, dependendo da
sua fé, nós as transformamos em glória; está constantemente enganado; sai daqui
rindo-se, mas volta envergonhado e arruinado. Muitas vezes recebe ordem aqui
mesmo para prevalecer e vencer, mas é por pouco tempo, até que o plano de Deus
seja cumprido e o limite da ira de Deus chegue a sua plenitude; nessa hora ele
será envergonhado na vitória de Deus. A vida de Satanás é alegrar-se
temporariamente como se fossem momentos eternos de glória.
— Ah! Por isso foi que Paulo
disse que as momentâneas tribulações nos reservam eternos momentos de glória,
exclamou Ângelo.
— Exatamente, redargüiu
Eliel. Uns sofrem por seus pecados, outros por causa da justiça.
— Este lugar é desconhecido
na Terra, disse Ângelo.
— Sim, muitos estudiosos se
esquecem do Éden original de Deus.
Aqui estão os animais de
estimação de Deus; cavalos brancos e de cores, águias, leões, cordeiros. Aqui
foi imolado o Cordeiro que representava o sacrifício de Cristo que havia de ser
encarnado antes que o mundo fosse criado; no passado, nós não entendíamos
claramente o porquê deste feito divino, mas agora o entendemos.
Continuamos e passamos pelo meio
do vale do Éden de Deus. Vi os grandes cedros de frondosos ramos, altos,
castanheiros... Toda classe de aves e animais do campo viviam em perfeita
harmonia no Éden (Ez 31.1-9).
— Assim também será o reino
milenar de Cristo na Terra, disse o anjo.
— Aleluia, o Senhor já reina!
Cantavam os anjos.
— Venha teu reino, Senhor!
Clamou Ângelo.
— Não, Ângelo, aqui é o
reino! Explicou Enviado.
— Oh sim, reino de Deus,
manifesta-te na Terra!
— Assim deve ser a oração da
Igreja; que o reino seja manifestado sobre a Terra, como aqui no céu, disse
Enviado.
No Jardim do Éden primitivo
do Monte Sião, cada árvore parecia ter vida, batiam palmas e louvavam a Deus.
Cada árvore representa um anjo, assim como cada pedra da cidade equivale a um
santo, Vi em muitos lugares que faltavam árvores...
— Aí falta o grande cedro,
que era Lúcifer (Ez 31.3-7); e ali faltam os outros que se rebelaram contra o
Altíssimo (Ez3 1.12); porque foram cortados do Éden; assim estão, para exemplo
dos anjos. Este acontecimento nunca será esquecido, jamais (Ez 31.14)! Explicou
Eliel.
Voltamos pelas cachoeiras que
haviam no alto do monte e chegamos ao alto dos fundamentos da cidade. Foi uma
experiência maravilhosa; aproveitei para perguntar sobre os dinossauros...
— Os dinossauros existiram?
— Claro que sim, Ângelo. Os
dinossauros foram animais delicadíssimos e não eram maus. Em seus dias, desde o
princípio da criação, nos tempos de Adão, Caim, Enoque e Noé havia muitos deles
conforme suas espécies. Com a introdução do pecado e da maldição sobre a humanidade
e a Terra, a natureza foi perdendo a bênção de Deus e a maldição foi
obrigando-os a negarem-se a si mesmos. A natureza começou a gemer. Muitas
espécies morreram. Com o dilúvio, Noé pôs apenas um par deles na arca, e de
outras espécies, sete pares; depois do dilúvio, ao sair da arca foram extintos
porque não havia climatação para eles na Terra. Hoje, na Terra, não há um terço
dos animais originais. Somente os animais marinhos continuam em sua maioria
desde a criação, mas os animais da superfície já não são muitos; alguns anjos
cuidam da natureza e se voltam para prover alimentos para os animais da terra e
mar...
Nesse momento passou por nós
rapidamente, como um fogo cortando o caminho, um grupo de anjos em carros a
cavalo.
Os anjos nos deram duas saudações.
Que bonitos cavalos de cores e pareciam ter asas como pássaros! Eram lindos.
Nesse momento eu perguntei ao anjo:
— Quem são estes?
— São as patrulhas do
Universo. Acabam de chegar para a reunião. São os carros policiais de Deus;
eles têm muito que fazer nas reuniões celestiais (Zc 6.1-8). Se a Igreja
tivesse consciência, usaria sua experiência para atuar e resistir.
Logo chegaram outras três
legiões de anjos. Cada legião vinha de sua missão. Tinham autoridade em seus
rostos, eram como generais. Havia, no meio deles anjos fortes, grandes e altos;
sua voz era como estrondo de muitas águas. Eles são altos e fortes.
— Quem são eles? Perguntou
Ângelo.
— São os arcanjos. Foram a
lutar contra os principados das cidades onde os anjos que levaram as respostas
de oração não podiam passar. Então eles receberam ordens para ajudar-lhes afim
de que a oração dos santos destinatários fosse completamente respondida. Estes
anjos não têm respeito por nada senão por Deus e pelos santos que têm uma vida
de oração — são amigos deles. Constantemente recebem ordem para ir lutar a
favor do povo de Deus (Dn 10.1- 21). Aqueles anjos sobre carros de fogo pararam
no monte. Vinha do Oriente da Terra. Eram cavalos alazões (Zc 1.8). Os carros
resplandeciam de longe, como tochas de fogo. Os anjos que os montavam eram
fortes e altos. Haviam chegado de uma batalha no Eufrates. Foram a deter os
ventos soprados pelos principados de ira. Por aquelas bandas se estabelecia um
trono dos mais antigos servos de Apolion. Haviam lutado com príncipes de
máfias. Em todas as mercadorias e preciosos produtos da terra, há um principado
que inspira uma máfia. Seus líderes são todos endemoninhados e possuem um pacto
com Satanás para obter sucesso. A economia do mundo está controlada por eles.
— A batalha foi tremenda,
disse Miguel, o arcanjo de Israel. O Todo-Poderoso nos avisou que agora, nos
últimos dias, o inimigo se levantará a fim de desestabilizar os governos e
dividir as nações porque é tempo do barro e ferro, a justiça será comprada com
as drogas, a pureza se vestirá de luxúria; a masculinidade e a feminilidade
serão burladas pelo homossexualismo, a educação será guardada nos livros e nos
computadores até que a mente da humanidade fique vazia da verdade e seja cheia
pela vaidade propiciando a possessão maligna.
— O que significa isto,
Miguel?
— Barro e ferro? Significa
democracia, governo forte e frágil. Forte e frágil ao mesmo tempo. As nações do
mundo inteiro, as instituições e as igrejas optarão por este tipo de governo a
fim de preparar o caminho do anticristo. O fim já vem.
— O mar está bravo, a terra
geme, os poderes serão abalados; o tempo de paz e segurança está sendo
discutido, o vento sopra pela Europa e as águias se preparam no acidente. Os
demônios do Eufrates estão inquietos. Temos que nos preparar, pois a luta
começará de repente e teremos que enfrentar terríveis demônios (Ap 9.6-11).
Agora mesmo fomos enviados para controlar a camada de ozônio de sobre a Terra.
Sim, se nós não tivéssemos ido, uma grande catástrofe avançaria sobre os cinco continentes.
Mas algumas pessoas oraram e por isso fomos. Apenas está controlada.
— E agora, para onde vocês
vão?
— Estamos chegando para nos
apresentar diante do Todo-Poderoso, por isso creio que já voltaremos, pois há
rumores de guerra e paz no Oriente e Europa. Temos que voltar para proteger os
santos e velar por Jerusalém. Vimos quando espíritos malignos saíram para
possuir os líderes árabes contra Israel. Já se levantará o anticristo; uma
equipe em todo o mundo está se reunindo secretamente com altos poderes de vinte
nações para formar um grupo internacional a fim de controlar todas as
transações internacionais. Não podemos impedir isto, porque tudo está passando
com a permissão de Deus.
— Agora, acabamos de passar
pela Rússia, libertamos os filhos de Israel e rompemos as cadeias, mas eles não
deram glória a Deus; todavia, não reconheceram o Cordeiro e tampouco deixaram
de confiar em suas riquezas; estão voltando a sua terra, mas não se voltaram a
Deus! Exclamou um dos assistentes do Arcanjo.
— Nós não lutamos, às vezes,
porque necessitamos de cobertura. Os demônios, lá nas regiões celestes, abaixo,
sabem que não podemos fazer nada se não tivermos cobertura de oração, explicou
um dos anjos.
O Monte Sião é um lugar de
reunião, Deus vem e ministra a sua estratégia.
Algumas vezes os anjos chegam
feridos e não podem passar.
— Vi como alguns deles
chegaram tristes!
— O que houve? Perguntou
Ângelo.
— Não podemos passar nas
regiões celestes.
— Nós te avisamos, falavam
alguns dos anjos que estavam ali. Perderam terreno e as potestades avançaram.
Não nos cobriram e não pudemos vencê-los.
— Por quê? Perguntou Ângelo.
— Tínhamos em nossas mãos uma
autorização para facilitar a salvação de um senhor, pai de família grego,
negociante de NovaYork; sua mulher foi a uma igreja há 44 dias e o povo orou
por ela, a oração foi derramada como incenso no altar de ouro, e foi
respondida; então, saí segundos depois, e ao chegar à zona de escuridão, me
detiveram, estávamos sós e clamamos por ajuda a vocês, os arcanjos... nisso,
veio um dos conservos e me disse que voltasse porque a senhora havia desistido
de orar e não havia perseverado na oração. Ela deixou de orar aos 33 dias, a
bênção estava separada dela apenas por alguns minutos; ela deixou de orar e a
igreja não se lembrou mais de orar sobre o assunto.
— Que pena, que pena...
— O que vocês pensam fazer,
agora?
— Voltar às dependências de
encomendas não completadas por falta de cobertura de oração dos destinatários.
Voltei meu rosto e vi na
saída do vale, as dependências enormes do departamento de entregas imediatas
não completadas.
— Vocês sempre voltam aqui
com as bênçãos?
— Não, não sempre, Ângelo.
Nós nos arriscamos muitas vezes, clamamos por ajuda, mas os arcanjos não vêm...
— Nós não vamos se sabemos
que os servos do Altíssimo, os destinatários, não perseveram em oração. Não,
nós não vamos. Nós entendemos as dificuldades deles, por isso é necessário que
haja cobertura de oração; por isso, muitas vezes as palavras dos servos de Deus
caem por terra, porque não podemos garanti-las, justamente por causa da
perseverança em oração. A oração não é somente uma petição, a oração é uma
batalha. Primeiro um estabelece a comunhão pelo incenso da oração, depois tem
que continuar orando até que alcance a liberação. Quando uma pessoa percebe que
já tem sido dada a liberação, pode começar a dar graças porque nós, os anjos,
conseguimos passar e a vitória haverá chegado.
— Vamos! Convidaram-me os
anjos.
— Veja as árvores! Olhe lá...
no Monte Sião, no alto.
Olhei para o alto e vi a cidade preparada e
resplandecente, como o sol em seu crepúsculo. Vi também as correntes de água
viva que desciam pelo monte como azeite fresco. O resplendor da cidade saía
através das pérolas amarelas claras; cores distintas se viam através do muro de
pedras preciosas. Sobre o muro havia nuvens flutuantes que embelezavam o monte.
Havia por isso um resplendor de cores que nunca tinha visto antes. Do monte ao
vale, havia uma escada semelhante àquela que Jacó viu em seus sonhos, por onde
os anjos também subiam e desciam ao vale. O clima era diferente ao da cidade.
As águas desciam pelo monte regando todo o vale até as escadas. Voltavam a
subir através das nuvens que regavam o jardim da praça da cidade. O arco-íris
estava intimamente relacionado às águas.
— Veja os anjos, observou
Ângelo.
— São grupos de músicos.
Estão aperfeiçoando e transformando notas das músicas que o Espírito Santo dá a
seus servos na terra. Estes anjos vêm, entram e voltam a cantar em partes
distintas da Terra em milhares de idiomas diferentes. Manifestam-se através de
visões e sonhos aos santos. Estes anjos cantaram alguns dias atrás com os
pastores do campo, quando o Verbo se fez carne...
— Tu já sabes que a cidade
foi construída depois da rebelião. Nos dias dos patriarcas foi vista por
Abraão. Todos os santos que morriam não vinham a este lugar.
— Sim, interrompeu Ângelo,
porque a cidade não havia sido construída e todos que morriam iam esperá-la no
Hades.
— A cidade, disse Eliel, não
foi construída da noite para o dia. O material da cidade não é terreno. O
material é ouro, pedras preciosas e pérolas. Não há prata. No lugar da prata
está o sangue do Cordeiro.
— A cidade é de ouro
transparente (Ap 21.21). A rua é única e em espiral. Os que desejarem andar
nela necessitam saber que tudo aqui é transparente como a
rua. Não há corrupção ou
trevas. Tudo é transparente e não há engano. A transparência da rua é para
facilitar a passagem da luz à outra espiral abaixo. A transparência é a
personificação da santidade de Deus na cidade. Todos os que andarem na rua não
pode atrapalhar a luz que atravessa abaixo. Nenhuma artificialidade ou imitação
andará na cidade. Nada de imundície se verá na cidade, jamais, tudo será sempre
transparente como o cristal. Quem não for o que disse ser, não pode entrar na
cidade.
— Por que a cidade é
quadrada? Perguntou Ângelo.
— Porque é o modelo celestial
original. Assim foram constituídos todos os lugares Santíssimos equivalentes,
tanto por Moisés, como por Davi, Zorobabel e Ezequiel. Todo lugar Santíssimo é
quadrado Ângelo, porque o lugar Santíssimo também é original. Isto significa
que no caráter de Deus não há variação, é imutável. A cidade é um templo. O
santo que viver na cidade não terá que ir a nenhum templo, porque habitará na
cidade, morará na comunhão do templo.
— Por quê? Perguntou Enviado.
— A glória de Deus está na
luz, contestou Ângelo.
— Somente há uma pessoa que
pode manifestar esta glória: Cristo. Porque para manifestar esta glória, Deus
necessita de uma lâmpada. Toda a glória de Deus somente pode ser vista e
manifestada através de Cristo, através da luz da lâmpada que é o Cordeiro. A
lâmpada está no lugar onde toda a glória se converte em luz e passa a ser
conhecida. Isto é o que o Filho do homem quis dizer a seus discípulos e a
Moisés na transfiguração; esta é a lâmpada e sem ela não pode haver luz,
concluía Enviado.
— Então quer dizer,
interrompeu outra vez Ângelo, que Moisés não poderia ver a glória de Deus sem
Cristo?
— Sim. Isto quer dizer “O
Cordeiro é a lâmpada” (Ap 21). Nem aqui no céu, nem na Terra, nada poderá conhecer
e ver o Pai senão através do corpo do Filho.
O MURO
O muro da cidade fala de
separação, que levará anos para ser construído; fala da peleja de Deus que
dependia das obras justas de seus servos para sua edificação. A matéria do muro
é fruto da vida paciente de cada justo encontrado por Deus. O muro foi
edificado de cima a baixo, envolvendo um tempo desde os patriarcas até os
apóstolos. Como a salvação veio dos judeus, suas portas têm os nomes das tribos
de Israel.
A lei, a redenção e a
salvação em sua tipologia foram dadas através de Israel, por isso que as portas
estão nomeadas com a identificação de cada tribo de Israel; mas o fenomenal de
tudo é que todas as doze portas estão sobre os fundamentos da graça.
— Os muros têm a medida de
144 mil côvados, explicou o anjo.
— É esta medida? Não deve ser
igual à medida terrena.
— Não, Ângelo! Esta é a
medida de nossa estatura. Nossa medida é de varão perfeito; por isso é
diferente. Quando alguém alcança a estatura de varão perfeito, a medida do anjo
(Ef 4; Ap 2.17), sua medida poderá ser igual à nossa. Somente pela fé um homem
pode chegar a essa medida.
O anjo me entregou uma cana
de medir. Com ela se mediam todas as coisas que se relacionavam às profecias
não cumpridas no tempo dos homens.
— Esta cana significa a
medida de varão perfeito. É a medida do Cordeiro. Chegará o dia em que a medida
de um homem será igual à medida do Cordeiro, de varão perfeito. Esta medida é
muito especial.
O anjo que falava comigo não
sabia como fazer a equivalência exata para que eu pudesse entender claramente
sobre o sistema de equivalência das canas (Ap.
21.17).
Queria entender melhor porque
os muros da cidade tinham doze portas. As portas eram circulares. Eram pérolas
puras. Entrar pelas portas era um privilégio muito grande. Haviam regras que
estavam estabelecidas para entrar e sair por elas.
— As portas parecem muito
misteriosas!
— Sim, Ângelo. Os muros e as
doze portas parecem um mistério. Ponha atenção aqui; são sempre 12,12 portas,
12 fundamentos, 12 pérolas... 12 tribos. O muro tem a medida de 144 mil
côvados, que é o resultado de 12 vezes 12. Este também é o número da
eternidade. Na eternidade o sete será um número obsoleto que estava ligado à
obra da redenção, salvação e criação. Sete é o número da unidade de Deus ao homem
através de sua revelação, criação e encarnação. Três é o número de Deus em sua
manifestação pessoal. Quatro é o número da Terra, do kosmos. Cada pérola
representa um círculo completo: 12 mais 12 igual à 24,24 equivale ao tempo
completo, consumado; significa plenitude,cumprimento e consumação, rodas dentro
de rodas, 12 dentro de 12, como os 24 anciãos.
O material dos muros é semelhante à
manifestação de Deus. Os muros resplandecem à mesma imagem de Deus, do Filho.
Através do Filho a glória é manifestada.
— Os muros parece o fulgor de
Deus, o Pai (Ap. 21; 18; Ez. 1). Nisto consiste a vida de santificação, meu
amigo Ângelo. É a separação; não é pela força daquele que se santifica, mas
pela glória que o santificado revela desde o seu interior, que é igual à glória
de seu Senhor. Alguns querem ser santos pela implantação de modismos e culturas
justamente pela falta de autoridade em suas vidas. Mas a verdadeira
santificação é como o muro que revela a mesma característica da glória de Deus
em nós. É verdadeiramente um muro, mas um muro transparente. Não é uma
transparência para a vaidade, e sim para ensinar o que temos dentro, para
revelar a glória de Deus que guardamos dentro de nosso ser. As pessoas vão
sentir que pertencem a um “Reino Superior”, que andamos com Ele, não se poderá
negar; nossa vida será de jaspe.
O interior da cidade é de
ouro puro; não há mistura. A cidade é a própria noiva (Ap. 21.12). Tudo na
cidade é equivalente: cada porta, cada coluna, cada fundamento, equivale aos
santos. A cidade é literal, existe. Mas cada peça, cada pequena parte da cidade
é representativa, por dentro é de ouro puro.
— A cidade revela a fineza
dos santos por dentro, é tudo igual ao que o Todo-Poderoso dizia: que a obra do
Filho do Homem se estabelece dentro de sua igreja através do Espírito Santo,
que seus filhos serão aperfeiçoados até chegar ao grau de 1000. Ouro puro,
claro e transparente. Nada que subsista do homem deve permanecer, nem carne nem
sangue, disse o varão.
O anjo fez uma pausa.
Manifestou seu gozo e continuou:
— Olhe sua roupa, é de linho
puro, fala da justiça dos santos. Mas a justiça não pertence aos santos,
pertence a Ele — apontou ao Cordeiro. O ouro não é a justiça, nem o linho; é a
característica divina, é Deus estabelecido em nosso interior, puro e transparente.
O ouro é um elemento só, não necessita de nenhuma mistura para ser ouro, é obra
direta de Deus, é a materialização de sua glória na cidade. Quando estamos
dentro do caráter de Deus, pouca luz é o mesmo que muita luz; é o que Deus está
fazendo dentro dos homens, derramando sua luz.
— Que significam as pedras
preciosas? Assombrado perguntou Ângelo.
— As pedras, as pedras...
silenciou o varão. As pedras são vistas por fora. À
Jerusalém terrena do milênio
será igualmente maravilhosa, terá pedras preciosas em seus muros. O ouro fala
da divindade, o linho fala da justiça dos santos e as pedras falam da
experiência dos santos. São resultado de anos e anos de permanência no fogo,
pressão e paciência; é a união perfeita de vários elementos da natureza à base
de fogo. É como Deus; une elementos de várias características, a fogo. É obra
da disciplina do Espírito. A igreja, por sua vez é formada por pedras vivas;
são pedras preciosas formadas de diferentes elementos que cooperam. A cidade
vai sendo formada e temos que esperar o material trabalhado na terra; e na
medida em que as pedras vivas são trabalhadas e consideradas lisas, são
trazidas. O construtor as prepara na Terra e o arquiteto ordena que os
trabalhadores as ponham em seu devido lugar (1 Rs 6; 7). Aqui tudo é realidade,
e lá (apontou para a Terra), é o tipo. Aqui realidade e lá figura. Não vês como
é o rio?
— Sim, compreendo, aqui estão
figuras e realidades, como lá.
— Um dia as figuras daqui
serão realidades e tudo será completo. Assim o Espírito Santo, antes, estava
aqui em pessoa, e se movia no meio das rodas do trono e lá— apontou para aterra
— em tipo e porção. Não vê o candelabro no trono? São dois profetas que ainda
não são reais, mas o serão brevemente. Aquelas colunas— apontou ao tempo que será
estabelecido na Jerusalém terrena – são provisórias, são figuras.
— Por quê?
— Porque as colunas
originalmente foram projetadas para serem equivalentes aos seres vivos. Estas
que vês aqui são provisórias e móveis (Hb 9); essas colunas ainda não haviam chegado
mas vão chegar. São vencedores! Quem sabe se você é uma delas, Ângelo?
— Pedras, ouro, linho,
colunas, rios, equivalência, eternidade.., estou assombrado. E pensar que os 24
anciãos representam a música celestial e os louvores oferecidos na Terra pelos
santos e que o incenso do altar são as orações dos santos e que o céu é
dependente do incenso...! Ah! Descobri como mover o céu! Aleluia!
Algumas pessoas haviam
recebido agora as promessas de seu tempo; outras têm que esperar até que os
elementos se estabeleçam e as pedras sejam reais. O dia a dia do cristão vai
tornando-se precioso, diversificado por causa das
Variedades.
— O muro está cheio de
diversidades de pedras: rubis, ônix, safira, jaspe, ágata.
Elas não foram feitas em um
dia, disse o anjo. Quando Deus criou o muro, criou as pedras preciosas. Elas
foram sendo tratadas dia a dia; o provisório deveria ir sendo tirado e o eterno
estabelecido. As pedras preciosas foram formadas com as reações dos elementos,
são resultados da fundição de fogo sobre fogo. Assim, estes muros foram sendo
feitos pouco a pouco. Os muros falam da paciência de
Deus para conosco, da
esperança de vocês com Ele. É fruto da obra do Espírito.
A natureza de Deus que
receberam é trabalhada particularmente através do
Espírito Santo e toda a obra
termina manifestada aqui nos muros, como um edifício material que equivale às
mesmas pessoas que viveram dentro dele. Isto é maravilhoso! Os muros são
equivalentes a vocês, Ângelo. Permitam que a atividade do fogo do Espírito
Santo continue criando em vocês o que o arquiteto pensou. Ser uma pedra
preciosa na cidade do Deus Vivo é melhor que ser uma pedra de tropeço na Terra.
Provas, tratamentos, sofrimentos, circunstâncias, ágata, safira, coralina, ônix
(saiu apontando uma a uma com os dedos). Ângelo,
Ângelo, a carne somente é boa
quando está no fogo.
As verdades ditas pelo varão
angelical me deixaram completamente mudo. Quantas vezes busquei alívio, fugir
da disciplina, queria permanecer para sempre no oásis de minha vida, queria
esquecer-me de meus desertos, queria que as pessoas sentissem pena por causa de
meus sofrimentos, queria que me trouxessem manjar, quando Deus havia ordenado
ao corvo que me trouxesse pão e água. Madeira e feno, como fogo, são apenas
cinzas; oh, Deus! O que são as madeiras de minhas obras sociais comparadas com
ouro de tua natureza?
— Obrigado, obrigado, Senhor
por tua disciplina, por teu amor. Transforma-me, Senhor! Ângelo, prostrado,
clamava.
— Levanta-te Ângelo! Vamos,
há muito que mostrar-te, me disse tocando em meus ombros.
Regressamos à cidade das
portas de pérolas.
— Elas não são formadas pelo
fogo, são resultados de morte. Representam uma parte do corpo de Cristo, as
portas de pérolas. Esta é a história das pérolas: é o resultado sucessivo de
uma luta, como a que ocorre ao marisco; o marisco vivia sua vida normal até que
ingeriu por uma de suas vias um pequeno grão de areia, e através deste
incidente, vai se formando pouco a pouco a pérola; mas é necessário que passem
muitos anos para que seja formada. Que beleza! Mas o animal necessita morrer! A
vida da igreja está nas portas da cidade e através dela muitos entram no céu
mediante uma vida de sacrifício, muitos são salvos e por meio do sacrifício
destas mesmas pessoas, outros encontram o carninho que traz à porta. Ele —
apontou ao Cordeiro — entregou tudo o que tinha ao Pai para comprar a pérola.
As portas são as mais caras da cidade, representam o preço de tudo o que tinha
nosso Senhor — ele deu tudo o que tinha pelas portas. Veja! Três para o Norte,
três para o Sul, três para o Leste e três para o Oeste.Acidade fica no centro
de todo o Reino, assim como deve estar nosso Senhor, no centro de nossas vidas.
Ele está no centro da tua vida, Ângelo?
OS CASTIÇAIS
Cada vez que nos
aproximávamos do Trono, mais quebrantado eu ficava.
— Como se sente? Perguntou o
anjo.
— Sinto-me como se estivesse
acordado pela manhã e logo a seguir, olhasse o sol. Sinto-me transparente.
— Vejo movimentos de anjos no
Trono, anjos e serafins, ministração diária perante o Trono. Vamos, vou te mostrar
a sala do Arquiteto.
Mais perto do Trono, vi anjos
com varas de medir, vasos, taças de ouro, instrumentos musicais, que se moviam
em todas as direções. Tudo aquilo era esplêndido; todas as coisas eram feitas
ordenadamente como nunca havia sequer imaginado.
Quando voltamos pela rua em
espiral que nos conduzia ao Trono, observei as figuras dos templos passados e
me aproximei mais do templo de Ezequiel. Foi como se ele tivesse sido ampliado
diante de mim e o anjo não me disse nada. Interiormente havia uma voz tão clara
que me explicava acerca de tudo por onde eu ia passando...
— Aqui é a sala do Arquiteto,
o Todo—Poderoso. Estes são os modelos mostrados aos profetas. Este templo é
medido constantemente; anjos entram e saem daqui; vi algumas pessoas diferentes
entre eles.
— Quem são eles?
— São os profetas. Eles vêm
para medir o edifício. Sempre clamam a Deus para que rapidamente se cumpra as
palavras do Grande Livro. Eles tiveram grande autoridade no seu tempo, mas não
ousam dizer uma só palavra, porque estão esperando completar-se a grande
construção do edifício...
— Que edifício?
— Mais tarde te mostrarei.
Lembrei-me de um episódio
diferente que eu li no Grande Livro da Revelação (Ap 11.1,2 — quando João
Evangelista recebeu ordem para medir o templo).
— Em que estás pensando,
Ângelo? Perguntou-lhe o anjo.
— Por que o templo não possui
átrio?
— Sim, ele possui átrio, mas
não podes vê-lo aqui, porque é equivalente À Jerusalém Terrena. Ela é o átrio
desse templo. Veja-o daqui...
Em um pequeno instante, vi a cidade
de Jerusalém destruída e milhares de milhares de soldados cercando a cidade
para destruí-la... mas logo me foi cortada a visão.
— Este é o átrio. A cidade de
Jerusalém, onde Cristo foi crucificado. Ela ainda verá profanação durante os
Sinais da Grande Tribulação, na Batalha do Armagedom (Ap 11.2). Até aquele dia,
a cidade deverá ter chegado ao lugar pré-determinado pelo Todo-Poderoso.
Virei-me para a direção do
Trono e vi algo que impressionava.
— Que vês? Disse o anjo.
— Estou vendo duas oliveiras
e dois castiçais.
— Veja bem e observe ao redor
do Trono que há sete castiçais, disse o anjo.
— Sete estão perto do Trono,
e o Cordeiro se move no meio deles. Todo dia ele os visita, observa suas
lâmpadas e cuida delas pessoalmente. Estes sete castiçais representam a Igreja
em seus aspectos históricos e atuais. O Cordeiro cuida deles diariamente...
— E os outros dois castiçais
rodeados por duas oliveiras? Indagou Ângelo.
— Estes não representam a
Igreja, mas os profetas de Israel. Por detrás dos castiçais, há um depósito de
azeite. Não falta azeite ali. Representa a unção desenvolvida pelos profetas
para uso especial do cumprimento da profecia. As duas árvores de oliva que
estão ao redor dos castiçais representam dois profetas e o tempo de seu
ministério, são como árvores ungidas diante de Deus. Essas duas oliveiras são
homens que perecerão quando for cortado o azeite e não serão selados entre os
144. 000 para que possam morrer durante a Grande Tribulação. Eles representam o
povo de Abraão. Um deles é da tribo de Dã, e o outro da tribo de Efraim. Eles
representam suas tribos e as salvarão.
— Por que você diz que eles
não serão selados? Perguntou Ângelo.
— Porque os selados não
morrem. As outras oliveiras foram seladas, mas essas terão uma unção constante
em sua época. O Espírito Santo se moverá de forma diferente da que se move hoje
no meio da Igreja. Por isso, eles precisam dos canudos que os ligam ao
castiçal. Você está vendo os canudos? Eles serão as duas testemunhas de Deus
que nos dias finais, na Grande Tribulação, irão enfrentar o Anticristo que se
levantará na Terra; eles irão enfrentar os exércitos somente pelo Espírito
Santo (Zc 4.6). Eles vertem a unção de Deus (Zc 4.12). Eles são como oliveiras
porque ainda não foram manifestados na Terra, mas já estão incluídos nos
propósitos de Deus. Sua missão será de reviver a vida, morte, ressurreição e
ascensão do Cordeiro, para que a nação de Israel chegue ao arrependimento por
ter matado o Filho de Deus, o Cordeiro. Eles não serão selados, porque serão
crucificados como o Cordeiro; serão ressuscitados como o Cordeiro; subirão ao
céu como o Cordeiro. Quando isso acontecer, a nação toda desejará conhecer o
Cordeiro a quem eles crucificaram, procurarão saber sobre suas mãos marcadas,
as quais eles mesmos feriram. Nesse momento eles o prantearão como a um
Unigênito e Primogênito (Zc 12.10). Nesta época, o Espírito Santo estará
novamente no céu, como no começo, e serão enviados a Israel, como o foi à
Igreja (Zc 12.3; At 2). Eles experimentarão o seu próprio Pentecostes.
— Essas duas árvores de
oliveira farão toda a obra?
— Sim, eles viverão o Cristo
crucificado à nação de Israel novamente.
— Moisés não entrou na Terra
da Promessa, porque feriu a rocha duas vezes, explicou Ângelo. Na primeira vez
ele a feriu uma vez. Na segunda, ele a feriu duas vezes.
— Aí está! Na segunda vez ele
crucificou o Cordeiro novamente. Aqui ele profetizou a incredulidade de Israel
em relação ao sacrifício de Cristo, prevendo a morte das duas testemunhas para
que houvesse o arrependimento de Israel.
— Davi também falou das duas
oliveiras.
— Mostre-nos, falaram os
anjos.
— Sim, Davi profetizou sobre
as oliveiras quando salmodiava cenas do Armagedom, a Grande Batalha do fim.
Vamos ler no Grande Livro do Todo Poderoso em Salmos 79.1-3
Atônitos, os anjos
permaneceram comigo. Louvávamos ao Pai e ao Filho, que estão assentados no
Trono, e rapidamente percebemos que à medida que louvávamos, o Trono se movia.
— Porque os castiçais estão
juntos com as oliveiras e elas são representativas aos profetas que ainda
aparecerão na Terra. Um, é o castiçal do Espírito Santo, e o outro, representa
a Palavra da Verdade. Um é o depósito e o outro é o produto
Da luz.
— Assim, são os servos
ungidos de Deus. Eles têm dentro de si mesmos, toda esta engrenagem à sua
disposição; nesse tempo da graça na Terra, o mesmo aconteceu em outra época, em
menor dimensão.
Percebi que a descrição de
tudo aqui parecia com a mesma de Zacarias 4. Perguntei a mim mesmo porque em
Zacarias vemos os candeeiros, e em Apocalipse temos as oliveiras e dois
candeeiros.
Toda vez que se edificava um
templo ao Senhor – disse o Espírito Santo dentro de mim — o Senhor levantava
profetas e sacerdotes para ministrarem ao povo. As duas oliveiras são sempre
dois ministros. Em Zacarias, foram Josué e Zorobabel. O candeeiro é o Espírito
Santo. O tempo é de lei, é tempo de humilhação para a nação nos dias que se
aproximarão à grande construção do novo templo profetizado pelo profeta
Ezequiel. O conhecimento do Espírito Santo sobre esses dois homens será maior por
causa da dimensão de seus ministérios que serão manifestados nos dias do
governo do anticristo. Terão uma unção dobrada sobre eles, porque nessa época o
Espírito Santo atuará como no Antigo Testamento.
— Que vão fazer aquelas duas
oliveiras? Perguntou Ângelo.
— Elas vão ordenar o juízo a
partir da Terra.
— Nós já sabemos e estamos
preparados para a execução do juízo de Deus e às coisas relacionadas a ele. Nós
temos sido instruídos, porque nesta época atuaremos intensamente, disseram os
anjos.
— Eles terão as mesmas chaves
que a Igreja tinha? Perguntou Ângelo.
— Sim, eles terão as chaves.
O que ligam na Terra, também ligam no céu, disse o anjo.
Rapidamente nos aproximamos
dos sete anjos fortes que estavam cuidando dos seus instrumentos, eram
trombetas. Eles não saíam de perto do Trono. Quando cheguei perto deles,
perguntei a mim mesmo sobre quem eram. Neste momento, os anjos que estavam
comigo me disseram:
— Estes anjos tocarão
trombeta para o juízo de Deus. Eles se preparam para tocá-las (Ap 8.1-3). A
única coisa que estão esperando é a voz do arcanjo.
— O que eles estão esperando?
Perguntou Ângelo.
— Estão esperando que se
complete o cálice da oração e da chegada do juízo final (Ap 8.3, 4).
— Quando o anjo, que tem o
depósito do incenso profético, terminar de colher todas as súplicas pela vinda
do reino à Terra, e os sete anjos o receberem, dos 24 anciãos, serão tocadas as
trombetas (Ap 8.5,6). Quando o anjo chegar, vai lançá-las como incenso no
altar. Haverá um fumo no altar. Então, haverá o cumprimento diante de Deus de
todas as profecias escritas no Livro.
— Onde está o anjo que colhe
as orações?
— Veja-o ali, perto do 23º
ancião (Ap 8.3). Era um dos sete.
Vi como o Cordeiro se movia
no meio do Trono entre os castiçais. Então perguntei:
— O que representam os sete
castiçais e suas 49 lâmpadas?
— Os sete castiçais
representam a Igreja, disse o anjo. No céu eles possuem ao todo, sete troncos e
49 lâmpadas, que representam as 49 atuações e manifestações do Espírito Santo
na Terra: espíritos de súplica, oração, temor, inteligência, sabedoria, Jeová,
Cristo, do Pai, de Deus, Santo, de Elias, de fogo ardente, de poder, de graça,
de intercessão, de louvor, de fé, regeneração, justiça, santidade, paz, gozo,
alegria, liberdade, salvação, ressurreição, que se move, novo,justificação,
selo da verdade, da vida, de domínio próprio, benignidade, mansidão, do juízo,
do serviço, testemunha, de força, reverência, de obediência, que habita no
homem, unção, promessa, dom, que transmite, que vem subitamente, do Filho, de
clamor, Espírito ensinador, Consolador, Conselho.
Assim, percebi que da Terra o Espírito Santo
dirige o céu, através da Igreja. Ele estabelece uma influência extraordinária
sobre a adoração no céu.
— Nenhum querubim no céu
louva por si mesmo. Todas as atitudes dos 24 anciãos são resultado da adoração
da Igreja na Terra ou dos atos do Cordeiro. Nessa hora, acabou de chegar um
anjo que havia se apresentado na presença de Deus, veio em nossa direção e fez
um comentário interessante sobre tudo aquilo que estávamos falando:
— Acabo de chegar da Terra.
Estive participando de uma grande conferência de adoração a Deus. Havia
milhares de pessoas e muitos pastores de igrejas estavam presentes. Foi algo
fenomenal!
— Sobre o que foi a
Conferência?
— Sobre louvor e adoração. Estavam
pregando e ensinando sobre o louvor da Igreja. Havia um pregador desconhecido
dos outros, que nos deixou espantados. Ele nunca esteve no céu, e falou como se
aqui já estivesse. Ficamos surpreendidos ao ouvir aquele servo amado de Deus.
Enquanto ele falava, nós estávamos protegendo-o, pois havia demônios que rugiam
em volta dele. Estávamos dando-lhe cobertura. Tudo foi glorioso e temos algumas
ordens ao seu respeito. Preciso ir...
O PREGADOR
Chegou um anjo da Terra, que
atendia pelo nome de Ariel. Passou por nós e iniciou uma conversa com outros
anjos que vieram ao seu encontro para recebê-lo.
Ariel falava de um pregador
da Terra.
— Não há muita gente falando
sobre isto na Terra. Mas logo, logo, os pastores vão conhecer o que disse. O
Espírito Santo se encarregará de divulgar suas palavras. Basta que alguém seja
canal de Deus. Agora é somente deixar com os ventos do Espírito Santo. Eles se
encarregarão em divulgar e publicar a revelação.
— O que disse o pregador?
— Ele abriu em Crônicas.
Explicou claramente o que se passa em nós, os anjos, quando estamos adorando a
Deus com os querubins.
— Em que capítulo baseou seu
estudo?
— Vejamos aqui no Livro,
disse Ariel.
— Ele leu aqui nos textos em
azul... “Crônicas, Reis, Apocalipse, Samuel e Lucas”.
— Todos estes textos se
relacionam e se combinam tremendamente.
— Vamos escutar... disse
Ângelo.
— Observe os vinte e quatro
anciãos, apontou Ariel.
— Sim, já observei.
— Eles, um a um se prostram
diante do trono e depositavam suas coroas dando louvor aos que estão no trono.
Os textos de Apocalipse são
verdadeiramente sinfônicos. Quem pode ler aqueles textos, achará neles favos de
mel. Aqui estava um segredo. O pregador estava falando tudo isto, como se
estivesse no céu. Anel estava assombrado com a revelação que o Espírito Santo
dava àquele homem.
— Aqui está, mostrava Ariel:
“E sempre que aqueles seres viventes davam glória e honra e ações de graça ao
que está assentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os 24
anciãos se prostravam diante do que está assentado no trono e adoravam e
depositavam suas coroas diante do trono...”. — Observe bem, Ângelo, as
palavras: Sempre que aqueles seres viventes davam glória (chamou a atenção de
Ângelo).
Ariel continuou.
— Vamos ao texto adicional
que o pregador usou: Aqui está.
— Como brilham estas folhas!
Exclamou Ângelo.
— “E quando tomou o livro, os
seres viventes e os 24 anciãos se prostraram
diante do Cordeiro... e
cantavam um cântico novo.., e os quatro seres viventes
diziam: Amém. E os 24 anciãos
se prostravam”.
Ariel, então, depois de ter
acabado a leitura do texto, disse:
— O pregador reuniu estes
textos e ensinou ao povo com voz de autoridade e o Espírito do Senhor se movia
em meio da multidão com poder.
— O que disse o pregador?
Inquiriu Ângelo.
— Muitas coisas. Tudo é por
fé, como um espelho. Todavia não há visto a realidade, como é em verdade. Nós,
os anjos, ficamos atônitos com toda a revelação dada pelo Espírito. O pregador
revelou o que acontece entre os 24 anciãos e os querubins. Você, Ângelo, tem
observado que cada vez que uma palavra de louvor que os querubins dizem, por
exemplo, “Amém”, os 24 anciãos se prostram diante o trono, imediatamente, por
causa daquilo que é dito, do “Amém”.
— Sim, tenho observado.
— Veja que estamos aqui antes
da revelação do capítulo 6.
— Então você quer dizer que
todos os24 anciãos reagem a uma ação na terra E no céu?
— Sim, eles se prostram
porque os querubins dão glória. O texto diz: “E sempre que davam glória...”.
Observe que o capítulo 4 é um acontecimento anterior à entrada do Cordeiro no
céu, quando o céu produzia seu próprio louvor, porque o Espírito Santo estava
no meio dos querubins. Mas agora, os louvores são produzidos na terra, porque o
Espírito Santo está na Igreja. Tudo isso o pregador falou, Ângelo.
— Não podes te esquecer
disto, disse-me o anjo que estava comigo.
— Qualquer ação do Cordeiro
no trono é uma razão para glorificá-lo através dos 24 anciãos. Os anciãos
reagem à medida da ação do Cordeiro no trono e da ação do Espírito Santo na
Terra. Os anciãos não atuam se os querubins não atuarem; os querubins não atuam
se a Igreja não agir primeiro.
— Isto não é cansativo para
eles?
— Eles atuam assim, dia e
noite. Os quatro querubins têm energia de quatro seres em um só. Eles não se
cansam. Os 24 anciãos servem a Deus nas 24 horas equivalentes. Quando o
Cordeiro toma o livro, os seres viventes se prostram e cantam. Eles reagem em
função da adoração ao que está assentado no trono. Desde a entrada do Cordeiro,
eles reagem a tudo que a Igreja e o Cordeiro fazem. O trabalho do Espírito
Santo na Igreja é comandar o louvor no céu.
— Percebi que o trono é
móvel, comentou Ângelo.
— Sim, o trono se move. Nos
dias de nossa visita ao Rio Quedar, o trono se manifestou de uma forma
gloriosa. Saímos pelo norte. A cidade, neste tempo, não estava consumada.
Deixamos o Monte Sião e um vento glorioso soprava diante de nós.
Entramos no Universo,
passamos as vias lácteas e as atmosferas. As estrelas não estavam imóveis. As
estrelas vibram como um gigantesco coral e percebi literalmente o encanto e a
harmonia daquela música das esferas cósmicas, louvando a Deus. Assim chegamos
na Terra em uma noite fria. Fomos por causa da oração do profeta Ezequiel e
pela atuação do Espírito Santo sobre ele. O vento era forte e havia sido
produzido pelo mover das rodas e das asas dos querubins.
Éramos todos como uma bola de
fogo. Saímos do meio de uma nuvem que nos envolvia. Fogo ardente havia ao redor
do trono; por causa da velocidade, tudo parecia um bronze refulgente. Foi do
agrado de Deus atravessar fisicamente o Universo. No uso de sua Onipotência,
ele mesmo veio. Naquele tempo o Cordeiro não estava sentado no trono. Nestes
dias o Cordeiro se manifestava como o Capitão dos Exércitos de Jeová. Era o
mistério escondido do Antigo Testamento. Ali estavam os querubins que se
moviam, levavam sobre si o trono, como os filhos de Coate.
Dali do trono se movia o
Espírito Santo. Ali esteve por muitos anos, até que foi enviado sobre a Igreja,
depois da glorificação do Filho do homem (Jo 7.37-39).
Agora, o Espírito Santo move
o céu através da Igreja na terra. Mas há pouco, a Igreja assumirá seu lugar
definitivamente, e todas as coisas serão restauradas a seu posto (Ef 1.10).
O RIO DA VIDA
Anjos e santos cantavam diante do trono. Vi a
multidão reunida e a voz dos que adoravam era suave. Não vi o lugar santo; não
havia separação, porque não havia véu. Tudo era Santíssimo e ali era o lugar da
verdadeira manifestação de louvor. Tudo era feito na santa paz, tudo em ordem.
Todos sabiam que era necessário buscar primeiramente o Reino de Deus e o que se
dizia a respeito do Trono era algo fantástico. O relógio do Trono era vivo.
Segundo o que faziam os 24 anciãos, assim se movia o céu. Cada ancião
representava um fuso das horas terrenas e uma infinita porção do tempo equivalente
da eternidade. Tudo se movia em função dos 24 anciãos.
No centro da cidade havia um
rio. Quando os santos se dirigiam ao rio, iam cantando “Faz-me beber dos teus
rios Senhor”. Multidões iam ao no beber das águas. Não era uma necessidade, mas
era um serviço de gratidão, memória e adoração. O Trono nem sempre estava
aberto para apresentações. Havia horas em que os 24 anciãos se prostravam
diante do Senhor. Esta era uma hora santíssima. O céu inteiro parava quando os
24 anciãos começavam a adorar o Todo-Poderoso. A Igreja tinha prioridade.
Algumas vezes, o Trono se movia e saía da cidade. Os querubins se transformavam
e à medida que o Trono avisava a sua saída, havia uma revolução no céu.
O Trono saía porque o Pai e o
Filho iam até a determinada região, para eventos extraordinários realizados na
Terra, nas regiões celestes. Algumas igrejas na terra haviam aprendido o
segredo de levar o Trono à Terra. Algumas vezes, os anjos que ministravam do
Trono à Terra se apresentavam diante do Todo-Poderoso e do Cordeiro em uma
forma gloriosa. Quando isso acontece, ocorre um avivamento no céu. Todo aquele
mover era intenso, mas minha atenção se voltou para o Rio da Vida.
Deus não se deixa mover
simplesmente pelo fato de ser Onipresente Ele se move como nos dias do Jardim do
Éden terreno.
A cidade possui uma base que
é um Trono no qual se assenta o Pai e o Filho. Do Trono sai um rio, que é o Rio
da Vida. As águas do rio saem de forma espiral e acompanham a rua da cidade e
caem ao norte do Monte de Sião. A cidade está em cima do monte. Ao sair da
cidade as águas se tornam como nuvens; com o brilho múltiplo da glória da
cidade torna-se possível ver as mais belas visões que um mortal jamais poderia
imaginar.
— Não havia pensado no mistério do Filho estar
assentado à destra do Pai, comentou Ângelo.
— Sim, Ângelo, este é o
ensino bíblico. O Cordeiro está assentado a destra do Pai, até que Ele ponha os
seus inimigos prostrados a seus pés, e também, até o tempo da restauração de
todas as coisas (At 3.21). O Filho está temporariamente no mesmo Trono do Pai,
mas haverá o tempo, em que o próprio Filho se assentará no seu próprio Trono de
glória (quando começar o reino milenar na terra) e ser-lhe-á dado o Trono de
Davi.
— Qual é a função do rio aqui
na cidade? Perguntou Ângelo.
— O rio nasce no Trono.
Literalmente, o rio desemboca no Monte Santo, mas espiritualmente, o rio jorra
no ventre de cada pessoa, dentre as que na Terra crêem no Filho. O rio
representa o Espírito Santo. Literalmente, é uma manifestação de vida sobre a
terra e sobre o crente. O rio é o Espírito Santo. As árvores do rio se alegram
batendo palmas, mas a Divindade se manifesta em um corpo. O Espírito é o
Espírito do Pai e do Filho, mas segue sendo Ele mesmo. O Espírito Santo penetra
as profundezas de Deus, isto quer dizer que Ele penetra nas profundezas dos
três. O Espírito Santo é vida, é uma pessoa que colabora com a unidade
espiritual das três pessoas. O Espírito Santo concede hálito de vida, que é
conhecido como espírito humano, que atua em todo o ser vivente. Este hálito de
vida tem curso original, que circula dentro do ser humano através do sangue,
porque ele contém vida, que é o impulso originado e dirigido pelo espírito de
vida que se move em todo o ser do homem.
— Aleluia! Isso me faz
entender claramente a função do Rio da Vida! Exclamou Ângelo.
— Sim, assim como na Terra o
sangue leva a vida impulsionado pelo Espírito humano, o Rio da Vida,
impulsionado pela vida do Trono gira dentro de cada vida ressurreta pelo
próprio Espírito Santo.
— Isto nos explica melhor a
função da água como vida. O sangue contém vida impulsionada pelo hálito de vida
de um ser humano, mas quando uma pessoa recebe a Jesus Cristo em seu espírito
humano,e é imediatamente batizado por sua fé no corpo de Cristo, recebe vida
eterna, que se move através da água da vida. Quem bebe desta água,jamais terá
sede. Essa vida é manifestada através da água da vida que nasce do Trono de
Deus. Nesse caso, a vida de todo aquele que crê em Cristo é a água, água de
vida. Agora, em cada pessoa que nasce de novo, o Espírito Santo começa a sua
obra no espírito humano, depois trata com a alma, e por último, trata com o
corpo humano. Isso acontecerá na ressurreição. O único que impede a sua
permanência no corpo, quitando toda a corrupção, é o sangue.
Na ocasião da ressurreição ou transformação
dos santos, o sangue será tirado definitivamente, dando lugar ao Espírito
Santo, como água da vida. Tomará lugar nas suas veias, Ângelo, nas suas veias
correrá a água literal da vida no seu corpo. A mesma água que vês aqui, estará
em suas veias. Hoje, o Espírito Santo habita em teu espírito humano de onde
trata com a alma. Mas chegará o dia em que o Espírito Santo tomará o teu corpo,
aonde permanecerá para sempre, tendo em vista que depois destes sucessos,
espírito e alma serão a mesma coisa, porque já não haverá Santíssimo e Santo
Lugar, pois tudo será Santíssimo.
— Sim, agora entendo — disse
Ângelo. Quando Jesus se manifestou em carne aos seus discípulos, disse “vejam
que um espírito não tem carne, nem ossos, como vês que eu tenho”. Jesus estava
manifestando-se depois da sua ressurreição em corpo de carne ressuscitado, que
continha osso, mas não havia sangue nele. Antes de sua morte, sua alma era
divina, seu espírito também era divino, e depois de sua ressurreição, o seu
corpo passou a ser cheio da mesma natureza divina. Todo o mortal foi absorvido
pela vida. Seu corpo não continha sangue, porque o sangue não herda o Reino dos
Céus.
— E a carne? Perguntou o
anjo.
— Sua carne já não é mais
carne humana. Simplesmente havia se transformado e absorvida pela vida. Sua
carne passou a gozar da vida, suas veias foram cheias de água da vida do
Espírito Santo. Quando Jesus morreu na cruz, derramou todo o seu sangue, Ele
era Deus e homem. Como Deus derramou sua vida como água, como homem derramou
toda sua vida humana, como sangue, entregou toda a sua vida, disse Ângelo.
— Agora entendo porque Jesus
disse: “Do interior fluirão rios de águas vivas” e “Quem beber do meu sangue
terá vida em si mesmo”. Então, o sangue de que falava não era sangue humano,
senão o sangue do corpo da ressurreição, o Espírito Santo. Glória a Deus!
Os anjos adoravam a Deus por
causa das revelações que Ângelo recebia. Ele sempre recebia revelações depois
das informações dadas pelos anjos. Enquanto Ângelo conversava com um anjo,
muitos outros foram se chegando a eles, afim de escutar o que estavam falando.
A conversa sempre terminava em adoração.
Nós voltamos em direção ao
Trono, para os lados do norte e nos prostrávamos e adorávamos. Entendi
perfeitamente todas as coisas quanto ao novo nascimento. Compreendi porque quem
nasce de novo não pode morrer, porque recebe vida e vida eterna, e o seu corpo
é selado para a possessão do Espírito de Deus na ressurreição. Entendi que,
enquanto o homem nascido de novo vive no mundo, o Espírito Santo habita em seu
espírito humano e sela seu corpo com a habitação eterna, a ressurreição ou
transformação. Assim, o Espírito Santo poderá se manifestar em água viva
literal em nosso corpo, e assim estaremos ligados à divindade, literalmente, para
sempre.
Aproximamos-nos do Rio da
Vida, logo depois de passarmos pela árvore da vida, que produz 12 frutos.
Enquanto caminhávamos, continuamos nossa conversa.
— Ângelo, como entendes o que
disse o apóstolo João em sua primeira epístola, no capítulo 5, versículo 6?
— Agora posso entender o que
disse com respeito a Jesus, que veio em água e sangue. Ele tinha vida divina e
terna e vida humana, por causa do seu corpo. Ele se entregou como Deus e como
homem, por isso era necessário que o Espírito de vida que estava nele, o
levantasse. Porque ele era como um nascido de novo.
— Sim, interrompeu Ângelo,
Jesus, ao nascer, já nasceu de novo, porque o que nasce de novo, não nasce
segundo a vontade da carne, mas segundo a vontade de Deus. Jesus, ao nascer, já
nasceu como homem e simultaneamente nasceu do Espírito. Assim, ele tinha o selo
do Espírito em seu corpo. Seu corpo era possessão de Deus. O selo do Espírito o
fazia digno de receber o Espírito de Vida a qualquer momento, porque ele havia
nascido de novo. Somente assim ele poderia entregar sua vida e voltar a
tomá-la. Somente um nascido de Deus tem esse poder, e por esse poder, torna-se
impossível permanecer no Hades. Ele não pecou e nasceu de novo. Ele nasceu de
novo e não pecou jamais.
— Assim, todo aquele que nasce
de novo, tem os mesmos direitos de Cristo. Jesus é o seu exemplo. Essas águas
que saem do trono literalmente, chegam até à Terra, espiritualmente para o
testemunho. Aqui no céu, são três os que dão testemunho da divindade: O Pai, o
Filho e o Espírito Santo. Enquanto na Terra são três os que dão o testemunho: o
sangue, a água e o espírito. Estes três últimos não são um, mas concordam entre
si. Isto acontece porque o mesmo espírito que atua como vida no sangue humano,
é o mesmo espírito que garante o poder do sangue expiatório de Cristo, que
purifica o homem de todo o pecado, porque o sangue é inocente e por ele,
Satanás foi considerado culpado.
— Como? Explique-me melhor,
disse Ângelo.
— Até à morte de Cristo,
todos os homens que morriam, morriam por causa do pecado. O pecado suscitava o
poder da morte. Assim, a morte atuava com todo o poder sobre os homens. Satanás
era o que detinha o poder da morte, e a morte era o grande juízo contra os
pecadores, porque o pecado foi um ato e sua condenação foi legal; o poder que
Satanás exercia sobre o homem através da morte, era legal. Todos os homens que
morriam, morriam pelos seus pecados, e a operação da morte através de Satanás
era legal.
— Oh! Já posso entender! Sim,
aleluia!
— Por que saltas e gritas?
Perguntou um dos anjos.
— Sim, já o entendo. Sim,
glórias a Deus! Oh, sim! Então, ao enviar Jesus como homem, em carne, na cruz,
o diabo foi declarado culpado, legalmente, porque o homem Jesus foi à cruz sem
pecado, e ia morrer. A morte e o diabo foram condenados legalmente, porque
mataram a um inocente. Ao matar um inocente, o diabo foi declarado culpado e
atado com a morte de Jesus, tornando-se assassino sem defesa.
— E por isso que o sangue
testemunha a favor do homem contra Satanás.
— E a água? Perguntou.
— O Espírito se manifesta
através da água da vida, concedendo poder para que vivamos a vida eterna em
Cristo. Por isso a água, o espírito e o sangue concordam como Espírito.
— Não queres beber dessa
água?
— Por que tenho que beber
dessa água? Já não tenho bebido dela?
— Sim, o Senhor disse o que
beber dessa água jamais terá sede. É verdade, mas ela é memorial de salvação. É
como se bebe nas Festas dos Tabernáculos. Nós, os anjos, bebemos dessas águas e
somos eternos. Jesus, após a sua ressurreição, tinha corpo ressurreto, mas
mesmo assim, comeu. Nós, os anjos, fomos criados eternos; temos algo em comum
com vocês, mas vocês são superiores.
— Como? Perguntou espantado
Ângelo.
— Vocês são membros do corpo
de Cristo.
— Sim? Perguntou Ângelo.
— Somos seus conservos. Não
te assustes por ter dito isto.
Aproximamos-nos da Árvore da
Vida. Alguns dos seus frutos eram flores, outros, frutos maduros. Isso era
normal. Meus amigos, os anjos, observavam minha curiosidade.
— Esta árvore, Ângelo, é
diferente das que tu conheces. Esta árvore sempre produz frutos, de mês em mês.
O 24 anciãos são o relógio equivalente a vosso tempo e a árvore da vida marca
os meses terrenos. No Antigo Testamento, os 12 pães postos no templo eram
apresentados a cada manhã. Aqui cada mês a árvore produz um fruto. Esses 12
frutos serão como pães do Tabernáculo, para a proposição diante de Deus.
Somente os sacerdotes reais os podem comer.
A árvore era linda, suas
raízes perfeitas. Havia uma passagem no meio das raízes que davam aos lados dos
rios que produziam seus 12 frutos.
— Cada mês há frutos frescos
aqui. Deus sempre se renova e seus servos necessitam viver essa vida de
renovação. Nunca seus frutos poderão envelhecer, serão sempre vigorosos e seus
dons sempre serão mais e mais valiosos.
A Arvore da Vida estava
dividida. Pelo meio de suas raízes passava um rio. Quis me aproximar da árvore.
— Pare, detenha-se! Ninguém
pode aproximar-se da árvore até o dia do Tribunal do Cordeiro.
— Tribunal?
— Sim, Tribunal de Cristo,
responderam os dois anjos.
— Que tem a ver esse Tribunal
com a árvore?
— No Tribunal de Cristo, os
vencedores serão conhecidos diante de Deus. Nesse dia solene, o Senhor Jesus há
de confessar o nome daqueles que na Terra confessaram o seu nome, diante dos
homens e de Deus. O Senhor não se envergonha de chamar-se o seu Deus (Hb
11.16).
— Então, qual é a relação que
tem a Arvore da Vida como Tribunal de Cristo?
— Alguém será julgado?
— Os vencedores comerão do
fruto da Arvore da Vida. Lá no Tribunal, ninguém
Será julgado, mas as suas
obras serão julgadas. As obras que prevalecerem serão
galardoadas. Dentre os muitos
galardões, está o comer do fruto da Arvore da Vida que está no paraíso de Deus.
Seu fruto tem o mesmo efeito de suas águas, e todo aquele que comer o fruto
terá vida em si mesmo. O Espírito edificante se manifestará através das águas e
dos frutos da árvore, mas há outros galardões, tais como, o não sofrer dano da
segunda morte, que é a separação eterna de Deus; comer do maná escondido;
receber uma pedra branca, na qual está escrito o novo nome do galardoado; o ato
de receber poder sobre as nações; o selo da Estrela da Manhã; a autoridade
sobrenatural sobre os reis da Terra; ter o nome perpetuado no Livro da Vida,
não ter o seu nome apagado do Livro da Vida, e ter a dignidade de ser confessado
como servo fiel diante dos anjos, do Pai e pelo Cordeiro; o ser coluna do seu
templo, no templo de Deus; assim como, receber sobre si um nome da Cidade de
Deus e o novo nome do Cordeiro sem contar o direito de assentar-se com o Filho
de Deus no Trono da sua glória.
— Vamos agora, eu vou te
mostrar as coroas.
Rapidamente fomos levados à
Sala do Tesouro. Havia muitos departamentos. Estavam protegidos por cristais
indescritíveis. Havia cinco coroas que esperavam o Tribunal de Cristo.
— Esta é a Coroa da Vida,
mostrou-me o anjo. Será dada junto com os galardões dos frutos da Arvore e água
do Rio da Vida. Todos os santos em Cristo, lá a receberão. Este é o prêmio pela
sua fidelidade.
Em seguida, o anjo saiu para
nos apresentar outra coroa.
— Esta é a coroa de glória,
— Todos a receberão?
Esperava outra resposta, mas
o anjo moveu a cabeça e olhou para mim com uma olhada cheia de compaixão.
— Não, não, servo de Deus.
Nem todos receberão esta coroa no dia do Tribunal de Cristo. Quando todos
estiverem transformados e imortais, será o momento da glorificação, porém, nem
todos serão glorificados igualmente. Uma será a glória do sol e a outra a
glória da lua. Esta coroa será obsequiada àqueles que completarem o que faltou
dos sofrimentos de Cristo. Por causa de seu sofrimento, sem pecado, muitas
vidas vieram ao Reino de Deus e terão direito a recebê-las.
A coroa de glória era
maravilhosa. Era algo grandioso aos meus olhos. Parei por alguns minutos e
pensei no meu Cristianismo, no meu testemunho, na minha maneira de viver.
Silenciei, e os meus amigos anjos, se olharam e se dirigiram a mim com algumas
palavras consoladoras.
— Desperta varão de Deus!
Ainda estás na tua oportunidade! Ainda não estás morto, vais ter que voltar e
viver no mundo, a vida, a morte e a ressurreição de Cristo. Teu testemunho será
verdadeiro e poderoso. Tu podes ser digno dessa coroa!
Caminhamos até o lugar onde
estava a coroa incorruptível. Tudo aquilo era uma amostra de cada uma daquelas
coroas que todo o servo de Deus terá oportunidade de obter.
— Que linda! A quem está
destinada esta coroa?
— Este é o prêmio da
perseverança. Está preparada para aqueles que no meio da corrupção do mundo
mantiveram-se fiéis e que jamais negaram sua fé. Foram criticados, humilhados,
sofreram por suas convicções, mas na verdade, nunca mudaram a visão de Deus que
havia sido dada pelas políticas demagogas dos homens. Jamais negaram sua fé
diante dos Tribunais por causa da perseverança. E todos que foram perseverantes
em sua fé em Cristo, em suas promessas, hão de receber a coroa incorruptível.
Aqueles que disciplinaram sua vida, também hão de disciplinar as nações com
varas de ferro e as julgarão no Reino literal de Cristo sobre a Terra.
Outra vez parei, pensei e quis chorar, ou
melhor dizendo,não sei o que passou. Entristeci-me, mas não havia em mim
lágrimas. Que horrível é não ter lágrimas. Meu corpo estava na Terra e a
sensação que sentia era terrível. Jamais havia sentido algo assim. Queria
chorar, mas não podia. Estes foram os momentos mais tristes da minha passagem
em alma no céu. O que sentia verdadeiramente é que eu não era digno de nenhuma
daquelas coroas. Então clamei “Oh! Miserável homem que sou!”
Pedi permissão e saí do meio
dos anjos e me aproximei do Rio e me ajoelhei. Com os meus joelhos nas águas
que se moviam na beira, vi meu rosto. Não era exatamente igual ao meu corpo
normal. Pela primeira vez eu vi o homem interior. Meu rosto parecia estar
maquiado, com cor de fogo, era mais jovem e adulto ao mesmo tempo. Estava
vestido com um traje semelhante ao traje dos santos. Os anjos não tinham um
traje igual ao meu. Ao ver meu rosto, parei. Pela primeira vez eu vi a mim
mesmo no céu, era eu e não sabia. Estava mudado. Quando me vi, veio uma mão que
me tocou de trás de mim e me disse:
— Meu filho, porque te entristeces?
As obras dignificaram essa Nação Santa; quem receberá essas coroas não as terão
como próprias; a justiça deles não será a sua justiça humana, mas será a minha
justiça neles. Eu tive a oportunidade de atuar neles, realizei a obra neles,
estive trabalhando através deles. Já não vives só, meu filho, Eu vivo contigo.
Tuas obras não passam de falsa justiça. O que tu crês que estavas fazendo, o
fazias em mim, na ocasião em que vivias. Se tu crês que estavas em mim na
ocasião da minha morte, também poderás crer que Eu estava em ti na ocasião da
tua vida.
— Sim, Senhor!
Prostrado aos seus pés,
adorei; como reluziam como bronze! Seu perfume era mirra e aloés. Pareciam
acácias suaves.
— Então, meu filho, assim
como crês que estavas em mim nos momentos da cruz, também pode crer que eu
estava contigo nos momentos de sua vida. Permita-me que eu viva em tua vida,
deixa que eu viva contigo em tua vida terrena e estarei contigo em tua morte.
Assim como estavas comigo em minha ressurreição, estarei contigo em sua ressurreição.
Levanta-te! Permita-me que eu esteja contigo na tua vida, assim como estavas
comigo na minha morte; assim como tens parte em minhas coroas, assim eu terei
parte em teu galardão, porque estive contigo em tua vida!
Não tinha palavras para
agradecer! Estava atônito. As palavras para minha reação podem ser outra, em
linguagem de anjo. O certo é que estava com vergonha ao perceber quanto era
egoísta em pensar que minhas obras me faziam digno de obter melhores coroas que
meus irmãos. Que vergonha senti quando entendi que a coroa, naquele caso, não
me pertencia. A coroa não era minha, era nossa. Cristo compartilhava comigo a
sua herança. O Cristo glorificado, depois de ter se humilhado em forma de
homem, depois da ressurreição e glorificação, todavia seguia humilde.
Levantei minha cabeça e já
não estava mais. Senti a sensação constante do toque de sua mão carinhosa sobre
a minha cabeça. Depois perguntei:
— Onde está meu Senhor, Fiel?
— Estarás com ele outra vez.
Vamos ver outra coroa.
— Sim, vamos. Respondeu o
Ângelo totalmente mudado, louvando e adorando ao Senhor.
Sentia-o presente a todo instante. Continuamos
vendo as coroas. O anjo foi relatando uma por uma.
— Aquela é a coroa da
formosura, que todas as mães virtuosas e sábias receberão (Pv 4.9) juntamente
com seus filhos obedientes. A mulher virtuosa, que foi a coroa de seu marido, a
terá em sua cabeça... Aquela é a coroa da justiça, o galardão dos profetas, não
somente os profetas a terão, mas todos aqueles que receberam um Profeta do
Senhor como a um anjo. Esses receberão galardão de profetas. Esta coroa,
também, é o prêmio equivalente a todas as injustiças sofridas pelo amor do
Reino de Deus (Mt 5.12). Aquela outra é a coroa que receberá Israel entre as
nações.
— Por que tem 12 estrelas?
— Pertence a toda a nação com
suas 12 tribos.
Chegamos a uma porta enorme e
linda, como um grande arco. A porta era transparente e estava repleta de
coroas.
— Aí estão as coroas dos
santos e as pedras brancas que guardaram os seus novos nomes.
Continuamos até a Sala do
banquete. A Sala das coroas estava perto da sala do banquete. Entravam e saíam
dali, anjos e anjos. Voavam sem pôr os pés no piso de cristal puro. Os anjos
eram vistos pelo reflexo dos cristais. Que maravilha era tudo aquilo.
— Estão preparando a mesa! A
mesa é em espiral, e se sobrepõe em graus a cada volta. A ponta inicial fica no
centro e a medida é de anjo.
— Como vão entrar aqui os
santos?
— Esta sala é especialmente
para o banquete do reino. Os santos serão como ele é. Eles aparecerão e
desaparecerão.
— Que servirão aqui?
— Um manjar, um banquete e
vinho. Um vinho preparado especialmente pelo Cordeiro. Ele sabe preparar do
melhor vinho!
— De onde vem o vinho?
— Ora, Ângelo, que pergunta!
Vem do vale. Não te lembras do vale abaixo do monte... daqui do Monte Sião?
— Sim, das vides. Como o
vinho já está preparado, percebo que tudo já está preparado.
— Sim, Ângelo, tudo está
preparado! Falta a noiva se aprontar!
Saímos da sala do banquete e me deparei com a
sala de recepção dos santos, que chegaram da Terra, perto do mar de cristal.
— Quem é este?
— É Paulo, o Macalão.
— Paulo Macalão?
— É a recepção de sua
chegada.
Emudeci e repliquei. Estava
em um tempo da eternidade que equivalia ao período de 1980 a 1982. Era o
período equivalente do tempo terreno.
— Mas ainda está novo!
Ele estava novo como um jovem
de 17 anos, mas seus olhos eram de uma serenidade sem par.
— Por que está tão novo, se
ele morreu tão idoso?
— Este é o prêmio do gozo dos
que esperam em Jeová. Renovam suas forças. À medida que o homem vai vivendo na
carne, e vai envelhecendo, o seu homem interior vai se renovando. Na
ressurreição, em teu corpo, revelará o quanto esperaste no Senhor; pela
renovação das tuas forças. A medida que uma pessoa vive na Terra, seu corpo
envelhece e morre. Em contrapartida o seu espírito, o seu homem interior, se
renova para a vida.
Na sala de recepção havia
alguns anjos músicos, entre eles, alguns servos da Igreja dos primogênitos. A
cada instante entravam centenas de santos de toda a Terra, depois que se apresentavam
diante do Trono, eram trazidos à sala de recepção. Os anjos os serviam e
cantavam o cântico dos hebreus.
A VISÃO DOS ARCANJOS
O céu é um movimento constante. A Nova
Jerusalém é uma cidade movimentando-se para o encontro. E todos os anjos, além
disso, trabalham para servir aos herdeiros da salvação (Hb 1.14).
— Nos tempos antigos, antes
da criação do mundo, nós, os anjos, estivemos atuando em tempos diferentes dos
quais o grande apóstolo chamou de dispensações. Muitas coisas se passaram antes
da criação do mundo.
Um anjo veio apressadamente e
se pôs junto de nós, na Praça da Grande Cidade, e colhia as folhas da grande
árvore. Nós o recebemos alegres e contentes e ele nos saudou. A saudação eu não
a pude compreender naquela hora: “Jehová Samá”.
— As águas desse rio são
cristalinas; todas as cores da cidade são refletidas nelas. Que coisa linda...
— Às vezes elas se tornam
como fogo, replicou o anjo.
— Quando vai haver um grande
julgamento, elas se transformam. No grande dia da ira do Todo-Poderoso, as águas
do rio serão como chamas de fogo, disse o anjo.
— Como é que você sabe disso?
— Nós aprendemos isso com as
visões de Daniel. Ele teve muitas experiências especiais.
— Onde estão os profetas e os
apóstolos?
— Este lugar é muito grande.
Os físicos terrenos quiseram medi-lo, mas não sabiam que a cidade é medida a
medida de anjos.
Se lermos as parábolas e os
Evangelhos de Jesus, percebemos que ele usa medidas, valores e pagamentos,
diferentemente...
— O Senhor continua pagando
ao último trabalhador como ao primeiro — gritou de longe o segundo anjo.
Fomos nos aproximando do
centro da praça da cidade. Todo aquele lugar parecia o centro da adoração.
Louvores tremendos vinham ao Trono; anjos com toda a sorte de instrumentos ao
derredor do Trono, turnos e turnos a seu tempo; instrumentos e músicas
angelicais, não havia uma nota errada. Tudo estava de acordo com a ordem
celestial.
— Peçam àquele anjo que toque
alguma coisa, pediu o anjo.
— Não, ele não pode. Nenhuma
nota musical pode ser dirigida à outra pessoa, a não ser àquele que está
assentado, ao Cordeiro, no centro da cidade. Estamos no Santíssimo Lugar. Aqui
não se pode tocar nada, a não ser o que lhe for ordenado segundo a equivalência
que vem da Terra.
— Quem são seus Mestres?
Perguntou Ângelo.
— Vamos ouvir a Sinfonia ao
Cordeiro... depois te falo. Preste atenção nos detalhes dos movimentos dos
querubins e serafins. Preste atenção em como adoram os 24 anciãos e observe a
ligação que eles têm com os querubins. Observe os serafins perto do altar e os
anjos que trazem o incenso. Observe de onde eles vêm e para onde eles vão.
Quando ouvires a voz do trovão, significa mistérios. Enquanto a igreja não
chegar à cidade, haverá a voz do trovão, que significa mistérios. Sobre isso,
não posso te falar nada mais, porque eu também não sei.
— Mas você pode saber —
replicou o outro anjo. Você pode saber através da Igreja.
— Nós, os anjos, através da
Igreja, temos acesso ao conhecimento revelacional de Deus, não é? — clamou
outro anjo dirigindo-se a Ângelo.
— Sim, o Espírito Santo que
está em nós, revela através de nós e por nós, o que lhe apraz. Ele sonda as
profundezas de Deus.
Após a sinfonia, urna nova
turma de anjos se aproximou para cantar diante do Trono. Sem ensaios, eles
acompanham os 24 anciãos...
— São 24 turmas que
diariamente aparecem diante do Trono de Deus e apresentam cânticos
extraordinários, disse o anjo.
E alguns cânticos são entoados diariamente. A
princípio, não havia muitos anjos cantando nessa turma. À medida que o tempo
foi passando, foi se multiplicando o número deles, desde o dia em que o
Espírito deixou as rodas e foi para os quatro cantos da Terra, a turma aumentou
e agora está muito maior. Todos os dias elas são esperadas pelos querubins
serafins. Os 24 anciãos se alegram a cada nota desse grupo. Eles cantam somente
cânticos novos.
— De onde eles tiram esses
cânticos?
— Aqui está a resposta à sua
pergunta inicial, disse o anjo, olhando profundamente a seu amigo Ângelo.
Cada palavra que o anjo foi
falando, fazia-me regozijar em espírito na presença de Deus.
Havia alguns momentos em que
o anjo não necessitava abrir o livro. Eu ouvia dentro de mim como uma voz firme
e decisiva, que me fazia lembrar palavras das Escrituras, como se fossem um
fogo ardente dentro de mim. Entendi que o Espírito Santo me fazia reviver todas
aquelas palavras ditas em toda a Bíblia.
— Ouça a sinfonia. Ela é
presente no céu e na Terra!
Eu estava atônito, querendo
compreender, e o anjo estava se preparando para falar-me de algo do qual eu já
havia ouvido na Terra, sem acreditar.
— Cada vez que eles cantam
aqui no céu, é porque essa sinfonia já foi ou está sendo apresentada na Terra.
Isto é maravilhoso! Antes, isto não era assim! Quando o Espírito Santo desceu e
o Cordeiro entrou, tudo mudou, porque agora a música e a letra vêm da Terra.
Cada vez que um servo do Altíssimo se apresenta em adoração e canta os novos
cânticos, inspirados pelo Espírito Santo, tudo o que sai de maravilhoso através
de sua boca, é transmitido imediatamente ao regente do coro celestial e como um
piscar de olhos, todo o seu louvor é repassado perfeitamente à presença do
Todo-Poderoso através dos 24 anciãos. Isto é maravilhoso. Mas nada é
apresentado no Trono se a Igreja não tiver primeiro apresentado na Terra.
— Ei, não! Espere! Segurando
na mão de outro anjo, um deles interrompeu.
— Ângelo, não vai deixar-nos
curiosos. O que ele disse de novo para você?
— Espere um pouco, preciso
dar uma orientação aos anjos que seguem comigo sobre o problema da barreira, o
velho problema que temos para chegar na Terra.
Pensei comigo mesmo: Quanta
coisa tenho que aprender aqui? Como estou ignorante sobre tudo isso... era um
teólogo, ensinava sobretudo isto; mas é como se não soubesse de nada; sem
prática a experiência inexiste.
— Muitas coisas há para
conversar, volte logo, disse ao anjo enviado à Terra.
Passaram-se alguns momentos e
o anjo voltou.
— Vocês ainda estão aqui? Já
se passaram meses na Terra. Nosso pregador vem aí, vocês não terão acesso a
ele.
Guardei tudo o que ele disse.
Vamos comparar ao Grande Livro.
— Venham por aqui, disse o
anjo Enviado.
— Que lugar maravilhoso! Como
se chamas?
— Esse é o lugar aonde os
anjos vêm buscar entendimento na Bíblia: O Livro da Revelação. Cada vez que
ouvimos algo através de um ministério na Terra, aqui gastamos nosso tempo
perscrutando o que nos foi revelado. Tudo aqui é levado a sério. Tudo que se
refere a esse Livro, não podemos deixar passar. E tudo o que fere a verdade
desse livro, não podemos aceitar.
— E aquela porta? Perguntou
Ângelo.
Eu vi uma das 12 grandes entradas que pareciam
portas rotatórias. Elas estavam constantemente girando e muitos anjos entravam
e saíam por elas.
— Aquela porta — respondeu —
é porta de três dimensões.
— Que quer dizer isso?
— Através dela, João
Evangelista foi levado. Quando você entrar por ali, você consegue ver todas as
coisas em três dimensões, da mesma forma que o Todo-Poderoso vê, julga e age.
Você não vai entrar por ela agora, você vai entrar pelas Portas de Cristal, por
onde vemos tudo de outra dimensão. João via o que ainda não havia acontecido
como se já tivesse acontecido. Você verá somente o que não aconteceu, pelo
momento! Vamos consultar o Livro.
Chegamos ao Livro através das
Portas de Cristal. Páginas com letras de prata.
Havia um livro com vários
nomes, como se cada versículo fosse escrito com nomes, e fomos folheando o
Livro e as Escrituras. Então, percebi o nome de várias pessoas; vários nomes;
vários nomes de todas as línguas, tribos e nações. Eram nomes diferentes, nomes
conhecidos, nomes estranhos. Então perguntei:
— Por que a Bíblia está
escrita somente de nomes?
— É porque cada um desses
nomes que estão aqui trouxeram uma revelação pelo Espírito à Igreja na Terra, e
seu galardão é muito precioso.
Percebi que alguns versículos
não tinham nada, então perguntei:
— Por que alguns versículos
estão sozinhos e não têm nenhum nome?
— É porque esses versículos
ainda não foram revelados. E todos aqueles que completam essa revelação, terão
seu nome escrito nesse lugar.
Em um mesmo versículo havia
vários nomes. Então perguntei:
— Por que nesses versículos
existem vários nomes?
— Porque foram vários os
profetas de Deus que tiveram a mesma revelação na
Terra!
Olhando para o Livro percebi
e exclamei:
— Ouro! Ouro!
— Sim, o ouro indica coisas
que já passaram, e prata, coisas que ainda vão acontecer. Estes que se misturam
são as que se repetirão e darão sentido à profecia que tem duplicidade de
cumprimento. Todos aqui são um mesmo Livro. São milhares de detalhes que cada
um apresenta. Muitos ainda são mistérios para nós. Cada vez que o conhecimento
na Terra é manifestado, nós viemos aqui e combinamos as cores pré-estabelecidas
por nosso Senhor; tudo que destoa, é porque está fora do ensino da doutrina.
Muitas coisas aqui foram pintadas com gemidos inexprimíveis. A maioria dos
pintores que fez isso sofreu muito e passou grandes tribulações na Terra. Os
Livros que eles escreveram foram trazidos em forma de cores para revelar os
mistérios que nós precisamos, a fim de entender melhora Palavra Revelada, mas
tudo vem da Terra, através dos santos. Esta sala é movimentada. Cada dia algo
novo acontece. Os anjos estão sempre visitando esta grande sala. Nós nos
alegramos e regozijamos pelo ensino que a Igreja recebe pelo Espírito Santo.
— Observe as cores aqui em
Apocalipse, explicou o anjo. Ao abrir as folhas das páginas do Livro de Daniel,
você combina as cores das palavras que estão em Apocalipse; assim você entende.
Essas partes incompletas significam que ainda não foram totalmente reveladas,
mas isso não demorará muito tempo. Quando você voltar outra vez, esta parte já
estará clarificada.
— E se formos ao futuro,
anjo, como estarão?
— Não! Agora não podemos!
— Que maravilha! Respondeu
Ângelo.
— Sim, algo maravilhoso!
Glória ao que está assentado no Trono e ao Cordeiro!
Fomos andando pelo meio do
fulgor daquela sala e saímos próximos ao Tabernáculo aberto. Era o modelo dos
Tabernáculos da Terra.
— Veja que maravilha de
Templo que Deus revelou a Moisés, Davi, Salomão, Zorobabel e Ezequiel!
— E aquele ali?
— Ali está o templo mais
importante. A imagem de Deus, o corpo humano! O templo atual do Espírito Santo!
Nunca houve dois templos na mesma dispensação.
Em cada dispensação havia um
templo. Agora estamos na revelação do Templo do Espírito Santo.
Deus habita no homem por sua
Palavra e seu Espírito! Isto revela que sua glória e sua sabedoria estão sobre
a sua Igreja. O Templo de Ezequiel está em tom diferente porque ainda não foi
inaugurado. Não podemos passar por ali, porque não nos é permitido agora. Os
querubins guardam isso tudo com muito zelo. Eles são os guardadores da glória
de Deus!
ASAS E
TRANSPARÊNCIAS
Chegou a hora em que os anjos
falaram de si mesmos. Num momento feliz, Miguel me dirigiu a voz e os anjos
revelaram seus mistérios e cada vez mais me aproximava do Trono.
— Como foi o dia da
apresentação do Cordeiro na perspectiva de vocês? Perguntou Ângelo ao coro de
anjos que com ele estava.
— O dia em que ele assentou
no Trono foi espetacular. A indizível glória do Trono se manifestou
gloriosamente na cidade. O Cordeiro foi sempre um grande mistério, tanto para
os homens, como para nós, os anjos. Ele não tinha esse nome Jesus. Ele era, foi
e agora é conhecido por um nome. “Jesus”, este nome, como é conhecido dos
homens, foi recebido quando se fez carne. Mas ele tem outro nome aqui no céu,
este nome será revelado a todos brevemente.
— Como foi o dia em que vocês
o viram entrar no céu? Perguntou Ângelo.
— Foi como o romper da
aurora, algo totalmente novo para nós, os anjos, porque antes da criação do
mundo, o verbo era Deus e estava com Deus (Jo 1.1). No princípio, o Verbo
estava com Deus (Jo 1.2). Aqui há dois princípios: o pré-universal e o
pós-universal. Antes da criação dos céus e da terra (Gn 1.1; Jo 1.2) havia um
princípio não-cósmico! Um princípio absoluto. Neste princípio, o Filho
Unigênito não era considerado Filho. Não tinha o nome Jesus, nem era conhecido
como Filho. Neste princípio absoluto, ele era Deus.
Quando estava na Terra em seu
ministério terreno, ele mesmo se declarou. Ele era Senhor. Deus. Estava com
Deus. Era Deus. Era. Estava com...
Ele deu testemunho de que
estava junto de Deus. Nós não o víamos separadamente, jamais. Ele era um
mistério para nós.
“Agora, pois, glorifica-me, ó
Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o
mundo existisse” (Jo 17.5). Ele saiu do Deus IHAVÉ. João não lhes disse que
“viera de Deus e para Deus voltava...” (Jo 13.3). Ele mesmo sabia aonde estava
no princípio. “... que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde
primeiro estava?” (Jo 6.62).
Saiu de Deus: “E crestes que eu
saí de Deus” (Jo 6.26).
Ele não só saiu, mas veio
dele: “... saí de Deus e vim de Deus” (Jo 8.42).
Ele era um mistério oculto. O
grande servo Paulo foi chamado para ‘‘demonstrar a todos os santos, qual seja a
dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo
criou” (Ef 3.9).
— Ele foi criado?
— Não, absolutamente Ângelo.
— O que foi a dispensação do
mistério?
— A dispensação do mistério
serviu para revelar o mistério oculto em Deus. O Cordeiro estava em Deus, por
isso era Deus. O Cordeiro não foi obra de Deus para estar ao alcance de suas
mãos, fora de sua mente, como obra criada. O Cordeiro era Deus. Nós, os anjos,
não conhecemos estes mistérios. Ele estava guardado em silêncio desde os tempos
antigos (Rm 16.25).
— Que são os tempos antigos?
— Os tempos antigos são o
mesmo que tempos eternos.
— Ângelo, disse o anjo, o
mistério é revelado de duas maneiras: Pelas Escrituras proféticas (Rm 16.26) e
através da Igreja (Ef 3.10).
Dê-me por conhecido daquilo
que Paulo escreveu que a revelação do mistério tem dois destinatários: As
nações, para obediência e fé (Rm 16.26) e aos principados e potestades (Ef
3.10). As nações precisam saber do mistério. As potestades e principados
precisam saber do mistério. Entendi como somos importantes para Deus, porque a
dispensação do mistério é a dispensação da revelação plena de Cristo às nações,
aos principados.
— Você lembra dos tempos da
Unidade Absoluta? Perguntou Ângelo.
— Aprendemos de Paulo que não
havia Trindade, havia divindade. Havia unidade. Não havia o nome “Pai”, nem
tampouco o nome “Filho”. Havia uma só divindade. A compreensão de Paulo, após o
conhecimento pessoal do mistério é assim: “... um só Deus e Pai de todos, o
qual é sobre todos e por todos, e por todos e em todos” (Ef 4.6). Nos tempos
eternos ele estava em Deus, com Deus, junto de Deus, como um, nele.
— Nos tempos eternos não
havia corpo visível e material que impedisse a unidade. Uma realidade de
símbolos, mente e coração. Três almas, três pessoas: Um só espírito para um só
corpo.
— O corpo de Cristo do qual
participo — replicou Ângelo — ajuda na ilustração:
Muitas almas, muitas pessoas
em um só corpo (Ef 4.4), em um só espírito!
— Sim, que maravilhoso!
Exclamaram os anjos.
— Nos tempos da unidade
absoluta, não havia anjos. Anjos não existiam, vieram a existir, disse Enviado.
— Fale-me dos anjos, a
começar dos querubins.
— São anjos mais íntimos.
Veja-os. Lúcifer era um deles. Ali estão quatro que estão ao redor do trono.
Não são oniscientes, mas vêem mais do que todos: Têm oito olhos, seis asas e
uma percepção comum entre os anjos. São especialistas em movimentos, e conhecem
a intimidade do fogo, da velocidade e do discernimento mais apurado. Lúcifer
cuidava dos tesouros da glória, Era hábil músico. No dia de sua criação, foram
criados instrumentos mais requintados, os primários instrumentos, a melodia e o
ritmo. Tudo perfeito. Ele é visto na Bíblia de várias maneiras.
— Conheço sua história, disse
Ângelo, em Ezequiel 28.11-19 até seu fim, quando será lançado no poço do
abismo. A começar de sua morada no Monte Santo de Deus até o dia em que será
recebido no poço do abismo (Is 14.18).
— Que revelação guardas
contigo Ângelo?
— Em Ezequiel 31.1-18,
Lúcifer é mostrado como uma árvore frondosa que se exalta. Mas é lançado no
Seol, continuou Ângelo.
— Aquele que detinha as
chaves do Seol, um dia será preso na mesma cadeia onde aprisionou a muitos (Ap
20.1-3), disse um dos anjos.
— Em Isaías 14.7-20, “toda a
Terra está descansada!” Veja no Livro, que este é o clamor com que começa a
profecia que se refere ao Milênio. Nesse texto, há um cântico do profeta
referindo-se ao dia em que Satanás for lançado no poço do abismo, ao mais
profundo do Seol. Ali, explica Ângelo, o cântico não é outra coisa senão a
alegria das faias, da terra, dos mortos e dos príncipes da terra, também
seduzidos por ele; um salmo de sarcasmo verdadeiro sobre o próprio Satanás.
— Comparado a nada (Is
14.10).
— Sim, o texto refere-se ao
que lhe dirão quando for lançado no profundo do abismo, concluíram.
Todos juntos observamos que os três textos
juntos revelam o total propósito profético, desde quando esteve no Monte Santo,
até sua expulsão com a terça parte dos anjos, às regiões celestiais, onde para
sua vergonha foi exposto na cruz ocasional (Ef 2.15, 16).
— Daí, disse Ângelo, para a
Terra, no meio da Septuagésima Semana de Daniel
(Ap 12.7-12).
— Depois de um tempo, irá
para o poço do abismo (Ap 20.1-3), de onde sairá definitivamente (Ap 20.10),
depois de cumprir mil anos de sentença, em domicílio... disse o Enviado.
— Os querubins do Trono estão
mais próximos do Deus Vivente que os 24 anciãos. Eles são responsáveis pela
condução do Trono e da glória de Deus. Estão em vigilância constante. Eles são
capazes de fazer muitas coisas de uma só vez, em direções opostas e ao mesmo tempo
(Ez 1). São vistos como rodas, relâmpagos, trovões, fogo, olhos. São
condutores, são somente adoradores! Eles não estão próximos para verem
defeitos. Não há imperfeições no Deus vivente! Eles estão próximos para adorar
e servir, explicou o anjo.
— Mas não existiam somente
cinco querubins. Existem mais, pois os vemos em diversas circunstâncias. Um
deles guardando a Árvore da Vida (Gn 3.24). Ele está guardando o caminho da
Árvore da Vida!
— Os querubins guardam as
coisas preciosas do Reino? Perguntou Ângelo.
— Eles também reciclam a
glória que ao Reino é enviada.
— É uma classe especial,
disse um do coro.
— E os serafins? Perguntou o
representante da Terra.
— Os serafins são os mais
próximos do Deus vivente, depois dos querubins, disse Enviado. Os querubins
estão na tampa da Arca! Isto quer dizer que eles estão no Trono. Já os
serafins, estão relacionados como Altar de Incenso. Eles são os que tiram brasa
do altar e com elas tocam as pessoas, explicaram os anjos.
— Eles tocaram os lábios do
Profeta Isaías. Tocaram o corpo de Daniel. Eles não estão relacionados ao
Trono, mas ao Altar do Trono (Ap 8.1-3)! Assim como os querubins estão
guardando a glória e as coisas preciosas do Reino, os serafins guardam tudo que
se relaciona à santidade de Deus!
Sentia-me mais leve à medida
que caminhávamos. O anjo me disse que antes de darmos a volta, iríamos
encontrar um dos arcanjos.
— Sim, os arcanjos! Que
admiração tenho por Miguel, o arcanjo de Israel, exclamou Ângelo.
— Os arcanjos têm voz
poderosa. São anjos de ordens executivas e definitivas. Eles recebem ordens
para os acontecimentos escatológicos. Sua voz será ouvida pelos mortos (1 Ts 4.
16). Eles darão início à luta contra Satanás na ocasião em que este for lançado
e expulso para a Terra (Ap 12.7-12)! São eles que enfrentam os principados (Dn
10) na barreira entre o céu e a Terra. No meio deles está Miguel. Lemos de seus
atos em Daniel, Judas e em Apocalipse. Este arcanjo tem grande autoridade. O
diabo conversou com ele, sem ofendê-lo, porém em Apocalipse 12, Miguel lutará
contra ele e o vencerá poderosamente, lançando-o por Terra, Esta batalha vai
ser diante de nossos domínios, disse o anjo. Nós vamos lutar com ele!
— Um arcanjo dará a voz de
comando para o arrebatamento da Igreja. Estes tipos de anjos são vencedores.
São especialistas em lutas travadas no mundo espiritual. Eles fazem tremer os
principados e potestades. Quando um arcanjo vem em ajuda de um dos anjos
mensageiros, é porque sabem que estão sendo impedidos pelos inimigos.
— Mas há uma coisa que eles
não podem fazer: Expulsar demônios!
Eles podem lutar contra eles
e vencê-los. Não podem repreendê-los por sua autoridade. Eles dizem: “O Senhor
te repreenda”. Esta glória pertence à Igreja. Você pode dizer aos demônios: “Eu
lhes ordeno que saiam em nome de Jesus”. Nós deixamos isto para Deus. Nós não
resolvemos isto assim, disse o anjo.
— E vocês?
— Nós, os anjos mensageiros,
somos enviados. Recebemos ordem diariamente e comparecemos constantemente na
presença de Deus. Deus mesmo vem estar conosco em lugares determinados.
Executamos ordens a respeito de quem formos comissionados. Mas a maior de
nossas tarefas é ajudar aos herdeiros da salvação na Terra (Hb 1.14). Todo o
nosso oficio é estabelecido para que o propósito de Deus se cumpra de fato! O
interesse de nossa ajuda está condicionado à herança da salvação de vocês,
disse o anjo. Temos muitos ofícios: Anunciamos nascimento, como Gabriel. Ele é
especialista em anúncios de crianças que vão mudar a História em Deus.
Geralmente o seu anúncio parte do pressuposto “impossível”; anunciamos
boas-novas celestiais; fazemos festa por um pecador que se arrepende; ajudamos
a herança de nossa salvação; ajudamos na dispensa de coisas relacionadas ao
mundo físico.
— Com todas estas
habilidades, não entendo bem porque você constantemente está dizendo que somos
mais importantes que vocês, como sendo a Igreja de Cristo?
— Não podemos pregar o
Evangelho agora, por causa da dispensação da graça. Os olhos da alma dos homens
não estão abertos, e por isso não nos podem ver agindo de maneira nenhuma. Na
dispensação da plenitude dos tempos por causa dos sofrimentos dos homens, eles
nos verão claramente em grande tribulação, porque os olhos da alma serão
abertos, mas a Igreja não estará na Terra (Ap 14.5, 6), virá para a Cidade.
Nós, os anjos, não podemos pregar o Evangelho enquanto a Igreja estiver na
Terra. O Arrebatamento da Igreja é fator preponderante para nós! Quando Sodoma
ia ser destruída o Senhor esteve ali pessoalmente em forma de anjo e disse para
Ló: “Nada poderei fazer, enquanto não tiveres ali chegado”. Ló (Gn 19.19-23) é
tipo da Igreja que é salva antes da Grande Tribulação, e Zoar, a cidade alta
onde ele se refugiou, e que por sua causa não foi destruída, é tipo da Nova
Jerusalém, onde a Igreja se refugiará (Sl 46).
— Então, crer que a Igreja
passará a Grande Tribulação é crer que Apocalipse 14.5,6 é utopia! Replicou
Ângelo.
— Nós, os anjos, não podemos
atuar enquanto a Igreja estiver na Terra, disse Miguel, ao se aproximar de nós,
em voz maviosa, que produziu um silêncio reverente entre os anjos. E continuou:
— Não podemos destruir a
Terra (Gn 19.22); não podemos pregar o Evangelho (Ap 14.5,6) no período
competente à Igreja.
— Eu estive com Pedro em
Jerusalém, disse Enviado. Estive na prisão na noite fria, poderia ter pregado o
Evangelho a Cornélio, mas não era minha competência. Nesta época de graça,
somos enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação; não somos
enviados para conceder o dom da salvação (Hb 1.14). Isto significa que nós
somos enviados para facilitar a salvação daqueles que hão de herdá-la! E o anjo
disse a Cornélio: “Manda chamar a Simão... e ele te dirá o que deves fazer”.
Provemos a oportunidade, os homens podem aceitá-la ou rejeitá-la. Esta
autoridade e este poder pertencem à Igreja, hoje! Faça sua parte!
O ALTAR DE OURO
“Depois do trono, o altar de
ouro é a mais importante peça do Trono”. Foram as palavras que Ângelo ouviu do
anjo, ao aproximar-se do trono.
Ao caminharmos examinávamos o
livro e líamos alguns textos da carta aos Hebreus:
“Temos um sumo-sacerdote tal, que se assentou
nos céus à direita do trono da Majestade, ministro do santuário, e do
verdadeiro tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8.1,2).
“Mas Cristo, tendo vindo como
nosso sumo-sacerdote dos bens já realizados, por meio do maior e mais perfeito
tabernáculo (não feito por mãos, isto é, não desta criação), e não pelo sangue
de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no
santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção”.
“Tendo, pois, irmãos, ousadia
para entrarmos no Santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele
nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne, e
tendo um grande sumo-sacerdote sobre a casa de Deus...” (Hb 10.19).
“Depois disto olhei, e
abriu-se o santuário do tabernáculo do testemunho no céu; e saíram do santuário
os sete anjos que tinha as sete pragas...” (Ap 15.5, 6a).
“Os quais servem àquilo que é
figura e sombra das coisas celestiais, como Moisés foi divinamente avisado,
quando estava para construir o tabernáculo; porque lhe foi dito: Olha, faze
tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou” (Hb 8.5).
— Nem uma só peça do
Tabernáculo Terreno é independente por si mesma de seu equivalente tabernáculo
celeste. O tabernáculo terreno é uma cópia do verdadeiro tabernáculo. Não
podemos entender o tabernáculo terreno sem conhecer sua equivalência real.
Qualquer peça, qualquer figura, qualquer verdade é paralela (Hb 8.1,2; 10.19;
Ap 15.5, 6a; Hb 8.5), comentamos juntos.
— Isto significa, claramente,
que todas as peças do tabernáculo de Moisés são figuras das peças que estão
aqui no tabernáculo celestial.
— Sim, disse o anjo. Houve
diferença em quantidade entre as peças do tabernáculo de Moisés e o templo de
Salomão. Algumas coisas foram acrescentadas nos dias de Davi e Salomão para o
templo. Veremos esta diferença depois.
— Mas sem o livro de
Apocalipse, o livro de Hebreus não teria paralelo. Graças ao Espírito Santo,
temos o livro de Apocalipse, disse Ângelo.
Chegamos ao altar.
Outra vez lemos no grande
livro do Verdadeiro Tabernáculo. O Altar de Incenso está aqui diante do Trono
de Deus. Ele é medida de anjo (Ap 21.17). É grande (Ap 21.10). Todas as
respostas de oração, ou qualquer atitude angelical ou divina, estão intimamente
ligadas ao Altar de Incenso. O Altar de Incenso, depois do trono de Deus, é a
peça mais importante do tabernáculo celestial.
— E a Arca? Perguntou Ângelo.
— A Arca do Testemunho, no
tabernáculo terreno é tipo do Senhor Jesus Cristo e do trono de Deus; o
propiciatório, que é a tampa da arca, é tipo do trono.
O fogo diante do altar de
Deus jamais se apaga. Dele os serafins tiram as brasas com a tenaz e operam
purificação, eliminando a iniqüidade dos ministros de Deus que se consagram a
Ele. Os serafins de Deus estão de olho no Altar de Incenso. Eles fizeram isto
com Isaias (Is 6.1,2) e com Daniel (Dn 10.16). O trono de Deus é cuidado pelos
quatro querubins que ali estão (Ap 4.7, 8).
— Mas os serafins cuidam do
Altar. Por isso vemos alguns anjos vestidos com as vestimentas sacerdotais
reais (Ap 15.6-8); linho puro retrucou Enviado.
— Alguns anjos que cuidam do
altar, recebem o incenso dos querubins (Ap 19.7; 8.3).
São os querubins que providenciam os incensos
para os anjos especiais que cuidam do altar. Os anjos que cuidam do altar
possuem incensários de ouro (semelhantes àqueles que os sumos-sacerdotes usavam
quando ministravam no Antigo Testamento). Mas são os querubins que provêem o
incenso. O incenso chega até eles de maneira extraordinária. Porque o incenso é
a única coisa que não é produzida no céu, mas na Terra. É a Igreja, através do
Espírito Santo que produzo incenso. Porque o incenso é feito de oração, louvor
e adoração dos santos (Ap 5.8; Ap 8.3). São os anjos que levam o incenso até o
céu (Lc 1.5-15). Mas ele não vai diretamente para Deus, embora chegue ali no
mesmo dia que é produzido. As orações são levadas para as taças que estão nas
mãos dos 24 anciãos que estão ao redor do trono, divididos em grupos. O céu
necessita desesperadamente de incenso. E por isso que o pai procura
adoradores...
A correspondência do
Tabernáculo Celestial às coisas terrenas é maravilhosa e necessita ser aplicada
às verdades bíblicas que foram esquecidas. Vejamos:
— O Santíssimo é o trono,
explicou-me.
— O lugar Santo é a cidade,
adiantei-me.
— E o átrio? Perguntou-me.
— O átrio...
— O átrio é fora da porta! É
a cidade de Jerusalém, onde o Cordeiro entregou sua vida.
Todas as verdades
estabelecidas no céu, manifestadas na Terra, através dos símbolos e tipos, não
podem ser compreendidas pelos homens, até o momento em que eles possam ter uma
visão pessoal na presença do Trono de Deus. O nível da sabedoria de Deus, e o
nível em que Deus se move, em sua dimensão eterna, são absolutamente
incomparável em tamanho, medidas e circunstâncias, glórias, luzes, louvor, e
tudo aquilo que o homem viveu em seu mais sublime estágio. Se Deus começa a
falar na sua sabedoria, é loucura para o homem. Deus tem que se limitar à mente
humana, tão pequena em relação à sua visão e majestade. Assim, toda sabedoria
de Deus, apesar de ser grande, deve ser limitada, em comparação a sua
verdadeira manifestação.
— E as taças dos 24 anciãos?
Perguntei.
— Os 24 anciãos são
sacerdotes reais. Eles não são sacerdotes iguais aos sacerdotes da ordem
levítica. São sacerdotes segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7.7-11; Ap 1.6),
porque Melquisedeque era Rei, Sacerdote e Profeta. Ele todo era um dom de Deus.
Não lestes que Deus mudou o sacerdócio levítico, no livro de Zacarias? Satanás
estava constantemente diante do sacerdote Josué, por causa de suas vestes
sujas. Satanás não queria deixá-lo ministrar. Assim ficou o sacerdócio levítico
durante muitas etapas de anos. Mas o anjo do Senhor repreendeu Satanás com a
repreensão de Deus (Zc 3.1,2). Disse: “Não é este um tição tirado do fogo?”
— O que significa isto?
— Isto significa que Josué é
um representante de um remanescente, embora sujo diante do anjo. Aquele anjo
tinha autoridade sobre os serafins (Zc 3.4). Porque são os serafins que limpam
e substituem os trajes sujos pelo pecado. Então as vestimentas do
sumo-sacerdote foram trocadas por vestes festivas. Mas lhe foi dito que viria
um sacerdote, o Renovo, que é Cristo.
— Ah! Então é por isso que na
outra visão (Zacarias 6.11), Josué é usado como modelo! Mas a realidade aponta
para Cristo: O Renovo, coroado de coroas de prata e ouro.
— Esta é uma das razões
porque os anciãos estão coroados e vestidos de vestes sacerdotais, ajudou
Ângelo.
— Mas veja que Josué é
sacerdote da ordem de Jeozadaque, da ordem que foi escolhida por Deus por
méritos para servir de sacerdócio nos dias do Reino Milenar de Cristo (Ez 45).
Josué era um protótipo de Cristo, o Sacerdote-Rei. Aquela visão significa que o
sacerdócio de Levi será restaurado em Jeozadaque, como Josué, nos dias do reino
de Cristo.
— Sim, à semelhança do
sacerdote visto em Zacarias 6.11, aqueles 24 anciãos, com vestes sacerdotais
novas e coroas sobre a sua cabeça estão, em redor do trono.
— Mas o que eles fazem ali?
Perguntou Ângelo.
— Eles são os reais tipos dos
24 turnos que Davi instituiu no templo. O livro de 1Crônicas, capítulo 24, nos
revela que Davi fez mudanças no sacerdócio por causa da ociosidade que havia
entre eles devido não haver mais necessidade da condução do tabernáculo (1 Cr
23.26, 32), por isso foram redistribuídos para o serviço do santuário. Por isso
foram distribuídos em ordens, em turnos. Este número é muito significativo para
Davi e para Deus (1 Cr27): 24 turnos, 24 mil... etc. “Duas vezes doze...”,
continuou o anjo.
— Juntamente com os turnos
dos sacerdotes que foram instituídos para ajudar os príncipes de Deus
(sumos-sacerdotes) e os príncipes do santuário, que eram chefes do santuário (1
Cr 24.5), também Davi introduziu ousadamente os 24 turnos dos cantores, que
tinham por líder Asafe. A função deles era gloriosa, porque eles foram
instituídos para tocar, cantar e profetizar cantando.
— Isto é glorioso! Exclamou
Ângelo.
— Asafe foi o responsável
pelo louvor diante da tenda que Davi ergueu perante o Senhor, no mesmo lugar no
qual o templo de Salomão foi erguido (1 Cr 16.37).
— Por que os grupos foram
separados? Perguntou o varão.
— Os grupos que foram
introduzidos por Davi não ministravam juntos. Um grupo, que era o grupo dos
sacerdotes, ministrava em Gibeão, onde estavam todas as peças do tabernáculo de
Moisés, exceto a arca, que estava em Jerusalém. Mesmo assim eles ofereciam
holocaustos contínuos conforme a lei (1 Cr 16.39, 40).
— Isto traz à luz
significados extraordinários!
— Jesus não está mais na
Terra com os homens, mas vocês devem sempre oferecer-lhe sacrifício de louvor
(Hb 13.15)! Jesus estava aqui no céu, que corresponde à Jerusalém, onde estava
a arca no tabernáculo de Davi, diante da qual estavam os cantores, com Asafe.
Isto significa que os cantores estavam mais perto, muito embora eles
precisassem dos sacrifícios oferecidos em Gibeão para continuarem ali.
— Isto explica a permanência
dos 24 anciãos na presença de Deus, disse Ângelo.
— Eles precisam da Igreja
para oferecer louvor e das orações em incenso perante o Senhor. Os grupos
estavam separados, mas unidos no propósito de glorificar a Deus! Um grupo em
Gibeão, outro grupo em Jerusalém. Um grupo na Terra e outro grupo no céu (Ap
5.8; Rm 8.26). O grupo dos 24 de Jerusalém cantava e profetizava porque não
estava diante do altar de holocausto de Gibeão. Era um louvor profético
majestoso! O grupo de Gibeão oferecia os sacrifícios por fé, muito embora não
ouvisse a música dos cantores de Jerusalém. Era algo maravilhoso aos olhos de
Deus! Mas ambos entravam diante de Deus.
— Um grupo entrava com sangue
até o altar de incenso, disse Ângelo. E outro, já diante da arca, entrava com o
seu correspondente, diante de Deus, com louvores.
— O que representam os 24
anciãos? Perguntou Ângelo.
— Os 24 anciãos representam a
Igreja na Terra, enquanto eles estão diante de Deus. Os 24 cantores liderados
por Asafe cantavam e ofereciam louvores proféticos diante da tenda erigida por
Davi (1 Cr 15.1, 16; Lc 1.5-12). Os 24 grupos de sacerdotes, profetas cantores
permaneceriam diante da tenda com os seus porteiros, em Jerusalém. Eles sabiam
que os outros grupos de sacerdotes trabalhavam simultaneamente a eles em
Gibeão! Assim são os 24 anciãos nos céus. Como Asafe, eles têm harpas e como os
sacerdotes liderados por Zadoque, eles têm taças, que são incensários que
contém as orações dos santos (Ap 5.8). As harpas que eles tocam representam o
louvor profético que eles oferecem equivalente aos cânticos espirituais
oferecidos pela igreja (Ef 5. 19,20; Cl 3.16). Todo cântico espiritual é um
louvor profético, uma exaltação profética oferecida ao Senhor. Estes são os
altos louvores de Deus, uma honra que têm os santos (Sl 149.6,9). Mas as taças
que contêm as orações dos santos, que são incensos (Ap 5.8), não ficam ali.
Elas são oferecidas diante do altar de incenso. Esta é uma das razões do porquê
o altar de incenso existir. Ali são oferecidos incensos diante de Deus. O altar
recebe as orações dos santos. Isto significa que, quando o incenso ali é
derramado, as orações são ouvidas (Ap 8.1-5). Agora, as orações estão divididas
em orações normais, concordância de coisas equivalentes à vida cristã e comum à
Igreja, como orações devocionais, vocacionais, ministeriais, naturais,
congregacionais, etc; há também orações proféticas — como a oração do Pai
Nosso, como a oração de Moisés, como a Bênção de Jacó, de Moisés etc. As
orações devocionais vão para as taças dos 24 anciãos. Como eles são 24, cada
ancião oferece as orações de acordo com os fusos horários, que são 24. Isto
significa que as orações são ouvidas no mesmo dia (Dn 10.12). Há os anjos que derramam
as orações diante do altar. Há os anjos que as respondem (Dn 10.11; Ap 8.1-3).
Mas como os querubins são os que provêm a glória de Deus em todos os sentidos,
também são eles os que colhem dos 24 anciãos os incensos (Ap 15.7): “Um dos
quatro seres viventes deu aos sete anjos, sete taças de ouro, cheias de ira de
Deus...”. As orações proféticas dos santos também se acumulam como se fosse a
própria ira de Deus guardada para o dia do Juízo.
— Isto é maravilhoso! Mas por
que os anjos derramam incenso ali?
— É no altar de incenso que
as nossas orações são depositadas depois de permanecerem nas taças dos 24
anciãos ou depois de terem permanecido no incensário profético de ouro dos
santos (Ap 8.1, 3). É importante saber que os anjos de Deus somente têm ordem
de Deus a respeito do cumprimento de nossas orações se elas forem derramadas
diante do altar de Deus. Isto deve ser feito diária e continuamente. Isto
significa que devemos permanecer diante do Trono de Deus diuturnamente, como
aqueles 24 anciãos e os quatro seres viventes.
— Há outras funções do Altar?
Perguntou Ângelo.
— Sim, respondeu Enviado. De
acordo com as orações dos santos, o juízo será estabelecido sobre o reino das
trevas. A ira de Deus se acumula nas taças e nos incensários de outro. Vai
chegar o dia em que Deus começará a derramar o incensário de ouro profético no
altar, como tem feito hoje, agora, com as orações devocionais. Será o mesmo
mecanismo, no que concernir às orações proféticas, assim será (Ap 8.1-3).
— Por isso vemos que é do
altar que saem todas as decisões divinas, resultado de nossas orações atuais?
— Sim, o juízo será
estabelecido na Terra e concordado nos céus (Mt 18.16).
— Isto significa que nós
somos responsáveis pelos atos de Deus no juízo (Ap 14.17, 18)?
— Sim, Deus não é um ditador.
As nossas orações são levadas pelos anjos como incenso, fabricado na Terra, da
Terra para o Trono; elas trabalham e influenciam o trabalho de Deus. Diante do
trono, muita coisa é feita, mas ninguém chega diante do trono de mãos vazias,
sem primeiro deixar no altar, o incenso do louvor e da oração (Ap 14.3). Lá são
entregues ao ancião do fuso horário equivalente à hora que foi feita e
recebida. Dali um dos sete anjos leva a oração ao altar de incenso e em fumo é
recebida às narinas de Deus. Depois os anjos regressam com as respostas. Agora
o segredo é perseverar para que com a cobertura de oração os anjos passem a
barreira e a resposta chegue. Isto foi o que vimos acontecer com Zacarias (Lc
1.5-11). No altar, nessa hora, saem trovões, simbolizando respostas dadas às
reações divinas quanto as blasfêmias dos homens; o altar de incenso é um dos
mais perfeitos antítipos celestes. O altar é vermelho e ouro.
— O que foi colocado nas
pontas do altar? Perguntou Ângelo.
— Ao ressuscitar, Jesus
compareceu diante do Pai, para depositar o sangue da aspersão (Hb 12.22-24), de
acordo como faziam os sacerdotes vetereo testamentários. O sangue da aspersão
era resultado da morte expiatória do Cordeiro que era oferecido no primeiro
altar que ficava no átrio, chamado altar de holocausto. O sangue era trazido
para o interior do lugar Santo onde ficava o altar de incenso, onde, em suas
quatro pontas era aspergido, daí era aspergido sobre o propiciatório, no
Santíssimo lugar.
— Não há véu diante do altar
do incenso? Perguntou Ângelo.
— Não, disse o anjo.
— Por que o Apóstolo aos
hebreus nos diz que o altar de incenso está junto com a Arca do Testemunho, se
o Velho Testamento inteiro nos diz que o altar de incenso estava junto com a
mesa dos pães da proposição e do Candeeiro de ouro, no lugar Santo? Inquiriu
Ângelo (Hb 9.1-3).
— Quando falarmos da arca, te
responderei, mas somente o véu separava o lugar Santo do lugar Santíssimo.
Logo, as outras peças do lugar Santo estavam tão próximas da arca quanto o
altar, embora o altar estivesse mais próximo. Com o véu rasgado, o altar de
incenso se aproxima definitivamente da Arca e do propiciatório, que representam
a pessoa e o Trono de Deus, o caminho novo e vivo que Cristo inaugurou e abriu
o céu para os anjos também (Jo 1.18), tirando a separação entre o trono e o
altar, entre a nossa parte e a parte de Deus. O véu rasgado mostrou o novo e
vivo caminho que Cristo inaugurou no céu e que foi manifestado na Terra (Mc
15.38). A habitação de Deus então, preencheu toda a cidade e Ele foi conhecido
dos anjos e a glória do Senhor resplandeceu e “encheu toda a casa” (2 Cr 7.1,
2). Por isso o Verbo se tomou Cordeiro; tornou-se a lâmpada de toda a cidade
(Ap 21.23):
— Isto significa que “era um
só coração e a alma dos que criam” (At 4.32). Alma e espírito sem o véu! Disse
Ângelo.
— Ângelo, Ângelo! Disse o
anjo.
Os 24 anciãos continuaram no
modelo do tabernáculo de Davi.
— Justamente porque o altar
traz as marcas do sangue de Jesus, o lugar Santíssimo, que corresponde ao trono
de Deus, contém a aspersão do sangue, que nos santificou urna vez para sempre
(Hb 10.29), é que podemos entrar com toda ousadia diante do trono de Deus (Jo
17.19). O ato do sangue de Jesus ser aspergido diante do altar e do trono
significa que ele nos santificou por seu sangue. E como santificação, de acordo
com Levítico 27, é o ato de depositar uma importância equivalente ao preço da
pessoa que fazia o voto especial de santificação perante o sacerdote para o
santuário, e isto somente podia ser feito de acordo com o ciclo do santuário,
que eram ciclos de prata. Jesus também vos santificou não com ouro ou prata,
mas com o seu próprio sangue, deixando diante do verdadeiro santuário o seu
sangue, como sendo a equivalência do vosso valor diante de Deus! A aspersão do
sangue de Jesus é o depósito de vosso valor diante de Deus. A aspersão é a
vossa própria santificação e a aspersão envolveu o altar de incenso (Lv
16.11-14; 18.19), explicou Ângelo.
— Agora posso compreender
estas vestes salpicadas de sangue que ele deixou no santuário, ele as vestirá
no dia da batalha do Armagedom (Ap 19.13,14), disse Ângelo. Entendo porque
estas vestes salpicadas não podiam ser vistas pelo povo, mas deveriam ser
trocadas no próprio interior do santuário (Lv 16.24). Porque haverá o dia em
que o Filho se apresentará para mostrar o que houve no Lagar da Cruz (Is 63.3).
O mundo verá e agonizará.
A IGREJA DOS
PRIMOGÊNITOS
Foi-me permitido ver a Igreja
dos Primogênitos. Que maravilhosa assembléia de santos. Não posso expressar a
intensidade da magnitude da sabedoria que envolve cada um destes santos, homens
e mulheres de Deus que ali estão para louvor de Sua glória. Eles são o Livro em
pessoa, eles são a profecia personalizada, eles são amados do Altíssimo. Ali
estão reunidos e não estão preocupados com o tempo, porque já entenderam a
dimensão em que estão; se movem na eternidade. Eles sabem que um dia para Deus,
é como mil anos para nós!— Por que a Igreja dos Primogênitos tem esse nome?
Perguntou Ângelo a Enviado.
— Do ponto de vista
histórico, ela é assim chamada, por causa do propósito universal de Deus e seu
ofício sacerdotal, também universal, explicou Enviado. Todos os que creram na
vinda do Messias, antes da morte de Cristo e foram justificados pela fé, são
chamados Primogênitos.
Caminhamos em direção à assembléia,
lugar aonde se reuniam os justos, os santos, assim chamados de Primogênitos.
Pus atenção no brilho que fazia diferença entre todos, e que residia em alguns
dos Primogênitos que ali estavam estabelecidos para louvor da majestade do
Senhor.
— Veja Enoque! Elias! Aquele
não é... (enquanto admirado exclamava meu gozo...).
— Sim, Moisés! Este é Moisés!
— Mas aquele não é João
Batista? Perguntou Ângelo.
— Aquele é João Batista!
Porque ele brilha mais que Simeão? A posição que ele ocupa aqui é mais elevada
àquela que muitos outros deveriam estar.
O anjo meneou a cabeça e
disse:
— Pare um pouco e pense
Ângelo. Você sabe o porquê. Tudo já te foi explicado através do Livro, do
Logos...
— João é o maior dos que são
da lei, menor do que aqueles que são da graça. Isto é compreensivo, disse o
anjo.
— Sim. João foi gerado antes
de Jesus, mas não recebeu o Espírito Santo antes de Jesus. Zacarias ouviu a
promessa de que João seria cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe;
mas esta se cumpriu seis meses depois, quando o Espírito Santo estava em Jesus,
em Maria. Jesus tinha proeminência, e dali do ventre de Maria saiu o Espírito
Santo para João. Foi isto que João, mais tarde, o reconheceu facilmente no
Jordão, como aquele que batizava com o Espírito Santo e com fogo, explicou
Ângelo.
O anjo tomou uma pluma de
ouro e começou a traçar os tempos, e a explicar-me:
— A Igreja dos Primogênitos
inclui os da fé universal, que creram antes do chamamento de Moisés, e os da
família de Abraão, que creram através do tempo da Lei. De Adão a Moisés, todos
são das primícias da graça. Estes são os primogênitos da fé. Os outros são de
Moisés a João. João não é o maior que os primeiros, mas sim, igual a eles!
Todos os que creram nos dias da Lei são menores que João, e o menor da graça, é
maior que ele!
As palavras foram saindo da
minha boca:
— Sim, é verdade. João foi
posto como maior sobre todos os que são da Lei. Sua posição deve ser superior
porque é um profeta e nazireu. Todos os nazireus são consagrados especiais para
obras especiais. Os nazireus são a exceção da regra. João era um sacerdote
segundo a ordem de Levi, mas não usou deste privilégio, e por isso não foi
incumbido de nada relacionado ao sacerdócio nacional e limitado de Levi. Sim!
Porque não percebi isto antes? Por outro lado, João batizou o elemento
profético, o Messias! Foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe!
— Que oportunidade específica
para João levantar-se como o maior dos que estão sob a Lei! Perceba sua posição
celestial no Reino de Deus, mostrou-me o anjo.
Fui levado ao pátio da
assembléia, e percebi um Organograma Celestial com os nomes dos profetas e dos
Primogênitos. Era uma réplica do Livro da Vida de cada um deles e sua
importância no propósito de Deus. O traçado era incomparável.
— Veja aqui, Ângelo: Desde o
princípio, esta ordem é a ordem lógica dos Primogênitos. Observe a cadeia até
chegar ao Primogênito da Criação, e para aquele lado direito, até chegarmos ao
Primogênito dos mortos. Deste ponto de vista em diante, outro sentido... até chegar
ao Primogênito dos irmãos. Perceba: Tudo termina e começa como Primogênito!
Não havia outra palavra para
expressar o que estava vendo diante de mim! Voltei atrás na ordem cronológica.
Não me mexia. Como uma grande roda que se movia, percebi claramente todo o
propósito universal do Reino de Deus.
— Aquele é Abel. E aquela
marca que sai desde seus pés, até ao Tabernáculo, o que significa?
— Significa o clamor do
sangue de Abel. Seu clamor é poderoso. Pede por justiça. A medida que o tempo
vai passando, outros clamores vão sendo feitos da Terra. Nenhum sangue
derramado inocente na Terra deixará de ser justificado e descoberto. O poder do
sangue é grande. Mas o sangue de Abel se afunila a partir de certo tempo...
porque o sangue do Cordeiro começa a aparecer à medida que o sangue de animais
eram oferecidos, como tipificando seu sacrifício.
Fui levado mais adiante. Estava cada vez mais
motivado a entender melhor tudo aquilo.
— Sim! Quando o Cordeiro foi
imolado na cruz, elimina todo tipo de sacrifício pelos pecados dos homens.
Jesus morreu por todos os homens, disse Ângelo. Já não restam sacrifícios pelos
pecados, porque só há um sacrifício capaz de perdoar pecado: o de Cristo.
— Mas se o mundo o rejeitar,
estará perdido e todo este sangue cairá sobre sua cabeça como juízo e
condenação, disse o anjo.
— O mundo não o rejeitará?
— Sim, muitos o rejeitarão,
mas não será por isso que ele será condenado, disse o Enviado.
— Por que será condenado?
Perguntou Ângelo.
— O mundo será condenado não
por causa de seus pecados, mas porque rejeitou o Salvador dos pecados!
Por minutos, tentei chorar. Nesta hora, entrou
no céu um anjo, rapidamente, com uma taça de ouro. Continha a colheita de
lágrimas dos que choravam numa taça de ouro e a levava a um dos 24 anciãos. As
lágrimas saíam por meus olhos na Terra, quando eu tentava chorar no céu.
— Por que ele faz isto?
Perguntei atônito a Enviado.
— E o que ele faz por você,
já faz há muitos anos. Ele é o anjo que foi enviado para tua proteção e
serviço, desde o dia em que foste gerado no ventre de tua mãe. Ele sabe tudo a
teu respeito.
Comecei a sentir uma grande
emoção dentro de mim e gemia, adorava e clamava. Muitas surpresas tive naqueles
momentos. Desejei conhecer melhor o anjo que me fora enviado.
— Desejo conhecer meu anjo,
disse Ângelo.
— Apresentar-se-á a ti, no
momento oportuno. Agora ele não pode vir a ti. Quando voltares à tua missão,
encontrarás com ele. Ele te fará passar para o outro lado do Vale... se unirá a
ti outra vez, mas não poderás vê-lo claramente.
— Que Vale? Perguntou Ângelo.
— Não te lembras mais? O Vale
da sombra da morte! Teu corpo está em coma, há muitos meses. Você está vivendo
por máquinas. Não te lembras? O teu anjo está cuidando do teu corpo.
— Estou consciente?
Perguntei.
— Sim, estás pessoalmente aqui
no céu. Tua mente está aqui, mas teu espírito humano está no teu corpo, na
Terra. Ele garante a tua volta como um selo. Você não pode permanecer ou vir ao
céu, em espírito e alma, a não ser depois que passares da vida humana para
viver a vida eterna. Qualquer pessoa salva que morre não pode habitar aqui para
sempre, sem que ao menos seu espírito e alma estejam aqui completamente. Em seu
caso, você está aqui em alma. Como ela é espiritual, pode-se dizer que estás
aqui em espírito. Também por causa do relacionamento entre o teu espírito, alma
e Espírito Santo, e pela importância do véu rasgado do teu coração, teu ser
tornou-se dia a dia, um só. Tua mente está aqui agora, porque o Espírito Santo
está em ti. Tua mente, vontade, sentimento e coração, estão aqui agora. Seu
espírito humano garante a sobrevivência de teu corpo até agora. Se ele saísse
agora mesmo do teu corpo, você teria que ficar aqui para sempre, Ângelo. O
Poderoso Senhor em sua Onipotência, não permite que ninguém toque em teu corpo
no hospital, ou desconecte nada ali na Terra, por causa da vigilância dos anjos
que agora mesmo trabalham contigo na Terra. Muitas vezes algumas pessoas
comparecem aqui no céu em espírito humano, mas sua mente permanece no corpo.
Por isto eles não conseguem lembrar nada do que aconteceu aqui enquanto
permaneceram no céu. Eles não se dão conta do que viram aqui, no momento em que
chegam à Terra, porque estiveram aqui somente em espírito. Eles recebem uma
nova unção, mas não conseguem lembrar de nada, porque a mente deles permaneceu
na Terra. Esta é outra espécie de arrebatamento. Somente em casos especiais,
ocorre o contrário. O teu caso foi diferente. Tu te lembrarás de todas as
coisas, porque estás aqui pessoalmente, isto é, em alma. Quando passares o
Vale, sentirás saudades de casa. Vamos!
TEMPLO DO MILÊNIO
A cidade vai entrar no
universo e muitas características universais vão mudar.
— Aqui vai um mistério,
Ângelo, disse o anjo. Quando a cidade chegar ao seu destino, começará a ser
manifestada fisicamente na terra.
Percebi claramente que a
terra vai descansar. Com o advento do dilúvio a terra passou a sofrer variações
por causa da corrupção do mundo. A cidade sobre a terra dispensará a presença
da luz do sol e da lua. A cidade ficará sobre a terra, e não na terra.
— Quer dizer então que a
cidade ficará girando em torno da terra?
— Não! Absolutamente, não! A
terra é que vai girar em tomo da cidade! Este será o tempo suave dos homens.
Por isso os homens vão viver mais que normalmente e não haverá muito esforço em
todo o trabalho, que hoje é sinônimo de suor. O primeiro esforço da criatura
foi em função do pecado de Adão — suor e trabalho se conectaram. O primeiro
veio com a corrupção dos homens, após o dilúvio — frio e calor intensos,
explicou o anjo.
— Você sabe muitas coisas!
Isto é maravilhoso, disse Ângelo.
— Sim, tenho muitas
informações. Mas você tem muitas revelações. A diferença entre nós e vós é
muito grande. Eu conheço o tempo histórico e posso falar deles. Mas vocês têm a
fonte da revelação que é Cristo em vós. Nós não podemos ter este mesmo gozo.
Nós somos anjos, disse o anjo.
Outra vez me foi enviado um
dos sete anjos que se vestia de linho. Era conhecido como “Varão de linho” (Ez
10.2,6).
— Salve Ângelo, Homem
respeitado! Como te chamas? Perguntou Ângelo.
— Sou enviado a ti, como fui
a Daniel, Ezequiel e a João (Ez 10.2,6; Ap 10.1- 10; Dn 12.5-7).
O varão se manifestou das margens do rio da
vida. Era o varão do juramento profético (Dn 12.7; Ap 10). Ele está sempre
preocupado com o tempo do cumprimento das profecias. Ele veio a mim e levou-me
a uma sala que parecia um templo. Ao entrarmos no templo, fui levado aos dias
do templo do profeta Ezequiel. Anjos estavam ali. Não havia pessoas, somente
anjos. Assim, fui levado a uma sala dentre as centenas de departamentos do céu,
divididos por colunas. Há muitas colunas, em forma de palmeiras que embelezam
os edifícios celestiais. A rua de ouro passa na porta de cada mansão — são
milhares de milhares. O rio embeleza toda a cidade. Tudo é resplandecente como
o ouro no auge de seu brilho. Cada uma das 12 portas tem uma rua que em pisos
diferentes terminavam na rua áurea principal que conduz ao centro do trono. Os
rostos dos querubins do trono estão postos em cada ponto cardeal, ao norte, ao
sul, ao oeste e a leste. Como o trono fica no centro, no fim da rua e na parte
mais alta, de todas as entradas se pode ver o trono. O rio vem dando voltas no
Monte Sião à medida que a rua vem descendo e passa a cada porta. Há diversos
tipos de árvores em todo o monte de Sua presença. No alto, na última parte do
Monte Sião, como acima de uma coroa, o resplendor banhando de cima a baixo,
refletindo nas ruas até a última entrada por baixo. A cidade vem viajando no
espaço e por baixo não se pode notar, mas está firmada no alto do monte, nas bandas
do norte. De qualquer porta se pode ver o trono de Deus.
— Quando a igreja estiver
aqui, disse-me Enviado, e todos estiverem distribuídos em seus ofícios e
lugares, os quais o Cordeiro tem preparado (Jo 14.1-3), cada um saberá em que
porta deverá entrar. A direção de cada um será de acordo com o nome da porta.
Veja esta porta, disse o anjo.
— “Porta de Judá”, leu
Ângelo.
— Por aqui entram todos os
santos guerreiros e cantores-músicos do Cordeiro. De acordo com aporta, terão
seus domicílios.
— Aqui, disse Ângelo, estamos
na “Porta de Judá”, terceiro nível — são doze níveis no total, aonde está a
sala de recepção, na porta de Naftali.
Para que tenhamos uma visão da cidade, estamos
descrevendo sua divisão física para situarmos cada departamento que visitei.
Podíamos atravessar o monte de lado a lado por seus departamentos. Os anjos,
naturalmente o atravessam. Não há nenhuma coisa difícil para eles. Até que
enfim, chegamos a sala dos modelos dos templos de Deus, que, como disse, fica
bem perto da sala do planejamento da divindade.
— Vens para ver o templo da
Grande Tribulação e do Milênio. O templo foi visto por Ezequiel. Uma cópia
parecida à visão de Ezequiel será construída nos dias do Anticristo, mas será
usurpado e destruído no grande terremoto que dividirá a cidade a partir do
Monte das Oliveiras, quando o Leão da Tribo de Judá puser os seus pés sobre
ele.
— Ei! Como é lindo o templo!
Exclamou Ângelo.
— Observe Ângelo. Tudo se
assemelha à Cidade celestial.
— Tem muros! Os muros são de
pedras preciosas! Está ao norte (...) a fonte, a fonte! Exclama. Onde está a
Fonte de Gion?
— A fonte de Gion passou para
trás do altar do Holocausto. Esta fonte foi desprezada, mas tem um significado
grandiosíssimo! Do templo, no sul do altar sairá a fonte de águas que irá pelo
vale e atravessará em dois rios a cidade, com um braço ao oriente, até o Mar
Salgado e o Mediterrâneo, em duas estações.
Ao redor do rio, depois do
muro havia toda sorte de árvores e no rio, muito peixe!
— Quem são estas gentes com
roupas diversas aqui? — eram desenhos...
— São as pessoas que virão de
todo o mundo adorar o Cordeiro e trazer-lhe glória e honra. Virão e serão
curadas.
— Este é o significado do mar
de bronze que Davi ordenou a Salomão que construísse’? Inquiriu Ângelo.
— Sim. A bacia e o mar de
bronze sempre estiveram nos templos. Vês?
— Sim. Estas peças, observe o
rio do templo, são tipos da fonte de águas que haverá. Com a mudança física da
cidade, a fonte de Gion será a fonte do rio, no lugar da fonte de bronze, onde
os sacerdotes se lavarão, porque as águas serão santas!
— No centro do templo, as
câmaras sacerdotais são para a família da casa de Josadaque. A família de Arão
não será conhecida como a família dos sacerdotes, porque Zadoque assumirá a
ordem sacerdotal (Ez 44.9-13).
O templo de Ezequiel será
governado nos dias do Milênio pelo sacerdócio, segundo a ordem de Zadoque, da
mesma ordem de Levi transformada pela coroação sobre Josué ao sacerdócio,
segundo a ordem de Melquisedeque.
— Josué, um dia foi posto
diante do Anjo do Senhor (Zc 3.1) para ser preparado para a grande mudança
sacerdotal que haveria no sacerdócio no futuro (Zc 3.8; Hb 7.12).
— Qual Josué, perguntou
Ângelo?
— Não lestes em Zacarias, que
“Josué” da família de Zadoque, foi o sacerdote que se manteve fiel a Davi? Respondeu
o anjo. Por ter se mantido fiel ao reino, foi coroado pelo Senhor. Como
recebimento da coroa, o seu sacerdócio passou a ser reino e sacerdócio. O
sacerdócio de Zadoque era o da ordem de Levi, da família de Arão. Estava sujo,
corrompido e Satanás tinha o controle sobre eles! Mas Josué, depois do
cativeiro, se humilhou e se apresentou diante de Deus! Quem se humilha, chega
antes que Satanás, o acusador, na presença de Deus! Satanás não é onipresente,
ele depende das “fofocas” de seus demônios, mas o Espírito Santo é o
onipresente. Chega primeiro. O acusador é envergonhado e o acusado é
transformado (Zc 3.3,4). Josué representava toda a nação de Israel, porque Deus
tinha um propósito, o qual consistia em fazer da nação de Israel um reino de
sacerdotes já desde os dias de Moisés (Ex 19.5,6; 32.10). Mas Moisés não quis
que fosse assim. Os levitas foram escolhidos. Saíram em defesa do seu líder (Ex
32.28) e em lugar dos primogênitos, que também haviam falhado (Nm 3) foram
estabelecidos. A nação inteira foi substituída por uma tribo, Ângelo! O
propósito foi por um tempo posto de lado. Passaram-se muitos anos e o
sacerdócio de Levi se corrompeu centenas de vezes, tais como nos dias dos
juízes, nos dias de Eli; nos dias dos reis; nos dias de Saul; nos dias do pré-cativeiro;
nos dias pós-cativeiro; como no tempo de Zacarias, pais de João; nos dias de
Jesus, por Anás e Caifás.
— Quando foi a coroação de
Josué? Perguntou Ângelo.
— A coroação foi na presença
de muitos anjos e foi simbólica, nos dias do profeta Zacarias, depois do
cativeiro, um pouco mais de 400 anos antes de Cristo, antes do Messias se
revelar em carne.
— A coroação de Josué foi
feita pelo Anjo do Senhor e simboliza a transformação do sacerdócio levítico em
sacerdote real. O lugar de Arão é assumido por Zadoque e o propósito inicial de
Deus passa a ser uma promessa (Ex 19.5,6).
— Isto significa, Enviado —
interrompeu Ângelo — que o Senhor ainda quer fazer da nação de Israel um reino
de sacerdotes, ou melhor, um sacerdócio real?
— Sim. A coroação de Josué é
simbólica porque tipifica a união da tribo de Levi em Judá. Melquisedeque era
rei e sacerdote em Salém. Josué é toda a nação de Israel que no Milênio será um
reino de sacerdotes, mas também Josué representa a coroação do Renovo que é
Cristo, que segundo a ordem de Melquisedeque efetuou seu sacrifício como
príncipe e sacerdote e foi aceito.
— Por isto que o príncipe
poderá oferecer sacrifício no templo de Ezequiel? Observou Ângelo (Ez 45.22;
48.12).
— Exatamente, Ângelo.
Lembra-te de Davi, quando ofereceu o sacrifício diante do Anjo do Senhor em
Araúna (2 Sm 24.18-25) e quando se vestiu de sacerdote (2 Sm 6.14; Ex 28.42).
Foi a primeira vez que o Senhor permitiu a unidade do sacerdócio ao Reino até
Josué (Ez 44.15). Deus não pôde rejeitar a Davi. Ele entrou pela porta de
Melquisedeque.
— Nos dias do reino literal
do Filho na terra, o sacerdócio será nacional e não tribal (Zc 14.20,21).
Qualquer pessoa da nação que estiver em Jerusalém poderá servir na casa do
Senhor em suas vasilhas, porque as nações (como antes, as demais tribos faziam
em relação aos levitas) farão o mesmo com a nação sacerdotal de Israel (Is
60.4-9; Zc 14.14; Mq 4.1; Ez 48.19).
— E a Igreja? Por que é
chamada de Reino de Sacerdote? Quem prestará contas a ela?
— Como o sacerdócio segundo a
ordem de Zadoque será terreno, embora real, é inferior a ordem de
Melquisedeque, porque o sacerdócio da Igreja foi assumido por Cristo e sua
Igreja, aqui na cidade sacerdotal,Nova Jerusalém (1 Pe 2.9). Por isso, o
sacerdócio de Zadoque trará os dízimos dos dízimos a Cristo e sua Igreja (Ap
21.24).
Continuei a observar e vi que as salas de
música estão perto do átrio dos holocaustos. Estavam repletas de instrumentos
musicais (Ez 40.44).
— Aqui são as salas de
cantores e músicos, disse o anjo. Nenhum sacrifício será oferecido sem louvor!
Os sacrifícios serão acompanhados com o incenso do louvor, porque no centro do
lugar Santíssimo estará o trono do Cordeiro. Nenhum outro santuário tem salas
de música como este!
— A parte do lugar Santíssimo
está vazia? Observou Ângelo.
— Não, Ângelo, toda casa será
santíssima (Ez 43. 12), mas ali será posto o trono do Rei, a arca original, o
trono do Filho na Terra, no cento dos querubins, acima da arca (Ez 43).
— No templo não haverá véu?
— Não, não haverá véu. Toda a
casa será santíssima... Os músicos-cantores se inspirarão como Davi para entoar
cânticos ao Senhor como quando a arca estava na tenda. Os cantores cantarão e
ouvirão músicas celestiais, como as que nós cantamos aos pastores no dia do
nascimento de Jesus, disse o anjo.
Ali, naquele templo,as nações
virão para beijarem o Filho (Sl 2.10-1 2).Trarão suas riquezas a Jerusamá, mas
a Nova Jerusalém permanecerá no lugar alto (Sl 7.6,7). Ali os reis serão
aconselhados (Sl 2.12).
— Visitaremos esta cidade?
Perguntou Ângelo.
— Todos os dias, a Igreja
será vista sobre a cidade (Is 60.8), como pombas entrando e saindo. Ali serão
servidos pelos sacerdotes e comerá juntamente com o Rei (Ez 44.16).
Percebi que toda a cidade era
uma réplica da Nova Jerusalém. O rio (Ez 43.7; Ap 22.1-3); a água da vida (Jl
3.18; Jo 7.38, 39; Ez47. 1-3); as folhas das árvores (Ez 47.12); os príncipes
serão sacerdotes (Ez 46.2; Ap 1.5,6; Ap 5.8-10); tudo é Santíssimo e não há véu
(Ap 11.15; Ez 43. 12); as portas por onde o Rei entrou (Sl 34.7-10; Ez 44.1, 2;
Ap 19.11-14; Zc 14); sete dias para santificar o altar, iguais aos sete anos
antes da Igreja iniciar seu oficio sacerdotal literalmente (Ez 43.26,27; 1 Ts
5.9; Dn 9.26); portas redondas e rotatórias (Ez 41 .24; Ap 21.21); a
importância dos querubins (Ez 41.21; Ap 4.5); a cidade quadrangular, como o
Santíssimo; o templo medido por medida de anjo (Ez 40.3; Ap 11.1-3); todos os
que vivem na cidade, servem na cidade (Ap 5.9-10; Ez 48.19; Ex 19.5,6). Vimos
de fora os muros da cidade e fiz a penúltima comparação:
— Os muros da cidade estão
dispostos iguais aos muros da Nova Jerusalém.
Olhei as portas, apontei e
li.
— Ao norte, Rúben, Judá e
Levi.
Comparei:
— São iguais!
— Sim, Ângelo, disse-me o
anjo. Mas estes muros são da Jerusalém terrena. Compreenda. Mas este nome será
trocado por Jerusamá (Ez 48.35).
Minha última observação foi:
— Enviado, observo que o
Senhor estará nas duas cidades (Gl 4), Como será isto? O Senhor habitará na
Nova Jerusalém?
— Sim, o trono do Pai estará
na Nova Jerusalém até o Filho pôr todos os seus inimigos sob seus pés, enquanto
isto seu trono estará estabelecido na terra (Ez 43.1-5; Mt 25.31). No final do
seu reino na Terra, haverá a fusão dos dois reinos, do Pai e do Filho em um só
(1 Co 15.26,28).
— E depois?
— Passaremos “ao que será”.
Tu estarás lá! Vamos.
Havia uma palavra: “Senhor”.
— Venha, disse-me o Senhor,
vou-lhe mostrar algo.
Atravessamos a praça, do
outro lado do Trono havia um palácio de marfim (Sl 45). Era cheio de arcos, não
havia portas. Havia centenas de colunas que pareciam a palmeiras de copas
abertas à entrada norte. O palácio estava após a rua nas mesmas disposições do
trono, ao leste e oeste. Rodeava o trono, com exceção da parte sul. Todas as
cadeiras estavam centralizadas e dirigidas aos tronos. O palácio ficava atrás
do trono, separado pela rua de ouro. Todo o palácio era aberto na fachada que
dava nos tronos do Pai e do Cordeiro. Como o trono era quadrado e móvel, tudo
estava perfeitamente bem planejado.
— Senta-te! Disse o Cordeiro.
Sentamo-nos e ele começou a
descrever-me algo maravilhoso.
— Veja Ângelo (à medida que
falava, as cenas iam passando à minha mente de acordo a cada palavra), esta é a
sala das minhas bodas. Aqui receberei em casa a minha esposa ([1]).
Havia uma plataforma desde os
tronos à entrada aberta do palácio. Do lado de fora, uma rampa à direita e
outra à esquerda, ao sul, ao norte.
— Aqui, minha noiva, minha
igreja, declarará diante de meu Pai, seu amor por mim e eu a confessarei diante
dos anjos e do Pai. Aqui ela dirá o que meu Espírito porá em sua boca. Aqui
ouvirei minha noiva dizer... “És mais formoso que os filhos dos homens; a graça
se derramou em teus lábios, portanto tens sido estabelecido para sempre” (Sl
45.2).
Daqui, sairemos às festas, e
aqui nos prepararemos para a batalha no Armagedom. Também aqui, ela dirá:
“Cinge tua espada sobre teus lombos, ó valente, com tua glória e com tua
majestade. Em tua glória seja próspero; cavalga sobre tua palavra de verdade,
de humildade e de justiça...” (Sl 45.4).
— Daqui sairei para ser visto
dos homens e ela me seguirá como um exército, depois de passá-lo em revista (Is
13.4; Ap 19.11-14).
As nações da terra conhecerão
minha Igreja e a ela pedirão favores (S145. 12). Aqui, a receberei em minha
morada (Sl 45. 13). De filetes do ouro será seu vestido (Sl 45.13)... Venha,
vou te mostrar, Ângelo!
Fui levado a uma sala onde
anjos cosiam centenas de milhares deles! Quando o Senhor entrou ali, todos os
anjos se prostraram e glorificaram seu nome. Ele levantou suas mãos e todos se
calaram.
— Este é meu servo Ângelo.
Venho a mostrar-lhe as vestimentas que vocês estão preparando. Mostrem-lhes!
— Estamos apenas acomodando,
Senhor, disse um dos príncipes ali. Já estão prontos!
Eles tomaram um dos vestidos
e mostrou-me.
— Que precioso! Veja Ângelo.
— Bordados a ouro! Linho! Que
lindo!
— Este é um dos teus
vestidos, Ângelo! Com ele, tu e teus irmãos serão levados à presença do Pai,
disseram-me vários dos costureiros ali (Sl 45.14), e virão ao Palácio com gozo
e alegria; assim serão confessados pelo Cordeiro perante o Pai.
— Sim, Ângelo, ali farei
perpétua a memória da minha Igreja e seu nome em todas as gerações (SI 45.17).
Vamos, Enviado te espera.
Atravessamos o lado oriental
do palácio ao lado ocidental, à frente se vê os tronos dos 24 anciãos, oito de
cada lado, e os querubins ao norte, sul, leste e oeste, na frente do palácio. O
rio da vida salta entre o esplendor da luz que refletem nas colunas dos
palácios...
Chegamos, e o anjo adorava
diante do trono. Alguns anjos esperavam comparecer diante do Senhor e a luz
inacessível do Pai brilhava.
Nós dissemos até logo, e os
sete anjos se aproximaram do Cordeiro e do Pai, e nós saímos para o outro lado.
O MAR DE CRISTAL
Havia diante do Trono um Mar de Cristal. Seu
brilho resplandecia cores ímpares. Suas cores eram tão vivas que os cristais
pareciam águas em movimento. No Trono, todos os sons combinavam-se ao que se
oferecia no altar de incenso, e o Mar de Cristal era uma espécie de porta
temporária dos santos. Todos os santos que morriam depois que o Hades foi transportado
para a Nova Jerusalém, depois da morte de Cristo, entravam no céu através do
Mar de Cristal. Nenhum dos santos até àquela data entrou pelas portas da cidade
(com exceção de Elias, Enoque, Moisés e Cristo). Todos os outros entraram
através do Mar de Cristal. Todos que passam para a Nova Jerusalém, através do
Mar de Cristal, esperam a ressurreição dos mortos, pois nesta época,juntamente
com os vivos, serão transformados. Aí então, todos aqueles mortos haverão de
entrar através das portas de pérolas.
— João foi transportado até o
tempo futuro da eternidade e viu os mortos da Grande Tribulação entrarem aqui
diante do Trono através do Mar de Cristal! Exclamou Ângelo.
— O Mar de Cristal não é um
enfeite. Aqui no Trono, é uma coroação da vitória dos santos que têm o selo do
Espírito. Todo selado pelo Espírito Santo há de passar por ali, explicou o
anjo.
— Qual é a função do Mar de
Cristal? Perguntou Ângelo, esperando a confirmação para a conclusão que já
havia chegado.
— O Mar de Cristal representa
o cumprimento de todas as coisas, a consumação e a perfeição eterna das coisas
redimidas. O passageiro passou ao entrar nos céus. Os santos vêem que aqui não
há nenhum só vestígio de morte, indecisão, temporariedade ou mutabilidade. O
Senhor está sentado em seu trono esperando o seu Filho entrar em seu Reino, em
vitória. Felizes são todos aqueles que passam pelo Mar de Cristal. Pobres almas
são aquelas que serão lançadas no lago de fogo.
Vi quando constantemente as
almas dos santos em Cristo entravam diante do Trono. Eram recebidos no céu
pelos anjos. O céu era uma entrada e saída de anjos pelo Mar de Cristal. A
porta dificilmente se abria até à ressurreição dos mortos e o arrebatamento da
Igreja. Em ocasião muito célebre é que aporta se abre. Uma grande ocasião foi
aquela em que houve o retomo triunfante do Cordeiro em sua batalha na Terra (SI
24.7-10; Dn 7.13, 14; Ap 5.1-3).
— O Mar é de Cristal porque a
água testifica na Terra. Todos os santos passam através do Mar de Cristal
porque entram no céu em alma. Estes santos que passam pelo Mar, sabem que vão
entrar no céu pelas portar, depois da ressurreição. Entrar pelas portas
significa um grande privilégio para eles e uma grande bem aventurança, por isso
é que Jesus disse: “Bem-aventurados são aqueles que entram na cidade pelas
portas”.
Estávamos cada vez mais
próximos do Trono. Com perfeição podia se discernir claramente todos os
movimentos naturais do Trono. Nesse momento perguntei:
— Porque os mártires da
Grande Tribulação clamam por salvação, dia e noite, diante do Trono de Cristo
sobre o Mar de Cristal?
— Os mártires que chegam da
Grande Tribulação — respondeu o anjo — vão morrer quando derramarem o seu
próprio sangue por testemunho de sua fé em Cristo. Mas todos os que crerem nos
dias da graça, poderão ser justificados mediante a fé, pela graça e pelo sangue
de Jesus. Durante a Grande Tribulação, todos que vão morrer pela sua fé em
Cristo terão que ser batizados em seu próprio sangue, terão o mesmo batismo do
ladrão que creu em Cristo na ocasião da sua morte. Depois que crerem e
confessarem a Cristo terão que ser batizados em sua própria morte, para que
possam ressurgirem Cristo. Eles não vão ser salvos pelo seu sangue, mas serão
batizados em seu próprio sangue. O ladrão da cruz creu e foi batizado na morte
de Cristo. Seu testemunho público foi literal e não simbólico como o que temos
hoje na graça. Seu batismo não foi em água, mas literal, como testemunho
público de sua fé. Portanto, foi batizado. Assim, dessa forma, os crentes que
vão crer em Cristo durante a Grande Tribulação, terão que passar; sua fé será
acompanhada de obras, seu batismo será literal e não simbólico, os que crerem
serão batizados. O seu batismo será testemunho literal, como foi com o ladrão
na cruz. Para vocês ainda é simbólico na maioria das vezes, mas esse tempo se
findará rapidamente, serenamente respondeu o varão.
— Isto significa —
interrompeu Ângelo que as palmas em suas mãos, falam de sua participação
pessoal no triunfo contra o império das Trevas. As palmas em suas mãos,
significam a justiça. Ela será aplicada. Quando os mártires chegarem no céu,
grande parte dos santos já terá entrado na Nova Jerusalém pelas portas.
— As palmas de suas mãos são
a senha que ainda não ressurgiram entre os mortos, disse o anjo. Suas almas
voltarão aos seus corpos no final da Grande Tribulação, para dar complemento à
salvação do corpo e entrarem na cidade pelas portas. O Mar de Cristal é um
lugar de espera. Quando as duas testemunhas terminarem seu trabalho na Terra,
no final da Grande Tribulação, estes mártires regressarão aos seus corpos,
ressurgirão junto com eles e todos juntos serão recebidos aqui no céu pelas
portas. Porque já estamos nos preparando para essa hora, quando as duas
testemunhas entrarem na cidade triunfantemente, após terem levado a nação inteira
de Israel ao arrependimento.
— Que testemunho —
interrompeu Ângelo — como o seu trabalho se parecerá com a pregação de Jonas
após o vômito do grande peixe.
— Sim, continuou o anjo, a
terra há de vomitá-los através da ressurreição espiritual. A nação de Israel, e
ao mesmo tempo, os mortos em Cristo da Grande Tribulação, serão ressuscitados
juntamente com as duas testemunhas, e todos na cidade entrarão pelas portas.
Até a ressurreição dos mártires, as almas dos mortos em Cristo passarão sobre o
Mar de Cristal.
O ACUSADOR DE ISRAEL
O céu está acostumado com as
acusações do grande inimigo dos irmãos. Mas, no meio da Igreja dos
Primogênitos, há um profeta que se constituiu o acusador de Israel.
Saiu do meio da Igreja dos
Primogênitos, reconhecido como Profeta do Deus Altíssimo, um compositor
celestial; suas palavras são amadas pelos habitantes e herdeiros da Grande
Cidade. Depois de Jesus, somente há mais duas pessoas que têm o corpo
semelhante ao dele: Enoque e Elias. Seu nome é Moisés.
De quando em quando, as
miríades de anjos que se convoca ao redor do Trono se comovem ao ouvi-lo dizer
as palavras de sua acusação (Jo 5.45).
— Este povo é obstinado e
cruel de coração! Eu o liderei por muitos anos e após outras centenas de anos,
recebi a incumbência de ir até aquela terra avisar ao Messias que seu tempo
estava cumprido (Lc 9.30,31). Mas o povo continuava o mesmo: mal e perverso;
ouvi que era como Deus, venerado e honrado... mas estavam honrando ao servo de
coração e ao Senhor de lábios. Senhor, esse povo merece juízo, porque recusa a
teu Enviado, é culpado de seu sangue! Eles continuam crendo mais em mim do que
nele! Até quando há de guardar isto na memória, sem usar do teu rigor, da tua
justiça, ao sangue que derramou’? Até quando há de suportar este povo recusando
ao teu Filho, de quem claramente falei? — Apontando ao Livro (Jo 5.46).
— Eu não sou Deus! Não! Não
podem reconhecer-me como tal! Sou servo, sou teu servo! Entristece-me,
entristecem o teu Santo Espírito, vão e voltam à sua terra e não voltam-se a
ti; que caia sobre eles o juízo do teu sangue, julgue-os com essas leis!
Depois silenciou, baixou sua
cabeça. O Trono aguardava em silêncio as palavras que Moisés falava.
— Ele vem, acusa o povo de
Israel, seu próprio povo, disse Ângelo.
— Sim, porque este recusou ao
Cordeiro. Moisés fala pela Lei, porque pela Lei julgou. Ele pede justiça!
Depois do enorme silêncio...
Ao som das harpas e vozes maravilhosas, um cântico muito conhecido começou a
ser entoado pelos anjos; e ao entoar aquele hino, os 24 anciãos e os querubins
se moviam diante do Trono...
— Canta simultaneamente,
exclamou o anjo.
— Canta simultaneamente? Que
é isso? Perguntou Ângelo.
— É quando aqui no céu e lá
na Terra os anjos estão cantando o mesmo hino. De vez em quando ocorre o mesmo.
Isso é maravilhoso!
— Veja o Trono, Ângelo,
mostrou-me o anjo.
— O Trono fumegava e seu humo
colorido se perdia diante de tamanha glória e majestade.
— Alegrei-me em meu ser
quando pude ver, dia após dia, a autoridade que a Igreja tinha na Terra e como
era íntima sua comunhão sem que ela soubesse. Como cada passo que dava na
Terra, como as coisas aconteciam no céu. Percebi que a Igreja não era um povo
alienado de Deus e como estava bem representada ali pelos 24 anciãos. Que
vontade trazer essas Boas-Novas à Terra. Era o dom inescrutável que só o
Espírito podia revelar. E eles cantavam o cântico de Moisés, conhecido,
repetido e ungido, e o Senhor se agradava! O Pai assentado no Trono e o Filho
movendo-se em meio dos castiçais! Que visão maravilhosa! Era o seu jardim! 49
lâmpadas cuidadas e vigiadas pelo Senhor, o Cristo, pessoalmente, e o cântico
agradava a Deus.
— “Grandes e maravilhosas são
as tuas obras O Deus Todo-Poderoso. Santos e verdadeiros são os teus juízos”.
— É o cântico de
Deuteronômio, o cântico de Moisés.
Cantavam os anjos e em
determinado momento, Moisés recebeu suas respostas. A música parou e um anjo à
voz de trombeta, exclamou:
— Senhor, tu que estás
assentado no Trono, responde as acusações de Moisés!
— Sim, Senhor, clamavam os
anjos.
— Sim, Senhor, disse Moisés.
Responde-me, preciso da tua resposta.
— Eu os tirei do Egito; eu os
introduzi na Terra a qual eu havia jurado que daria a vossos pais, dizendo que
não invalidassem jamais meu pacto. Mas esse povo fez pacto com os moradores da
Terra, como fizera Esaú em desobediência à sua mãe, seguiu desobedecendo e
transgredindo minhas leis; como Rúben, como Ômer, como Saul, como todas as
tribos; recusou a rocha e não seguiu a nuvem, não quis minha intercessão; os
tenho rejeitado não para sempre. Por amor aos meus servos, os profetas, que a
mim vieram, como a Davi, meu servo, haverei de levantá-los a partir de sua
semente; mas quanto à velha geração, destruirei por sua própria escolha. Farei
da nação de Israel como fiz com Jacó. Falo em multiplicar-lhes fora de sua
Terra; enquanto rejeitar seus irmãos,não poderão ser abençoados e fartos;
enquanto não confessarem seu Salvador, não poderão ter sua própria terra;
viveram em Gósen sempre, mas não será a sua terra, não será o seu desejo, até
que almejem voltar e sair do estado da bênção de Faraó, Rei do Egito, sofrerão;
terão filhos com a mulher não desejada e os filhos da mulher amada serão poucos
e, esta, por sua vez, como fonte, morrerá, até que se converta e reconheça o
Filho Unigênito, Salvador e o Primogênito Filho, nesta Assembléia de
Primogênitos. Moisés, veja a Jacó, contempla, conheça sua vida; ele é a nação;
seu caráter, seu nome, seu velho nome... Jacó, quero mudar seu nome, como a sua
vida, mas ainda não é chegada a hora, endureci o seu coração, mas não foi
porque eu quis; endureci o coração de Faraó porque me odiou, assim como
endureci o coração de Israel, porque também me rejeitou a mim. Eu não sou
culpado pelo endurecimento do seu coração. Assim como endureci o coração de
Faraó para Israel, também endureci o coração de Israel para que a Igreja fosse
estabelecida. Mas eu não endureci o coração de Israel porque eu quis, senão
porque Israel rejeitou-me a mim. Não há acepção, Moisés. Veja a história de
Jacó. E a história do povo, ou voltará para a Terra num caixão e José o trará
para casa morto ou a nação voltará morta. Converse com Ezequiel e certifique-se
que a nação ressuscitará ao som da voz profética; Jacó se levantará; seu sono
será para acordar a muitos gentios e mais serão os frutos da sua morte, que os
frutos da sua vida. A nação voltará à sua Terra morta, mas como Ezequiel o
disse, se levantará. Os dias de José no Egito, ele pensará em trazer de volta
seu pai. Esta nação, Moisés, não pode recusar José. Eu sou José, eu mesmo vou
lutar contra o velho Jacó. Já tenho lutado contra ele, as marcas da história
têm ficado, sua coxa começa a mancar, enquanto ele não me reconhecer, não direi
meu nome. Tento revelar-me, mas não me conhece, não me vê; não me deseja. Lia
tem muitos filhos; as nações têm dado muitos filhos, mas estes não se sentem em
casa. A Terra é sagrada, Raquel dá a luz, mas seus filhos são poucos. Raquel os
receberá, mas morrerá. A nação é amada e bela, mas morre ao dar a luz. Labão
são os reis da terra eles a enganam e a maltratam, mas Israel aproveitará do
seu ouro e da sua riqueza, sairá dali rico e abastecido. Labão virá atrás; as
nações virão após ele, mas não poderão vencê-lo, não poderão cumprir o intento
do seu coração. Raquel dará a luz quando Jacó começar a sair, Jacó trabalhará em
vão e o anjo levantará contendas contra ele para que ame a sua terra e veja que
não há lugar mais seguro que não seja Sião, a terra de sua unção, a porta do
céu. Não poderá viver longe das portas.
Por um tempo Sião silenciou,
à voz do que falava. O cântico outra vez irrompeu, Moisés saiu da presença do
trono, entrou no meio da Igreja dos Primogênitos e os anjos cantaram novamente.
— As palavras do trono são
como parábolas.
— Mas ele as pode entender?
Disse Ângelo.
— Sim, ainda não podemos
entender bem, mas nos será revelada.
— Sim, eu as pude entender,
anjo.
— Sim, eu sei, replicou o
anjo. Vocês podem entender muito bem estas palavras, explique-me melhor, pediu
o anjo.
— É só comparar tudo o que o
Pai falou com Gênesis...
— É?
— É só comparar...
O REINO
Estava no cume de minha
visita à Nova Jerusalém. Alguns minutos depois estava programada nossa chegada
ao lugar onde há de ser introduzida à noiva desposada do Cordeiro. Quando a
cidade chegar às regiões celestiais, Miguel já terá deposto Satanás e seus anjos
dali (Ap 12.7-12). A cidade durante o reino terreno de Cristo será a capital do
reino do Pai e a Jerusalém terrena será a capital do reino do Filho de seu
amor. Dentre os títulos oficiais de Cristo, tais como Rei, Sacerdote e Profeta,
somente há um que ainda não foi completamente manifestado, o título “Rei”, “Rei
dos reis”. Este mistério não terá sequer se manifestado literalmente como os
ministérios de “sacerdote” e “profeta”.
Quis entender melhor a
questão do Reino dos céus, reino do Pai, reino de Deus.
— Enviado, estamos na capital
universal do Reino de Deus. Mas sei que há uma unidade absoluta entre a
divindade e seus propósitos. Mas percebo que algumas vezes o Filho, no seu
ministério terreno, usou títulos tais quais, Reino de Deus, Reino dos Céus, Reino
do Pai e meu Reino. Que diferença há entre estes sinônimos?
— Quem lê deve entender,
Ângelo. Reino de Deus e Reino dos Céus significam a mesma coisa. Reino de Deus
fala da sua origem; Reino dos céus fala do alcance do reino; Céu e Terra, tudo
está incluído. No Reino do Pai e Reino do Filho são duas coisas diferentes. O
Reino do Filho foi preparado antes da fundação do mundo (Mt 25.34). O Reino do
Filho é igual ao corpo do Filho. Tem um propósito redimidor e reconciliador. O
ministério do Reino do Filho é reconciliar e redimir. O Reino do Pai é toda a
representação do Reino, do princípio ao fim sem interrupção, com exceção da
parte que toca ao Filho. O Reino do Filho faz nova todas as coisas. O Reino do
Pai fez todas as coisas. Quando o homem foi formado e posto no jardim do Éden,
entregou a sua mordomia a Satanás. Aparte do Reino do Pai que lhe foi entregue,
foi perdida.
— Satanás detém hoje, o reino
do mundo? Perguntou Ângelo.
— Legalmente o Reino já foi
redimido, mas na prática, o posseiro Satanás não foi retirado.
— Por que não quer se
retirar? Indagou Ângelo.
— Porque é um mentiroso e
rebelde. O preço da redenção foi pago e depositado em juízo porque o posseiro é
um ladrão. Ele não viu a “cor do pagamento”. Como o Juiz é o Pai, o preço foi
depositado no trono (Ap 5.1-4).
— Sim, é verdade, Satanás
nega a morte expiatória de Cristo. Seria uma injustiça Jesus pagar ao posseiro
uma coisa que ele sorrateiramente adquiriu, concluiu Ângelo.
— A redenção é parte do Reino
do Filho. Ele necessita reinar até que o Pai ponha todos os seus inimigos
debaixo de seus pés. A redenção inclui salvação e juízo. A salvação paga o
preço para tirar de Satanás o poder que domina os reinos do mundo. O juízo
provê a expulsão definitiva de Satanás (Ap 20.1-3) dos reinos do mundo e a
entrega dos reinos do mundo a Cristo. O Reino do Filho, embora tenha o trono
provisório no Reino do Pai, se estabelecerá na Terra literalmente. Enquanto o
Reino do Filho estiver funcionando no trono do Pai, irá se estabelecendo na
Terra de forma espiritual. Quando for implantado na Terra, após o juízo sobre o
posseiro, se manifestará literalmente (Mt 25.3 1; Ap 11.15). Toda a inimizade
(Gn 3.15) deverá ser aniquilada do Reino do Filho e quando tudo estiver sob o
controle e poder voluntário ao Filho (Ef 1.10), então o Filho entregará seu
Reino ao Reino do Pai e haverá um só reino (1 Co 15.24) que será então chamado
Reino dos céus, visto assim por Jesus, nas parábolas.
— Isto significa, se explicou
Ângelo, que quando lemos nas parábolas que o Filho do homem enviará a seus
anjos para que recolham todos os iníquos do seu Reino na Terra, durante os 1000
anos, os santos não estarão na Terra?
— Não necessariamente,
Ângelo. A residência dos santos será na capital do reino dos céus. Reino dos
céus foi e é a unidade do Reino do Pai com o reino do Filho do homem (Mt
13.41,43; 1 Co 15.24). Até o Filho entregar todo o reino ao Pai, os justos
permanecerão na capital do Reino celestial, que é a Nova Jerusalém (Mt 13.43).
Até a entrega do Reino pelo Filho ao Pai, o Reino do céu será chamado “Reino do
Pai”. Quando houver a sujeição do Filho ao Pai, e o Pai passará habitar no
corpo do Filho (1 Co 15.28; Jo 14.20,21), haverá um só Reino, um só Senhor em
todos, como Abraão entendeu (Gn 18.3). Com a encarnação de Jesus, o Reino do
Filho se estabeleceu na Terra e o Reino do Pai se estabeleceu no céu.
— O Reino do Filho é somente
por mil anos?
— Não. O plano existe desde a
fundação do mundo. O Reino existe espiritualmente falando, desde a encarnação e
será literal já deste seu estabelecimento na Terra até o final do Milênio. O
Reino do Filho será eterno, como era antes do plano redentor. Por causa do
corpo do Filho, tudo terá proeminência nele e ele continuará no Reino com mais
excelente nome que antes, porque foi constituído herdeiro de todas as coisas
(Hb 1.2). Depois que houver governado e tiver dado resposta a Satanás à sua
pretensiosa proposta feita no deserto (Mt 4.7- 12; Ap 11.15), o nome “Rei dos
reis” será obsoleto diante do novo nome que ele terá e que será conhecido depois
que entregar todo o domínio ao Pai.
— Em que consiste a entrega
desse domínio, ou esta sujeição? Perguntou Ângelo.
— O Pai lhe devolverá o
domínio do reino dos céus, de antes. Quando for apresentado perante o Pai (Dn
7.13, 14), depois de reinar os mil anos e entregar todo o domínio, este ato
implicará no recebimento do Reino de volta e para sempre, porque ele, no ato de
se sujeitar ao Pai, também o receberá em seu corpo, e ambos serão tudo em todos
(1Co 15.28). Com sua proeminência, porque assim foi do agrado do Pai que nele
habitasse toda a plenitude da divindade (Cl 1.19; 2.9), continuará a reinar,
porque ele e os santos do Altíssimo receberão o Reino para sempre.
— Isto acontecerá depois do
Reino de 1.000 anos?
— Sim, o Pai lhe dará
domínio, glória e Reino para nunca mais passa r(Dn7. 14).
O Reino dos céus lhe será entregue. Tudo se
convergirá nele e para ele (Ef 1.10), porque ele é a imagem de Deus e o
resplendor de sua glória.
A ARCA NO TEMPLO
Um dos sete varões que
assistem diante do trono voou com destreza e me disse:
— Tenho ordem de levar-lhe ao
templo do tabernáculo do testemunho original.
— Chegamos, e ao entrarmos,
no fundo do templo, vi a arca resplandecente, seu véu ou cobertura sobre um
carro de querubins (1Cr 28.18). Era a arca-modelo original que será vista na
Terra após a batalha de Miguel, que será colocada no Templo de Ezequiel, na
Terra (Ez 43.1-5).
Muitos dos pregadores que
tenho ouvido simbolizam as verdades típicas do Antigo Testamento, seguem
simbolizando até chegarem a Apocalipse. Em Apocalipse, continuam simbolizando
todas as coisas, enquanto o livro apresenta a realidade dos tipos.
— Não podemos entrar aí. O
templo do tabernáculo é móvel; será transportado para a Jerusalém terrena,
juntamente com o trono do Cordeiro (Ez 43.1-7). Na cidade permanecerá o trono
do Pai, até que o Filho reine na Terra. O início do seu reino será marcado pela
sétima trombeta (Ap 11.15). Então será plantado o trigo e no fim do reino, o
joio será colhido; assim, do mesmo modo, os peixes maus serão separados, como
os cabritos das ovelhas. O templo do tabernáculo é Santíssimo. Mesmo no céu há
tipos de realidade. Os castiçais, o rio, o fogo são tipos. A arca é Cristo, mas
há o modelo original no céu.
— A arca do templo será
trazida à terra, o Rei será sempre Cristo entre a Nova Jerusalém e a Terra, por
todo o tempo de seu reino até os dias da sujeição do Filho (1 Co 15.26-28),
disse o Varão.
— Sempre haverá tipos no céu?
Perguntou Ângelo.
— Não, Ângelo. A medida que
as profecias forem se cumprindo, os tipos deixam de existir no céu como tipos e
passam a ser memorial, respondeu o anjo.
— A arca é Cristo, considerou
Ângelo. Em Hebreus, o altar de incenso está no lugar Santíssimo junto com a
arca e não podemos compreender esta aparente contradição.
— Observaste bem, Ângelo. O
apóstolo não errou. Conhecia bem o texto sagrado. Desde os dias de Zorobabel, o
templo viveu sem a arca que foi destruída nos dias do cativeiro. O Senhor mesmo
quis que assim ocorresse. Com a ausência da arca, o altar de incenso passou a
assumir a importância da arca; as pessoas juravam pelo altar, porque em seus
dias o altar de ouro era a peça mais importante. Nos dias do templo de Herodes
o altar passou ao lugar da arca, no Santíssimo lugar. A ausência da arca é
profética e nos desperta para uma verdade jamais vista: A arca era Cristo;
havia sido retirada a glória nos dias da visão de Ezequiel. Outro templo foi
mostrado. O templo de Salomão foi considerado obsoleto. Um novo sacerdócio foi
profetizado, seguindo a ordem de Zadoque. Tudo terá que mudar. Quando a arca
chegou, Ângelo, e foi encarnada, não poderia haver outra no Santíssimo lugar.
— Ah! Como? Seria rejeitada?
Indagou Ângelo.
— A arca foi rejeitada pelos
Sumo-Sacedotes, pelos levitas. Somente João a reconheceu. A arca esteve no
templo, no pórtico de Salomão, andou nos átrios, fez limpeza duas vezes no
santuário; mas diante do mesmo templo foi julgada e condenada. O véu protestou
de alto abaixo. A arca estava em pessoa na Terra, quando, nos dias do
sacerdócio de Anás e Caifás, o altar era a principal peça do templo. Muitas
vezes Gabriel esteve ali (Lc 1.5-11).
— Por isto que o apóstolo
escreve que a arca e o altar ocuparam o mesmo lugar, mas não simultaneamente.
Nunca (Hb 9.1-4)!
— Sabemos que, segundo as
referências cronológicas gerais da Arca do Testemunho, temos a ordem de
construção (Ex 25.10-22); seu objetivo e a sua construção (Nm 3; 7.3-9; Nm
10.33); em Cades (Nm 14.9-15); na passagem do Jordão (Js 3.5-8); em Jericó (Is
6); em Ai (Js 7.2-5); em Siló (1Sm 1.1-3; 4.4- 5); sua tomada em Ebenezer..,
considerava Ângelo, quando lhe interrompeu o anjo.
— Permita-me Ângelo. Vejo que
tens bastante entendimento sobre o assunto, mas já que estás em Suá, quero te
fazer lembrar que era uma profecia messiânica da qual profetizou Jacó, que
quando viesse de Siló se congregariam a ele os povos (Gn 49.10). A congregação
dos povos somente seria possível se viesse de Siló.
— De que estás falando, ó
varão de Deus? Interrompeu Ângelo.
— Me refiro à vinda da arca
Siló para Ebenezer.
— Sua vinda de Siló a Ebenezer
com a sua subseqüente tomada tem alguma coisa relacionada às palavras de Jacó?
— Claro que sim. Se a arca
não tivesse saído de Siló, nos dias de Eli, Ofni e Finéias nunca teriam sido
mortos; Dagom nunca seria vencido dentro de seu domicílio, e Davi jamais
haveria trazido a arca para o. seu tabernáculo aberto à congregação dos gentios
(At 15.15, 16), eufórico, explicou o varão.
— Entendo o texto: “Subiste
da presa, meu filho!”
— Fala de sua ressurreição,
Ângelo!
— Sim, de sua descida,
descida e subida, se expressou Ângelo.
— Como, Ângelo?
- Sim, como dissestes.
Observe bem. A arca no deserto é Cristo dirigindo o nosso caminho e também,
Cristo encarnado dirigido pela nuvem que é o Espírito Santo.
— Claro que sim, Ângelo!
— A arca em Gilgal é Cristo,
as primícias da ressurreição...
— Continue Ângelo!
— Em Siló, é Cristo na glória
com o Pai. Trazê-la de Siló pensando que ela salvaria Israel das mãos dos
filisteus foi o mesmo que pensaram os discípulos de Jesus, que ele os livraria
do poder romano (Lc 24.21). O local da derrota foi Ebenezer, que é o Calvário,
saltava Ângelo (Jo 17.1-4; Fp 2.5-8; Jo 1.1-4).
— Deixe-me dizer algo.
— Fale meu amigo.
— A arca em Asdote é Cristo
subestimado no Hades; nestas condições, triunfou na casa do inimigo (1 Sm 5.9)!
— Pôr Dagom sobre a arca é a
tentativa da corrupção em tragá-lo! É o poder das trevas querendo cobri-lo! Mas
significa também que, Deus luta sozinho, se defende e toca à cabeça do inimigo
(Gn 3.15; At 2.24-3 2), retrucou Ângelo.
— A corrupção não pôde
tocá-lo! Não, não teve poder sobre Ele! Disse o anjo.
Estávamos eufóricos no meio
dos anjos. Caminhávamos e transportávamos. Era levado enquanto o anjo voava!
Entendi que aparentemente, às vezes, Deus se deixa vencer para que seja
conduzido ao mais profundo segredo do inimigo, a fim de vencê-lo ali.
— Quando a arca permaneceu no
meio deles, foi uma maldição. É Cristo anunciando sua vitória aos espíritos em
prisão, disse Ângelo.
— E a arca não pôde sair
vazia! Não foi assim que disseram os sacerdotes? Replicou o anjo.
— Sim. Aquele que desceu às
partes mais baixas da Terra é o mesmo que subiu, levando cativo o cativeiro,
disse Ângelo. Ouro, ouro! Com muito ouro! A Palavra não voltou vazia! Por seu
próprio poder saiu do Hades e se levantou até Bete-Semes, parou nas pedras! A
vida foi devolvida na sepultura (1Sm 6.14).
— Em Bete-Semes as lições são
o requerimento de santificação. Tentar bisbilhotar é pecado no corpo. Ele, o
nosso Senhor requer o discernimento do Corpo de Cristo. “Não somos vazios do
corpo, temos a unção do Santo!”, se expressou serenamente o anjo. Por outro
lado, aproximar-se para entender as coisas a respeito do Senhor com a mente
natural e carnal é morte certa.
— A arca permaneceu em
Quiriate-Jearim por muitos anos (1Sm 7.2; 1 Cr7.7- 14). A arca em Quiriate-Jearim
traz lições à liderança. Governar sem a presença de Cristo, como Saul, é
derrotar-se a si mesmo. Nenhum governo pode ter sucesso e memória eterna sem a
presença de Cristo (Jo 15.5). Por outro prisma, não podemos continuar admitindo
a condução de Cristo pelos ministros de qualquer maneira, rejeitando a vara —
os ministérios — e recrutando bois e recusando a Palavra da verdade. Deus
valoriza — e está comprometido com — os métodos da Palavra. Boi é boi, coatita
é coatita. Levita marcha, boi tropeça.
— Da casa de Quiriate-Jearim
à casa de Obede-Edom, temos a revelação de que é possível que a casa de um
gentio se torne um lugar Santíssimo, exclamou Ângelo.
— Aleluia! Disse o anjo. A
arca tinha que vir de Siló! Da casa de Obede-Edom a Jerusalém. De sua obra e
ministério público a cidade do repouso, a Nova Jerusalém. Veio em vitória. Davi
se despiu — Cristo desnudado e sua intimidade foi revelada aos seus discípulos.
O sacerdote tirou o éfode — a obra estava consumada e todos aqueles que o
censuraram como Mical e Judas, não puderam vê-lo em glória eterna. A arca
voltou aos 24 turnos de anciãos com suas harpas e coroas de rei e seus vestidos
e capas de sacerdotes. A arca teve repouso por um tempo, mas será vista outra
vez na Terra pelos homens! Verão que o véu foi rasgado e que não o buscaram
porque não o desejaram. Então virá de Siló e se congregarão a ele os povos. O
reino começará (Ap 11.15, 19; Gn 49.9, 10), literalmente.
A CASA DO ESPÍRITO
DA PROFECIA
Insisti com os dois anjos
para que entrássemos no templo:
— Vamos! Dizia. Vamos entrar
no templo.
— Você está preparado para
entrar ali? Perguntou o enviado. Aquelas portas trazem visões da consumação
futura. O que verás ali são as profecias já planejadas. O Espírito da Profecia
se move aí (Ap 22.6). Quando você está no templo do tabernáculo encontra-se na
dimensão futura da eternidade aonde os dias fazem parte do tempo das profecias
que ainda não se cumpriram.
— Sim... quero conhecer como
se move o Espírito da Profecia. Afoito, Ângelo tomou a dianteira...
— Espere um pouco. Saiba que
somente vais entrar aí porque já tenho ordem a respeito, recebidas do
Todo-Poderoso. Se não a tivesse, não poderias entrar aí. Vamos!
— Por que estás pensativo?
Vamos, empurrou-me Enviado.
O anjo elevou-se e as portas
se abriram. Fui tomado como por um vento que me sugou do lugar onde estava e me
vi depois das portas. Paramos na parte final da Grande Tribulação terrena. O
Anticristo estava ativo na Terra. Tive a idéia de quando e como as duas
testemunhas vão realizar seu ministério. Estava ali naquele ambiente de guerra,
ódio e blasfêmia no mundo. O nome de Jerusalém havia sido mudado outra vez para
Sodoma (Ap 11.8). Outros a chamavam de Egito. Havia estátuas do Anticristo por
toda a cidade e o sacrifício do templo construído por ordem do Grande Messias
da Terra havia sido cortado (Ap 13; 111). Via sacerdotes chorarem como
descreveu o Profeta Joel no capítulo 1. O medo tomou conta dos homens. Pavor e
trevas cobriam algumas partes.
Vi por um curto espaço de
tempo, o encontro entre o Falso Profeta, o profeta do Anticristo, e as duas
testemunhas...
— Que vêm fazer aqui? Quem
são vocês?
— Queremos falar com o
Primeiro-Ministro do Império Mundial, disse as duas testemunhas, o mesmo IMC.
— Já lhes dissemos que não
temos mais esta sigla IMC (Império Mundial de Cristo)! Agora nos chamamos IMA
(Império Mundial do Anticristo), disse o porta-voz irado.
— Sim, é verdade. Agora ele
mudou seu nome de Cristo para Anticristo, esta é a verdade sobre seu Império
Mundial, disseram as duas Oliveiras.
— Senhores Oliveiras, vamos
nos aproximando da grande sala do Falso Profeta, o Primeiro-Ministro, a quem
vocês chamam a Besta da Terra.
— Nós ouvimos a vossa
pregação na praça nesta manhã, disseram os seguranças do Porta-Voz...
Chegamos à entrada da sala de
reunião solene. Milhares o serviam. Tudo era moderno e alguns objetos
flutuavam; outros se moviam. Lâmpadas acendiam ao simples caminhar do Falso
Profeta. A sala era de ouro puro. Tudo era místico e os feiticeiros eram os
serventes. Altares em direção ao Mar Mediterrâneo. Havia um corredor com
imagens de deuses orientais e ocidentais de todos os tempos. Por detrás das
portas estava falando a um circuito fechado e internacional, o
Primeiro-Ministro. Ordenava em vários idiomas, via satélites e a espíritos malignos.
O Primeiro-Ministro tinha uma capacidade diplomática fora do comum. Tinha poder
para realizar milagres e prodígios diante de multidões. Demônios estavam a seu
serviço. Na dimensão em que estava, podia ver claramente os demônios aos
milhares movendo-se no palácio. Segundo a ordem do Falso Profeta se moviam.
Exércitos, serviços de espionagens, secretarias executivas e os próprios
demônios estavam a seu serviço. Todas as músicas eram adoração direta e aberta
ao Anticristo e ao Dragão. Chegamos à sala quando estava terminando de falar em
cadeia mundial.
— Temos outras inaugurações,
novos modelos estão sendo criados... A estátua vai falar... exortava o
Primeiro-Ministro, quando chegaram as duas testemunhas.
A passos largos, as duas
Oliveiras chegaram e o Porta-Voz anunciou-os inclinando-se perante a segunda
Besta, o Primeiro-Ministro.
— Meu Senhor. Aqui estão as
duas Oliveiras, a quem tanto desejavas ver!
— Não temos muito tempo,
Senhores, disseram as duas Oliveiras.
— Ah! Seus Oliveiras!!! Temos
notícias de que vocês têm perturbado a boa ordem internacional com os vossos
discursos. Ouvi a respeito dos vossos discursos contra o Grande Rei. Por causa
de vocês, ternos perdido a nossa coligação maior, Israel. O que pretendem
senhores? Enfurecido, gritava a voz endemoninhada e afeminada do
Primeiro-Ministro.
— Nós estamos aqui para
desfazer vossas obras e pouco tempo lhes resta. Tão somente saibam que a ti, ao
teu Grande Rei e ao Dragão, que está no Mar, não lhes falta mais que três anos
de governo. Brevemente verão a manifestação do Filho do homem e seu nome
escrito na coxa direita, o Rei dos reis e Senhor dos senhores aparecer no céu
com grande poder e majestade, e tu e o Anticristo serão lançados vivos no Lago
de Fogo, assim como o Dragão foi vencido e lançado do céu por Miguel...
— Ah! Não nos fale neste
nome! Gritou o Primeiro-Ministro.
— Este Miguel os lançará
vivos no Lago de Fogo!
— Basta! Interrompeu o Falso
Profeta.
— Como sabem destas coisas?
Indagou o Porta-Voz.
— Nós somos enviados do
Senhor Todo-Poderoso que reina e que criou todas as coisas por seu poder. Ele
tem como nome, Rei dos reis e virá para reinar sobre a terra. Vocês verão quem
é o Rei dos reis. Ele nos deu as chaves do Reino. Estas chaves estiveram com a
Igreja na Terra durante o tempo da graça. Agora nos foram dadas para
ministrarmos neste tempo!
— Cale-se e respeite ao
Soberano! Os seguranças foram se encaminhando para os tocarem.
— Não lhes toque. Eu tenho
poder suficiente para destruí-los daqui. Eles disseram que tem poder? Pois
vejam (um grande estrondo).
Vimos quando o Falso Profeta
fez descer fogo de cima para baixo. As luzes se apagaram. Houve espanto e todos
ficaram perplexos na sala e exclamaram! Grande Senhor!!! E se inclinaram e
adoraram a Besta.
— O poder do Diabo está
concentrado em vossas mãos! Exclamou uma das testemunhas, caminhando com
autoridade sobre a sala. Estavam juntos e em pé. Neste momento correram os
guardiões do Primeiro-Ministro.
— Parem! Eu sei me defender,
disse o Falso Profeta.
— Satanás está julgado,
clamou a outra testemunha em meio a tensão estabelecida. Nós estamos aqui para
fazer o mundo e Israel crerem que, o Senhor Todo-Poderoso reina!
Neste instante, os dois
senhores Oliveiras levantaram as mãos e saiu fogo de suas bocas sobre o trono
da besta da terra e todos caíram aterrorizados. Um deles tomou a palavra nestes
momentos e disse:
— A força do Todo-Poderoso
nos levantou para esta hora, dia e mês. Nós temos a chave do céu para abrir e
fechar. Nós somos as duas testemunhas do Todo-Poderoso. Aqueles que nos ouvem
saberão que somente há um Deus no céu. Temei-o e dai-lhe glória!
O palácio estava cercado. Helicópteros voavam.
O exército do Império Mundial cercava o prédio.
— Que ninguém registre isso,
ordenou-se aos fotógrafos e aos câmera-mens, que deixassem seus filmes na sala:
“ordem do Primeiro-Ministro”, disse o Porta-Voz.
— Que ouçam! Nos três
próximos anos e meio, não choverá sobre a Terra, a partir de hoje, ordenaremos
pragas sobre a Terra. Seu fim será muito triste (se dirigiu à segunda besta).
Dia após dia verão as pragas do Senhor sobre a Terra. O mundo saberá e verá na
hora certa, quem é o Senhor!
Enquanto agiam os dois homens
de Deus na Tena, simultaneamente, via no céu os anjos trabalhando e agindo.
Percebi que eles pronunciavam cronometricamente o juízo e sete anjos se
preparavam para receber das mãos dos querubins, as sete taças da ira de Deus e
se preparavam para derramá-las sobre a Terra. Os querubins tomavam das mãos dos
anciãos. Elas eram resultados das orações proféticas feitas por todos os santos
em todos os tempos.
— Estas pragas finalizam e
consumam literalmente o juízo de Deus sobre a Terra, disse o anjo.
— As duas testemunhas têm
muito poder! Exclamou Ângelo.
— Sim, elas têm as chaves do
céu! Tudo que elas ligam na Terra, nós ligamos no céu! Hoje estas chaves estão
com vocês! Disse o anjo. No dia das duas testemunhas, as chaves vão passar para
eles!
— Sim! Nós também movemos os
céus assim? Perguntou Ângelo.
— Sim, igualmente. Continuem!
Os anjos se preparavam para
derramar as taças da ira de Deus. O mar cristalino se transformou em água de
fogo (Ap 11.2; Dn 7). De repente, o céu mudou...
— Rapidamente, tragam as
harpas e mais roupas.
Eram os anjos preparando a
chegada dos últimos mártires. Os outros estavam diante do Altar de Incenso e
cantavam e clamavam, todos recebiam harpas e tocavam e cantavam cânticos novos,
O cântico era conhecido no céu e na terra, mas eles mudavam a melodia cada vez
que cantavam...
“Grandes maravilhas são tuas
obras, Senhor Deus Todo-Poderoso; ... serão manifestos” (Dt 32.3; Sl 145.17; Os
14.9).
Os anjos voavam rapidamente
e... a voz das duas testemunhas eram ouvidas no céu! Os dois estavam entrando
na Praça da Cidade e revoltaram o seu coração ao verem homens e mulheres
adorando a imagem da Besta.
— Que sejam feridos de
úlceras os homens que têm a marca da Besta e que adoram a sua imagem
Imediatamente no céu os anjos obedeciam a
ordem que vinha da Terra e dores terríveis vieram sobre os adoradores, e eles
caíram no chão com dores, outros correram. Medo e pânico começaram a tomar
conta da cidade e todos temiam as duas testemunhas. Mas ninguém via como
desapareciam rapidamente e ninguém ousava tocá-los. Tudo era simultâneo. Eles
falavam na Terra e os anjos derramavam as taças do céu! Eles sabiam do poder
que tinham as chaves do Reino!
— O trono está cheio de fumo,
porque cada taça é derramada primeiro sobre o altar; se derramava como incenso
e com a mesma taça tiraram do fogo e derramaram na Terra. O fumo é o
cumprimento da profecia e glorificava a Deus.
A taça derramada é o juízo
sobre os homens (Ap 8.3-5; Ap 15.5-8).
À medida que os segundos
passavam no céu, os anjos atentavam para as palavras ditas pelas duas
testemunhas. Elas não podiam se separar uma da outra, porque não haveria
concordância entre elas e os anjos não poderiam atuar.
— Que as águas do mar e dos
rios se convertam em sangue!
— Amém, dizia uma, logo
depois.
Os dois anjos derramaram a
segunda e terceira taças sobre a terra e houve angústia e sede.
— “Justo és Senhor... Justo
és Senhor...” disse o anjo, guardião das águas da Terra(Ap 16.5).
O anjo que jogava o incenso
no altar disse: “Teus juízos são verdadeiros e justos” (Ap 16.7).
— As duas testemunhas têm
poder sobre as coisas do céu, da terra e do mar, exclamei!
— Sim, eles ordenaram as
taças da ira de Deus! As taças estão ligadas a juízos sobre aterra, o céu, o
mar e rios e sobre os homens (Ap 11.6). Eles vão ferir o sol no firmamento — a
cada vez que levantarem para proclamar publicamente a glória de Jesus. A
primeira Besta procurará matá-los! Queria vê-los!
A mensagem das duas
testemunhas era simples: — Temei a Deus e dai-lhe glória. Ele reina!
Mas os homens da Terra
blasfemavam. Os hospitais estavam cheios! Pessoas sem braços, com as mãos
seguras na outra fora do corpo, homens sem cabeça ainda vivos. Caminhavam em
direção ao hospital e não morriam.
A morte fugia dos ímpios da
Terra! Ninguém morria, era horrível ver gente violentada e dilacerada e que
ainda vivia. Pessoas sentiam dores, perdiam sangue, mas não morriam. Os
hospitais não tinham lugar para os suicidas! Eles tentavam a morte e não
morriam! Não havia cura, não havia morte para eles!
Somente os que eram salvos,
morriam. A morte era então, uma bênção para os que davam glória a Deus. Era
bem-aventurada a morte do justo. Os ímpios invejavam os salvos que morriam!
As duas testemunhas visitaram
o Anticristo. A reunião dentre eles foi negra. Escureceu o céu sobre seu
palácio. Ninguém se entendia. Tremores de guerra estavam se ouvindo nos rádios
e televisões. Reis do Oriente, insatisfeitos, estavam marchando em direção à
Palestina para lutar contra o Anticristo, e nações do mundo inteiro estavam se
preparando para uma grande guerra. Os reis estavam endemoninhados. A
Organização das Nações foi desfeita e todos seguiam seu próprio instinto. O
Anticristo se levantou e nesses dias houve um grande terremoto na Terra.
— “Está consumado”,
simultaneamente ouvi esta frase no céu! Era a voz do Leão.
O Leão se levantou do trono,
trocou a roupa e vestiu-se de vestes sujas de sangue. Elas estiveram guardadas
por muitos dias (Is 60.1-3; Ap 19.11-14), e seguiram-lhe os exércitos
celestiais. Era a hora da grande Guerra.
As portas do templo da Cidade
se abriram no céu e o Leão saiu para vencer! O diabo estava enfurecido na
Terra. O Lago de fogo abriu sua boca. Os reinos do mundo vieram a ser do Senhor
e do Cristo! Clamaram os anjos.
Brum! Um grande estrondo!
— Que foi isto?
— A cidade chegou a seu
lugar! A Terra está aí embaixo, disse o anjo.
— Ai, Deus meu, que vou
fazer? Não deu tempo de voltar à Terra! Que vou fazer? Estou tremendo
— Não, não podemos ficar
aqui, temos que voltar ao “que é”.
Neste instante entraram vivos
no céu, as duas testemunhas. Haviam ressuscitado e com elas milhares de santos
de toda a Terra entraram pelas portas de cristal.
— É o fim da primeira ressurreição!
Eles cantavam. “E vi como um mar de vidro misturado com fogo; e também os que
saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem e do seu sinal, e do número do seu
nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus; cantavam o
cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e
maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros
são os teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem te não temerá, ó Senhor, e não
magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão,
e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” (Ap
15.2-4).
O céu se preparava para
lutar. O templo futuro da Jerusalém Terrena foi aberto dentro da Grande Cidade,
o Tabernáculo de Deus. Desse templo, saem as ações proféticas da dimensão que
“há de vir”. Vi os santos montados em cavalos brancos seguindo ao Cordeiro.
— Ei, espere um pouco, e
aquele cavalo vazio?
— É o teu cavalo!
— E por que não estou lá?
— Porque ainda estás aqui!
— É hora de voltarmos! Disse
o anjo.
— É melhor voltar.
Saímos da dimensão do “que há
de ser” e voltamos para a Cidade Santa pelas portas do templo. O trono estava
em glória. Olhei para o trono, e ainda era o Cordeiro. Descansei. Estava na
dimensão “do que é” (Ap 15.5). Passei um susto. Havia me esquecido que Deus se
move no presente e eu estava no futuro.
MEU FUTURO SELADO
Depois de todas as
informações sobre a Nova Jerusalém, encontrei-me outra vez com o Cordeiro.
Podia ver o Trono através da revelação nos tempos que “era”, na dispensação do
mistério escondido (Ef 3). Nesse tempo era um Trono, quatro querubins, uma
única manifestação de Deus, antes de haver a imagem manifestada. Ao
retroceder-me no tempo, me foi revelado os dias anteriores à inauguração da
cidade. Havia um Trono conforme a visão de Ezequiel 1 e 10. Na visão de
Apocalipse 4, o Trono é estabelecido dentro da Cidade e ao seu lado o Cordeiro,
o qual também o assumiu. Este é o período “que é”. Inclui todo o passado,
presente e futuro do tempo humano. Dentro do período “que é”, fui levado ao
futuro e contemplei muitas coisas que ainda são mistérios. Na fase do “que há
de ser”, há novamente um Trono e no qual está sentado o Cordeiro, e no corpo do
Cordeiro está assentado toda a plenitude da divindade. O Cordeiro também é a
lâmpada e o restante da divindade é a luz. O Cordeiro é a imagem do Deus
invisível, a divindade é vista pelo corpo do Cordeiro. O Cordeiro foi
glorificado na divindade e só, individualmente (Jo 12.32). Aqui se verá real no
corpo do Cordeiro “Um só Senhor!” (Ef 4.5, 6). O outro trono que ficou vazio
foi dado aos vencedores (Ap 3.21).
— Eu sou o que era, o que é e
o que há de ser, ouvi a voz do Trono. Se vou ao passado, o passado se torna
presente, se vou ao futuro o futuro se toma presente. Assim, só me manifesto no
presente.
— Senhor, o anjo falou-me que
já é hora de voltar. Estou convencido que é hora de voltar, mas desejo ficar.
— Estou contigo. Tua vida de
fé não está completada. Se as minhas palavras geradas e reveladas continuarem
em ti, farás obras maiores. Serás grande diante de mim, sendo obediente e
humilhando-te debaixo de minhas mãos. Estou aqui intercedendo pelos santos. Se
me confessas diante dos homens, confesso teu nome diante dos anjos e do Pai
(Ap3). Meu Espírito se move na Terra, de lá podes realizar mais por minha
glória, que daqui. Aqui no céu, os anjos obedecem a dispensação da graça que
está manifestada na Terra. Aqui, não podes fazer nada. Aqui esperamos pelos
resultados da operação da graça. Agora, é hora de atar lá, para que os
resultados sejam manifestados aqui. Queres ficar?
— Não, Senhor. Desejo voltar.
— Todos estes profetas
quiseram ter a oportunidade que tu tens, disse o Cordeiro.
Quis falar ao Pai.
— Senhor, quero falar com o
Pai.
— Tu não compreendes. Eu sou
o Verbo da divindade (Jo 1.1-3; 1.18). Sem mim, não te pode falar. Eu fui
escolhido por sua vontade para ser a habitação de toda a plenitude. Brevemente
já não o verão ali sentado... — O meu Filho amado (e a voz do Cordeiro passou a
ser a voz do Pai, e me assustei), é Senhor, é a imagem da divindade, através
dele, Ângelo, eu me recebo. Na carne, quem vê o Cordeiro, vê o Pai. — O Pai
fala através de mim... (Agora era o Cordeiro que falava). Antes, em minha
encarnação, quem via a mim via ao Pai, mas agora, nesta faceta da eternidade,
depois de minha ressurreição, quem vê a mim vê a mim e em mim fala ao Pai. No
futuro o Pai vai habitar em mim no “que há de ser” e serão todos em mim e eu em
todos. O Pai é espiritual, luz, glória, mas o corpo do Cordeiro será o centro
de proeminência, de congregação e de sujeição (Ef 1.10). Eu me sujeitarei ao
Pai para que definitivamente, o Pai habite em mim para sempre, assim como eu
estou em ti Ângelo, e tu estás em mim (1 Co 15.25-28).
— Tu fostes primogênito da
Criação, Senhor. Tu fostes criado?
— Não, Ângelo. Eu não fui
criado, eu sempre fui Deus. Deus não foi criado, nem gerado. Nem como homem
tive pai humano, nem como Deus tive pai divino. Como homem tive pai divino, o
Espírito, mas como Deus nunca tive pai divino. Nunca fui gerado, nem criado
como Deus. Como homem fui gerado e ele me chamou de Filho, em minha encarnação,
como homem, como verbo encarnado, aí ele passou a chamar-me de Filho e eu o
passei a chamá-lo de Pai (Hb 1.5,6). Foi de meu agrado que assim fosse, me humilhei
para isto (Fp 2.5,6). Antes, não havia as palavras Filho e Pai. “Filho” e “Pai”
são nomes para depois da encarnação, por isto, o “tudo em todos” nos levará ao
que era antes da encarnação. Quando acontecer o “tudo em todos” saberás o meu
novo nome, o excelente nome que tenho herdado. Foi herdado porque já existia
antes. Mas ninguém o conhece, senão a divindade. Quando o Espírito disse que
fui o primogênito da Criação, se referia à imagem de Deus, que é meu corpo
humano. Minha imagem foi criada como uma roupa é planejada pelo costureiro, mas
a pessoa que a vestiria já existia. Eu era antes mesmo da imagem. Eu, como
pessoa, fui escolhido e ao mesmo tempo oferecido para ser a pessoa da divindade
que manifestaria a divindade através da imagem que é meu corpo humano
glorificado. Isto passou antes da criação de Adão. Quando Adão foi criado, nós
o fizemos conforme a imagem que já tínhamos para ser manifestada por mim (Cl
1.15). Assim, eu sou o Primogênito da Criação no que se refere à imagem de
Deus. Sou antes de Adão que foi criado à minha semelhança planejada. Deus não
tem princípio ou fim, ainda que tivéssemos um princípio, este princípio seria a
cada dia um princípio, porque nos renovamos a cada manhã, a cada manhã seríamos
como somos, novos e assim nossos princípios seriam fins, assim sucessiva e
infinitamente. Sou infinito como a reta, sou o princípio do círculo e o seu
fim. Sou o que era do ângulo, o que é do segundo ângulo e o que será do
terceiro ângulo. Eu sou Deus, Ângelo!
— Por que não morro, Senhor,
pois falo contigo?
— A glória do segundo pacto
não te pode matar, não te lembras que disse o Espírito por Paulo? “Assim como
já alcançamos misericórdia, não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem
exterior esteja consumindo o interior, contudo, se renova de dia a dia” (2Co
4.1, 16). Deus mesmo habita em vós pelo Espírito Santo e por minha Palavra.
— Não podes falar de meu
futuro? Que será de mim quando voltar, porque não me avisas de minhas tragédias
e fortunas, Senhor, pois estou contigo?
— Se eu te mostrar teus
inimigos e suas tramas, tu me pedirás que os destrua; se eu te mostrar o fim
deles, pedirás misericórdia e farás o mesmo que meu servo Habacuque. Se eu te
falar de teu futuro, não poderás me agradar, porque não viverás por fé, mas por
vista. Serás reprovado e não rejeitarás o oculto, te desviarás! Te confundirás.
Se te aviso de todas as tuas tragédias que ocorrerão para teu bem e para minha
glória é porque não confio plenamente em tua fé, que poderá se desvanecer como
a de Pedro. Se deixo de te avisar, é porque confio em ti como confiei em Jó.
Que te parece se continuarmos assim?
— Sim, Senhor, viverei por
fé. Prostrei-me aos seus pés para adorá-lo, mas Ele me disse:
— Levanta-te, quero
abraçar-te.
— O meu Espírito Santo saberá
preparar-te para as grandes batalhas que ainda terás na Terra. Se tua fé
estiver desfalecida, ele avisará onde estão os problemas, mas se não, terás que
andar por fé. A voz era do Pai.
Virei meu rosto ao Trono do
Pai. Meu olhos brilhavam ante a discernimentadora presença de Deus. Pensei
intimamente: Queria saber mais do Pai.
— Meu filho, tu não poderás
entender-me por entender. Já te explicamos que somos “o que era”, “o que é” e
“o que há de ser”, assim é o Pai. Nos dias passados, do “passado” e “do que
era” “tempo” e “eternidade”, éramos três em um espiritualmente, um no seio do
outro (Jo 1.18). Tu nos viste no monte santo antes da cidade ser inaugurada na
morte e ressurreição do Cordeiro. Éramos Espírito.
Deus era somente Alma e
Espírito. Mas na plenitude dos tempos, na dimensão “que é” agora, somos três
fora, revelados e um de nós manifesta este Deus Espírito, que é o Espírito
Santo; um de nós revela a forma de Deus, a imagem de Deus, a lâmpada da glória,
que é o Cordeiro. Eu, o Pai, sou Pai porque a parte que a mim me toca é a glória,
luz. Juntos temos atributos inseparáveis, temos nosso caráter. Não podemos nos
dividir, em nenhuma circunstância, porque há um só Espírito que nos une, que
sai de nós, que está e me somos nós! Se Eu sou o Fim, o Filho é o Meio para vir
ao Fim; o Espírito é o Princípio. Somos iguais em importância e em autoridade.
E foi do meu agrado que habitasse no corpo do Filho, toda a plenitude da
divindade e assim será no “que há de ser”. Quem chegar à Cidade do Deus Vivo
“no que é”, nos verá como estamos “no que é”; a quem for revelado o “há de
ser”, verá, não um Deus unido em um só Espírito, mas Deus habitando em um corpo
sendo um e concordando em um ( 1Jo 5). Agora, no vosso presente equivalente aos
dias finais “do que é”, o Filho terá tudo debaixo de seus pés. Mas agora mesmo,
no que “há de ser”, tudo já está consumado. Ele já se assentou comigo no Trono
e já habito nele. “Naquele dia conhecerás que o Filho está em mim e tu em mim,
Ângelo, e eu em ti” (Jo 14.20). A esposa do Filho verá este dia da sujeição... Tudo
é questão da posição em que te encontras na eternidade.
— Veremos este dia Senhor?
— Sim, Ângelo, e aquele que
vencer se assentará com Ele — o Filho — no seu trono (Ap 3.2 1; Sl 45. 14, 15).
O Pai chama a noiva de
“Rainha”, “minha filha”. O Cordeiro dando passos suaves pôs as mãos nos meus
ombros e disse ao anjo: — Espere-o aqui.
— Sim Senhor, encurvou-se.
Pela primeira vez, fiquei a
sós e longe do Enviado. Não podia me conter e ao dirigir-me a Ele sozinho.
Queria adorá-lo.
A DESPEDIDA DOS
QUERUBINS
Voltei ao passado e estive
observando o trabalho do Espírito Santo antes de ser enviado nos dias de
Pentecostes.
O Espírito Santo esteve no
céu por muitos dias. Estou me referindo aos dias em que Ele saiu da terra, no
capítulo 6 de Gênesis. Como ele amava o mundo e como gostava de estar no meio
dos homens, mas estes foram maus e se corromperam, trazendo o juízo para si
mesmos. O Espírito Santo, enviado ao mundo para convencê-lo do juízo e do
pecado, foi tirado da terra. Voltou para o trono outra vez (Gn 6.3; Ez
1.14-21), e ali ficou até o dia determinado por Deus (Ap 1.4; 5.8).
— Ângelo, veja o trono!
Sempre está em movimento. O Senhor Todo-Poderoso reina! Sua majestade é
gloriosa. Quando o trono se move, muitas coisas acontecem. É como se o céu se
transferisse para outro lugar. Mas permanece a presença de Deus. Quando Ele sai
para as reuniões com seus anjos, o trono também vai. Ele viaja no seu trono.
Juntamente com eles, todos os 24 anciãos se movem (Ap 4.5). Ele viaja sobre as
nuvens levado pelos querubins de sua glória. O trono se move como se movia o
tabernáculo dos dias de Moisés. Os querubins são os “coatitas” que levavam as
arcas nos ombros.
— Alguns dias atrás, nós
fizemos uma visita à Terra, nos dias do profeta Ezequiel, replicou o anjo
Enviado.
— Eu estive lendo tudo
aquilo. Fiquei um pouco confuso sobre a visão que ele teve no primeiro livro...
— Sim, agora já posso
entender.
— Fale-nos o que você
compreende sobre isto.
— Por que vocês preferem que
eu fale? Perguntou Ângelo.
— Reconheço-o como um canal
fértil e limpo para falar sobre isto! Sobre você se move o Espírito Santo. Esse
sentimento é diferente para nós, os anjos! Vocês se movem por fé, e nós, pelo
que vemos. Vocês gostariam de ser como nós e nós como vocês! Vocês têm um corpo
físico, e nós, um espiritual. Nós não podemos andar e viver no mundo de vocês
para servir melhor a Deus. Vocês o podem. Vocês têm o dom do Espírito Santo;
nós não, Por isso satanás os odeia! Mas depois falaremos sobre isto. Conte-nos
o que você entende sobre Ezequiel 1, agora!
— Vejo que o Espírito esteve
na Terra e voltou. Ele é tipificado como a pomba de Noé. Foi enviado, não
encontrou lugar aonde pousar e voltou. Depois de sete dias, hoje voltou como
ramo no bico. Isto tipifica o seu ministério de boas-novas na vida de Cristo e
na ressurreição, com as primícias do seu ministério. Depois, foi para
permanecer para sempre na Igreja, assim como a pombinha que jamais regressou,
na terceira vez.
— Por isto que o Espírito
Santo é manifestado como uma pomba no Evangelho? Perguntou Enviado.
— Sim, por minha compreensão
observo que no período em que estava no meio dos querubins, antes da
glorificação de Cristo (Jo 7.37-39), operou maravilhosamente. Encontrou nos
querubins, verdadeiros profissionais de louvor (Ez 1.14-24). Os querubins
tinham a semelhança de homens, eram quatro vezes mais inteligentes que o homem,
mas nunca tiveram o privilégio deter a mente de Cristo neles. Os querubins eram
os servos mais serviçais, por serem como bezerros. Nunca desobedeciam. Tinham
mãos de homem, podiam obedecer e louvar. Tinham asas e podiam voar. Eram
rápidos para resignar e obedecer. Não se viravam quando andavam; isto quer
dizer que, não perdiam tempo para obedecer. Estavam aptos para obedecer e ir a
qualquer direção ordenada.
— Sim Ângelo, foi assim. Que
instrumentos de serviço! Exclamou o anjo. Tinham autoridade e a imagem do reino
neles mesmos. Tinham cara de leão; como águias, sua visão não estava limitada
para compreender os propósitos de Deus. Cobriam-se com suas asas, porque,
embora capazes, eram reverentes. Embora tivessem como seguir caminhando a
qualquer direção com sucesso e voar aonde vissem conveniente, não se moviam sem
ser pela ordem do Espírito Santo. Nunca estavam frios e de semblante caído,
porque eram como fogo aceso e viviam no meio do fogo do Espírito! O Espírito
Santo estava no meio das rodas e das rodas dirigia os querubins. Os querubins
levavam o Trono e as rodas eram dirigidas pelo Espírito que também agia nas
rodas. Vento, fogo, água, pomba, raio, trovões, chuvas, azeite. Todos estão no
trono identificados com o Espírito, até a sua despedida.
— Como foi a despedida do
Espírito Santo dos querubins? Perguntou Ângelo.
— O Espírito falou aos
querubins que havia chegado a hora de descer à Terra. Os querubins disseram:
“Nós vamos? O Pai irá?”.
— Não. Somente eu irei. Se eu
não for, o Cordeiro não virá. Vocês não vão ficar sós. O Cordeiro será
glorificado e vocês verão e se alegrarão na sua glorificação. Eu tenho que ir.
Minha alma irá, mas em espírito estarei aqui.
— Quem nos ajudará na
glorificação do Todo-Poderoso? Perguntaram os querubins.
— O Cordeiro virá, e eu irei.
Se eu não for, ele não poderá vir, e quando eu for, da Terra, através da Igreja
vos ensinarei o que deverão de fazer, de acordo com a vontade do Cordeiro, para
Sua glória. Através da Igreja realizaremos as obras juntos, para louvor de sua
glória.
Esta foi a promessa do
Cordeiro, enquanto estava na Terra (Jo 14.13-16). Assim aconteceu.
— De lá, o Espírito que
estava diante do Trono, saiu. Veio trazido pelo Trono (At 2.1-3; Ez 1.4),
deixou as rodas e passou a se manifestar em cada membro do corpo de Cristo,
como havia sido a promessa do Pai pelos seus santos servos, os profetas, de
maneira repartida, pela primeira vez.
— O Espírito chegou nas
carruagens de Deus? Perguntou Ângelo.
— Sim, Ele veio no Trono e as
características de Ezequiel (Ez 1.4) são as mesmas de Atos (At 2. 1-4): Vento,
fogo e terremoto. O próprio Trono veio à Terra no dia de Pentecostes. O
Espírito ficou, a promessa do Pai foi cumprida e o Cordeiro chegou ao Trono.
Foi a celebração do céu e o gozo da Terra! Agora é a vez do Espírito glorificar
o Filho, como o Filho havia glorificado ao Pai, respondeu o anjo.
OS ASSISTENTES DO
TRONO E MIGUEL
Enfim cheguei ao trono e
aquela sinfonia celestial é incomparável! Jamais alguém ouviu, leu ou viu coisa
igual. Era o insofismável lugar que não somente os profetas tentaram descrever,
como também os escritores mais polidos, mas não conseguiram. Tudo aquilo era o
trono e eu estava ali suportando toda aquela luz sobre meu rosto, simplesmente
porque algo havia sido posto nas pontas do altar de incenso. Era o sangue do
Cordeiro que havia deixado após sua entrada depois de sua ressurreição.
Era uma mistura em cor de
nuvem, fogo, trovões, folhas, arco-íris e ventos.
Ali estavam imediatamente
perante meus olhos os sete anjos fortes que tinham grande autoridade. Entre os
sete há um arcanjo que segura o livro que o Cordeiro tomou das mãos daquele que
se assentava no trono antes de tomar sua posição à sua destra.
Os sete anjos vivem ao redor
do altar de incenso juntamente com outros serafins. Os serafins têm rosto de
homens e parecem seres humanos. Eles cuidam do altar e fazem seu trabalho
usando as tenazes. Eles faziam o trabalho da santificação dos profetas do
Antigo Testamento.
— Eles cuidam do altar e da
continuidade da santidade e reverência ao trono de Deus! Exclamou o anjo.
O altar não cessa de fumegar.
O fumo do altar preenche todo o espaço celestial como um bom cheiro que chega
até a presença de Deus. Nesta hora as orações são respondidas. O altar
permanece diante dos tronos do Pai e do Cordeiro. Do trono sai um rio
cristalino cujas águas refletem a beleza da cidade celestial.
Todos os dias chegam incenso
da Terra. O incenso é distribuído à medida exata entre os 24 anciãos que
representam cada fuso horário da Terra.
— Fale-me dos 24 anciãos. Por
que eles têm harpas nas mãos?
— Depois vamos estudar mais a
seu respeito, vamos! Disse o anjo.
Impressionou-me a cor de
jaspe do Pai. Era a manifestação visível de Deus Pai. Havia uma razão porque
era jaspe. Quando o Senhor está irado as águas se transformam em rios de fogo.
“Quando elas estão fumegando, Deus está julgando alguém ou uma nação inteira”.
Ao aproximar-me do trono, ouvi quando o nome “Gabriel” foi chamado:
Gabriel, mais incenso tem
chegado!
Vi que Gabriel era um dos
sete anjos que assistem diante de Deus e o servem diuturnamente. Ele está
sempre ligado ao altar.
Lembrei-me quando ele foi
visitar Zacarias. Ele chegou na hora do incenso. No céu ele vive provendo altar
com incenso que vem das mãos dos 24 anciãos.
— Incenso são as orações dos
santos! Outra vez me lembrou Enviado.
— Aquela trombeta nas mãos do
anjo tem algum significado?
— Claro que sim! Disse
Enviado.
Elas somam sete no total.
Cada uma pertence a um dos sete anjos assistentes. Gabriel é um daqueles que
vai tocar as trombetas dos juízos de Deus, sobre as quais lês no Grande Livro
da Revelação. Gabriel tem participado de grandes eventos que mudaram a História
dos homens e que cumpriram as profecias. Todos nós, os anjos, o respeitamos
muito.
— Miguel, o príncipe do povo
de Israel, foi chamado.
— Sim, meu Senhor, ó
Todo-Poderoso! E se prostrou.
Comparecia diante do
chamamento de Deus, Miguel. Havia guerra na Terra. Os inimigos de Israel haviam
se reunido para destruí-lo. Ouvíamos o clamor dos fiéis no meio das
Lamentações. Miguel compareceu e perguntou ao Senhor:
— Senhor, o meu povo vai ser
atacado. Tenha misericórdia do teu povo. Abrevia os tempos. Deixa-me expulsar
os principados da Pérsia, que venceu o Principado da Grécia de uma vez.
— Tu não poderás vencê-los se
não houver um do teu povo que ordene que seja feito assim.
— Levanta as duas
testemunhas, as duas oliveiras.
— Espere Miguel! Definiu o
Trono.
— Sim, Majestade. Estou a teu
serviço.
— Há guerra. Anjos não podem
passar nas regiões celestiais. Vá e os proporcione passagem. Ordenou-lhe
definitivamente o Trono.
Assim distribuiu todos os
demais arcanjos de sua assistência e os enviou a vários lugares da Terra.
Depois voltaram os anjos. Conversávamos quando um deles, com trajes de guerra
chegou às portas da cidade trazidos pelas patrulhas. Trazia uma copa de ouro.—
Agradecimento, louvor. Quando eles vêm com as copas assim, significa que houve
vitória nas regiões celestes, e os arcanjos os ajudaram. Veja o que vai passar.
O anjo levou a copa e a
depositou às mãos do ancião daquela hora. Era o ancião da hora nona. Depois
veio um Serafim e o recolheu entregando ao anjo que tinha o ofício de derramar
o que há no incensário no altar. Quando derramou, houve fumo e o fumo encheu o
trono (Jó 26.9). Depois chegou Miguel.
— Por que Miguel chegou
agora?
— Miguel é o príncipe dos
anjos de Israel. Ele é muito amado e respeitado. Ele e os seus anjos vão
batalhar contra Satanás. Ele uma vez enfrentou o querubim Lúcifer e o expulsou
do céu; vai enfrentá-lo novamente e o expulsará das regiões celestes, depois
vai amarrá-lo e lançá-lo no abismo. Seu nome significa “quem é como Deus?”
Satanás tem muito ódio dele. Nos dias da morte de Moisés, eles se encontraram.
Satanás queria o corpo de Moisés. Miguel o repreendeu. Mas eles vão se
encontrar na batalha do século. João viu a luta no “que há de ser”, Daniel a
viu no futuro (Dn 12; Ap 12.7-10). Miguel não lutará só. Ele lutará com as
ordens das duas testemunhas e por causa das orações dos santos que estiveram
vivos na Grande Tribulação. A oração dos que crerão durante a Grande Tribulação
será de grande utilidade; morrerão, mas depois ressurgirão.
— O que acontecerá quando
Miguel os expulsar à Terra? Perguntou Ângelo.
— O céu ficará livre e limpo.
Será possível ver o céu e o tabernáculo. O impedimento será retirado como um
véu (Is 27). Quando o céu for limpo, a Nova Jerusalém poderá assumir o seu
lugar definitivo. Isto é o que mais perturba Satanás.
— Este dia não foi o dia em
que Jesus viu quando os discípulos começaram a expulsar os demônios, na grande
comissão?
— Foi assim. Jesus viu quando
Satanás como um raio caiu do céu! (Lc 20). O exemplo de Miguel é grandioso para
nós. Assim como será, já o é hoje. Por enquanto as chaves estão em vossas mãos,
Ângelo. Anuncia a teu povo que é hora de resistir e estabelecer a vitória de
Cristo na Terra. A ordem não é atacar e criar. A ordem é resistir e estabelecer
o que já foi criado e consumado por Cristo. E hora de estabelecer o Reino de
Deus!
OS OLHOS DA ALMA
Estava chegando a hora de
voltar à Terra. Ariel, Eliel e Enviado haviam estado comigo por muito tempo.
Havíamos compartilhado revelações das preciosas pérolas da verdadeira e limpa
doutrina do Reino de Deus. Minha visão se abriu, havia sentido o cheiro mais
suave das flores do jardim celestial. Mas necessitava conhecer um último
segredo. O maior de todos.
Acabava de chegar de sua
missão na Terra, Fiel. Anjo de Deus, enviado às cidades para agir em favor dos
que haviam de herdar a salvação (Hb 1 A). Seu rosto estava sereno e alegre.
Chegava com um incensário nas mãos e tinha um rolo no qual continha anotações
de suas rondas e atividades na Terra (Zc 1.11). Com ele, centenas de outros
anjos.
— Glória ao Cordeiro que vive
e se assenta no Trono!
— Para sempre em sua glória!
Responderam os quatro juntos.
— Tivemos muito trabalho
hoje!
— O que houve Fiel?
Perguntaram.
— É que os irmãos Esparza, da
cidade de Gênova, descobriram como se pode usar melhor a fé. A partir de uma
nova revelação que o Espírito está ensinando na Terra, por todas as partes.
— Que nova revelação é esta?
— Não sabem?
— Sim, está claro!
Perguntamos, não por nossa causa, mas porque Ângelo está conosco e é chegada a
hora dele voltar e temos muito interesse que ele ouça o que tu tens a dizer.
— Estávamos confusos e
queríamos saber porque Deus não havia permitido aos seres humanos o direito de
contemplar o mundo espiritual e o mundo físico ao mesmo tempo.
— Esta é uma observação muito
importante, Eliel. Continue.
— Nós, os anjos, possuímos
esta capacidade e não temos dificuldade de nos mover nos dois mundos. Mas aos
homens não foi dada esta dupla capacidade. São humanos e vivem em função do
mundo físico. Eles têm suas limitações e por esta causa, nós os anjos, somos
considerados por eles, como sobrenaturais...
— Sim, disse Ângelo. Isto é o
que pensamos.
— É verdade. Mas nós somos
normais. Vivemos naturalmente. Não há nada sobrenatural em nós...
— Sim, para nós, os anjos são
e sempre serão sobrenaturais, disse Ângelo.
— Não! Vocês é que são
sobrenaturais. Deviam saber disto. Desafortunadamente, vocês não têm
compreendido nem alcançado esta medida de fé, disse o anjo.
— Nós, os anjos,
verdadeiramente estamos muito preocupados, porque os homens querem conhecer o
mundo espiritual através dos diversos meios disponíveis que Satanás tem
apresentado: Bruxaria, Feitiçaria, filosofias orientais. Mas na verdade, jamais
terão tal capacidade, será apenas mentira, disse um dos anjos.
— Ângelo, vou te mostrar como
vivem vossos irmãos na Terra. Vamos!
Era um número catalogado de
histórias bem vividas que os anjos costumavam assistir para conhecer
determinados momentos e situações de algumas vidas às quais íamos ser enviados.
Eram informações detalhadas de suas vidas. Era um arquivo fenomenal da vida das
pessoas terrenas.
— Veja esta pessoa. Ela vive
nas Filipinas, Ângelo.
Corria mais adiante. Passava
toda a sua vida paralelamente mostrada nas duas dimensões espiritual e física a
um mesmo tempo. Comparava aquilo a uma tela de cinema, mas as cenas revelavam os
dois mundos ao mesmo tempo. As pessoas envolvidas não viam o mundo espiritual.
Foi a primeira vez que entendi que nós nos movemos em dois mundos ao mesmo
tempo, ainda que não o vejamos. O mundo espiritual estava mesclado de anjos e
demônios. As pessoas circulam entre eles. Eles passam através das pessoas e do
mundo físico. Os homens são atormentados por demônios ou são ajudados por anjos
sem saber que eles estão aí, bem perto deles. São tão reais como o mundo
físico.
— Por que Deus não permite
que os homens os vejam, se referia aos anjos e demônios. Não seria mais fácil
viver assim
— Não, Ângelo. Não.
— Se uma pessoa pudesse viver
num mundo assim, como o de vocês e ainda vendo o mundo espiritual da maldade,
morreria ao nascer.
— Quando algumas pessoas vêem
o mundo físico e o mundo espiritual ao mesmo tempo é porque Deus lhes permite.
— Isto aconteceu com Hagar,
com o jovem de Eliseu. Em ambos os casos seus olhos foram abertos para que os
vissem.
— E quando algumas pessoas
predizem certas coisas anunciando que estão vendo determinadas visões?
Perguntou Ângelo.
— Existe a visão profética,
preditiva e o anúncio por fé de alguma visão. Algumas vezes as pessoas têm
permissão de Deus para ver, e noutros casos, usam a fé e anunciam visões
preditivas que acabam sendo uma palavra profética, em certo sentido, Ângelo.
— Quando Deus abre os olhos
de uma pessoa para ver o mundo espiritual e o mundo físico ao mesmo tempo, é
porque tem um propósito especial. Até a jumenta de Balaão passou por esta
experiência.
Agora estava entendendo o que
antes havia pensado ser real. Quando Deus criou Adão e Eva, os criou podendo
ver o mundo físico isoladamente do mundo maligno. Refiro-me ao conhecimento do
mal independente de Deus. Gênesis 3.5- 6 revela que Satanás queria que os olhos
da alma do homem fossem abertos para que ele visse o mundo espiritual. O fim
era a adoração a Satanás, a possessão, a ilusão.
— Então é por isso que
Satanás disse a Eva “Serão abertos vossos olhos”?
— Sim, Ângelo, isto é o que
Satanás quer que os homens busquem, porque assim apregoam sua independência de
Deus. Os homens foram criados com a capacidade de ver fisicamente. Os olhos da
alma seriam abertos quando os olhos do espírito, o discernimento espiritual,
fossem abertos. Depois de terem passado pela prova da escolha entre as duas
árvores, automaticamente os seus olhos seriam abertos. Mas, Adão aceitou ver o
mundo espiritual independente de Deus. Este tem sido o problema da humanidade
até o dia de hoje. Através de feitiçaria, Satanás leva o homem a conhecer ilusoriamente
o mundo espiritual, irreal. Por isto as drogas, a bebida e as seitas orientais
levam o homem a um estado zero da mente humana propiciando a revelação de um
mundo espiritual enganoso e ilusório ao homem, como também abre portas para a
possessão demoníaca. Este é o fim de suas obras... “abrir os olhos da alma para
que eles vejam o mundo espiritual, independente de Deus”.
— Isto quer dizer, Enviado,
que algumas pessoas não estão realmente vendo algo literalmente em suas visões
espirituais?
— Certamente que não. Dizem
que vêem, mas é apenas uma visão criativa e imaginária. Somente com a permissão
de Deus, uma pessoa pode ver o mundo espiritual literalmente. Isto sim é
possível!
— Mas, não fique triste,
Ângelo. Agora, por exemplo, você está aqui literalmente. O ser humano é
espírito, alma e corpo. Você está aqui em alma. Seu espírito está em teu corpo
no hospital dando-lhe vida humana. O arrebatamento pode ser em espírito ou em
alma. Quando o arrebatamento acontece em espírito, somente o Espírito Santo
pode fazer a pessoa lembrar-se do que viu e ouviu. Mas quando acontece na alma,
como é o teu caso, tudo pode ser lembrado claramente, pois você mesmo esteve
aqui, pois tu és alma vivente, Assim, uma pessoa pode ver o mundo espiritual e
físico, simultaneamente, com a permissão de Deus ou através de arrebatamento.
— Isto pode acontecer em dias
de jejum ou em sonhos?
— Sim, pode.
— Alguns já estiveram aqui em
espírito, em sonhos e não se lembram.
— Outros, quando faziam jejum
de vários dias já estiveram aqui enquanto dormiam. No teu caso, várias vezes já
estivestes aqui assim, antes desta experiência atual.
— Por que tem que ser assim?
— Porque assim vocês
glorificam mais ao que está assentado no Trono, Ângelo.
— Quantas vezes nós mesmos
nos alegramos, quando vocês, sem saber, derrotam a principados e potestades
usando apenas os olhos da fé...
— Olhos da fé? Perguntou.
— Sim, os olhos da fé. Os
olhos da alma naturalmente estão fechados, mas Deus deixou no lugar dos olhos
da alma, os olhos da fé, Ângelo. Com eles você agrada a Deus de maneira
grandiosa. Ele se alegra quando os seus filhos, em confiança absoluta a ele,
usam a sua fé para glorificar seu nome..
— Ah! hum... hum... sem fé,
sem fé...
— E impossível agradar a
Deus, terminou o anjo.
OS DONOS DO REINO
Minha mente havia passado por
uma renovação indescritível. As ruas cristalinas irradiavam luz para cima e
para baixo. A transparência de tudo permitia-me ver fundamentos das palavras e
sua solidez. No interior da cidade podia-se ver o centro do Trono, e as almas
cheias de ternura. Estavam bem vestidas e não eram anjos; eram seres humanos e
não pareciam àquelas imagens católicas com asas chamadas “querubins”.
Eram grandes crianças. Tinham
ternura e reverência em sua maneira de atuar. Eram santos, mas não eram inocentes.
Sabiam o que era o mal. Rapidamente pude saber melhor sobre eles.
— São crianças?
— Sim, Ângelo. Não parecem?
— Que fazem? De onde vêm?
— Se dirigem ao trono do
Cordeiro e vão a cantar, disse o anjo. Espere para ouvir o que eles vão cantar.
— Pai, tu és nosso amigo...
até quando vamos esperar? Queremos ir ao vale e brincar com as corsas do monte
e voar nos cavalos de fogo! Quando poderemos ir?
— Depois da festa.
— Quando será a festa, Pai?
— Assim que a rainha chegar
(Sl 45.10-17).
— Quem é a rainha, Pai?
— A Noiva do Cordeiro.
— Cordeiro, quando vais
trazer a noiva?
- Quando o Pai disser “Sim”
Estamos todos esperando... vocês, passem por aqui, subam! Chamavam as crianças.
O Trono estava cheio de
crianças. Os anjos cercaram os 24 anciãos e começaram a tocar, e as crianças
iniciaram o cântico:
— “Da boca das crianças,
Da boca das crianças,
Fundaste a fortaleza
Fostes uma criança
Venceste a Herodes
Triunfante, a semente cresceu
A semente cresceu
Todo homem tem que ser como
uma criança,
Quando crer como uma criança
Quando descansar como uma
criança,
Vencerá a serpente
Sairá triunfante.
Queres ser como um menino
Queres ser como um menino
Cantarás este hino”
As crianças não cantavam, até
que chegava o louvor equivalente que o Espírito, através das crianças da Terra
enviava ao Trono. Quando os 24 anciãos tocavam, elas cantavam.
Como um coro de anjos, ante o
agrado do ancião de dias, o Cordeiro se levantou e cantou com as crianças.
— Pedro?! Pedro! Falava.
Alguém conhece Pedro? Jesus conversava.
— Não, não, Senhor, cantavam
as crianças.
— Quem foi Pedro?
— Quem foi Pedro, Senhor?
Perguntavam em cânticos as crianças. O céu pára quando o Cordeiro se levanta do
Trono!
— Era o nome de Pedro, um dos
discípulos amados, que se tornou sério, tão sério, que se esqueceu de ser
criança.
Os anjos respondiam em
cânticos:
— E onde se acha a
sinceridade? E onde se esconde o vigor?
As crianças:
— Nas mãos das crianças,
Senhor!
— “Deixem que cantem as
crianças
Deixem que vivam as crianças
Poderiam salvar-lhes a vida.
Se pensassem nos herdeiros do
reino
Poderiam salvar-lhes a vida”.
Entendi a linguagem dos anjos
e pelas palavras do Enviado, que as crianças haviam chegado, os anjos as haviam
recolhido nos quatro cantos da Terra.
— O que houve com eles?
— Foram mortos no ventre de
suas mães.
Os anjos os levaram onde
estavam os santos aperfeiçoados para se juntarem à assembléia dos santos.
Como um batalhão de pequenos
soldados, saíram e foram cantando no meio dos anjos. Mas uma coisa tranqüilizou
minha mente.
— Por que eles eram grandes
como se fossem adultos? Eles eram crianças? Perguntou Ângelo.
— Ângelo, alma não tem
tamanho. O corpo tem tamanho, mas estas crianças, quando ressuscitarem, terão
um corpo conforme a uma criança, conforme a imagem de uma criança. Agora suas
almas parecem grandes, mas na ressurreição regressarão a seus corpos.
— Por que não se comportam
como adultos?
— Não, não é possível, porque
a alma somente adquire maturidade no corpo. Assim, como saem do corpo,
permanecem. Enquanto vive no corpo, adquirem maturidade pelo desenvolvimento do
corpo. Agora, não podem ver nenhuma criança no tamanho do corpo de criança,
porque nenhuma criança foi ressuscitada como a Cristo ou a um Moisés. Quando
houver passado com teus irmãos pela ressurreição dos mortos em Cristo, verás
este lugar cheio de crianças como pombinhas aos milhares no reino dos céus!
As crianças perguntaram:
— Quando vamos voar nos
cavalos de fogo? Quando os anjos vão nos levar a andar nas corsas celestes?
— Está pronto, herdeiros... É
questão de horas.
— Vocês viram o vale quando
passaram os cavalos de fogo. Quem eram aqueles que os guiavam? (...)
— Vamos crianças, passem,
entrem...
As crianças queriam descer ao
vale do Éden; lá estacionam os cavalos de fogo. Foi uma luta levá-las dali...
COMIDA ANGELICAL
Enviado havia me mostrado
muitos lugares desconhecidos à minha mente, mas o mais impressionante foi
quando entramos na Sala do Banquete. Uma enorme sala entre o mundo espiritual
do monte santo. Somente entrando lá para entender que as coisas espirituais podem
ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo sem perder a identidade. É algo da
natureza espiritual. A sala do banquete tem várias entradas dos quatro lados.
Pode-se entrar através da sala por baixo e por cima e chegar às mesas centrais,
as quais estão preparadas para um soberano banquete, a Cena com o Cordeiro. Por
cima, no nível superior há muitos anjos que têm acesso constante ao recinto.
Ali, naquela sala, eu havia estado em sonhos...
— Eu já estive aqui, em
sonhos, disse Ângelo.
— Não! Nunca estivestes aqui
em sonhos. Foi real. Estiveste aqui em espírito. Mas também em sonhos Deus te
pode revelar estas coisas a teu espírito. Em alma, ficas totalmente consciente
de que estás num local ou não. Quando, muitas vezes, até em sonho as visões te
parecem reais e quando ocorre algo que te parece real, mas, todavia não o é, é
porque Deus revelou tal coisa a teu espírito. A diferença entre o sonho e o
arrebatamento, é que Deus pode utilizar os momentos em que dormimos para
revelar algo a teu espírito na dimensão do futuro ou passado. O paralelo do
homem é o seu espírito. O arrebatamento também é algo relacionado a sua alma.
Tu estás aqui, em pessoa. Mas há também o arrebatamento em espírito, quando a
alma sai do corpo que dorme, mas continua ainda conectada ao espírito. Só Deus
pode fazer isto. Por si mesmo nenhum ser humano pode fazê-lo, nem Satanás.
Assim, é possível lembrar-se do que se passou no sonho ou visão, porque o
espírito ainda está ativado na mesma dimensão. Quando há arrebatamento em
espírito sem a conexão da alma, a pessoa vive realmente em outra dimensão, mas
não lembra do que se passou, explicou Enviado.
— Já estive aqui... Sim, eu
me lembro...
— Sim, estiveste aqui em
1987. Quando dormias, um Anjo de Deus foi visitar-te e teu espírito foi trazido
a este lugar.
— Já te disse que não era um
sonho, parecia, mas não era um sonho.
— Sim, tu disseste... Para
que estive aqui? Eu sei que estive aqui? Onde está a mesa com a comida?
— Lá está. Oh, sim! É a mesma
mesa que vi. Agora me lembro, foi como se fora ontem... Eu estava em jejum por
sete dias. Que difícil foi para mim lá em Santa Ana, em Califórnia.
— Nós sabíamos que seria
difícil. Nós te ajudamos a vencer, falaram os anjos que estavam conosco.
— Eu me lembro que desci ao
“Pollo Loco” para comer no terceiro dia. Mas não pude comer porque a atendente
derrubou a comida no balcão. Eu regressei... arrependido a meu quarto e
passaram o quinto e sexto dia...
— Moisés, o grande servo de
Deus também sofreu as mesmas tentações; Elias, Ezequiel, Daniel... Moisés, por
exemplo, Ângelo, esperava seis dias até que Jeová descesse a ele no monte.
— O jejum é uma das coisas
que o Senhor quer restaurar antes da ida do Cordeiro, explicou Enviado.
— Eu me lembro que no sexto
dia, à noite fui dormir. Pensei que andava na carne, por querer dormir depois
da meditação e oração. Eu queria estar desperto...
— Não Ângelo, aqui muitas
pessoas se enganam. Desde Adão a João, o Evangelista, o jejum traz consigo a
doutrina do sono.
— Como? Explique-me melhor...
— Sim, qualquer que fizer
jejum, conforme tu o estavas fazendo, naturalmente terás sono. Vem
naturalmente. Agrada a Deus. O jejum está ligado a quatro coisas muito
importantes, Ângelo: A oração, a leitura, meditação na Palavra de Deus e o ato
de dormir, descansar em Deus. O sono vem da parte de Deus sobre ele (1 Sm
26.12; Gn 2.21). O mesmo aconteceu com Abraão, quando já cansado enxotava as
aves de rapina que vinham sobre o sacrifício. Aí está um exemplo de oração.
Assim, os inimigos vêm das regiões celestes para atacar. Quando o sono chega,
deves descansar e esperar Deus falar. Muitas vezes ele apenas está
disciplinando nosso descanso até que nos fala verdadeiramente. Assim passou com
Abraão (Gn 15), Daniel (10.9, 10) Ezequiel (3.24), Elias (1 Rs 19.4-14).
— Por que tem que ser assim?
— Porque através do jejum o
corpo físico fica sem alimento no estômago. A falta de alimento no estômago
propicia visões, alucinações etc. Mas Deus opera através do jejum. A finalidade
principal do jejum, não é alcançar alguma coisa desejada na carne, mas a comunhão
do espírito, o alimento espiritual do espírito humano, a comunhão direta do
espírito com Deus. Isto traz uma unção especial porque o Espírito Santo e o
espírito humano fluem, atuando livremente sobre o poder da carne e dos
demônios. É como se o espírito recebesse uma carga total da energia de Deus.
Muitas pessoas fazem jejum para receber algo, alcançar qualquer coisa, mas não
deveria ser assim! Não é por obras que vamos mover as mãos de Deus. É pelo
incenso.
— Porque muitas pessoas que
fizeram jejum alcançaram o que pediam...
— Porque elas se humilharam
no espírito e o pedido delas era conforme o do Espírito Santo. Mas nada lhes
foi dado por causa do jejum, mas por causa da humilhação e pelo tempo em que
orou conforme o Espírito de Deus; mas Deus não deixa de lhes abençoar com o
poder de sua unção. Assim o jejum é fundamentalmente um meio de alimentar seu
espírito da mesa de Deus. Vem, vou te mostrar como isto é em verdade.
Fomos entrando à sala. A
escada subia e descia, tipo a escada que Jacó viu. Os anjos desciam por ela.
Para cima não era grande o movimento.
— Aqui estamos Ângelo. Assim
é.
Era a mesma sala onde eu
havia estado há alguns anos.
Milhares de mesas de um lado
e outro.
Eu não podia compreender como
em cada departamento que entrávamos se tomava literalmente num espaço
extraordinário. Era como um programa de computador. Em meus cálculos, aqueles
lugares atravessavam outros em si mesmos... Enfim, depois entendi sobre o
espaço no mundo espiritual.
— Vou te levar à mesma mesa
onde estiveste outro dia.
— É aquela?
— Sim, é esta.
— A taça, a cadeira! Ângelo
correu eufórico.
Era uma taça em uma mesa
grande. Eu havia me lembrado que no sétimo dia do jejum, veio um anjo e me
levou a este lugar. Jamais pensava estar aqui outra vez. Eu me lembro perfeitamente
do que havia passado ali.
— Sim, e tu perguntaste para
quem era aquela mesa...
— Sim, é verdade. Eu lhe
perguntei. Mas o anjo me respondeu que era para mim. Era um absurdo, toda
aquela mesa era só pra mim. Ao que ele me disse. Teus irmãos e discípulos,
familiares e pais espirituais comeram dela. Agora era meu tempo, disse. Seis
anos depois...
— Não tens comido o
suficiente, Ângelo.
— Como?
— Não Ângelo. Todavia, não
terminaste a água que te foi oferecida há seis meses. O bocado de comida que
comestes é pouco para dez anos de ministério... Já não regressaste com
freqüência.
Somente depois de algum tempo
compreendi que em determinado tempo de jejum, após o tempo de crise, do
terceiro, quarto, sexto dia... Deus envia um anjo, um mensageiro para
servir-lhes. Assim foi com Cristo (Mc 1.13). Somente assim um servo de Deus
suporta 40 dias de jejum sem sofrer algum dano. Mas o sonho é algo necessário,
como o foi para Elias. Quando uma pessoa chega a este nível é porque está
preparada para comer do alimento celestial. Em um incompleto jejum de 12horas,
nunca uma pessoa chegará a este nível. Ainda assim, Deus o recebe como
sacrifício de louvor.
— Ângelo, há uma comida para
comer. O Cordeiro lhes avisou na Terra (Jo 4.32). Quando jejuas, em determinado
tempo, vamos levar o alimento a teu espírito, que automaticamente te alimenta
fisicamente. Todos os servos de Deus que foram grandes diante do seu Senhor,
não iniciaram seu ministério sem o jejum. O exemplo de Cristo, Moisés, Elias,
Daniel, João, Davi, Ezequiel... Eles alcançaram comer de sua mesa o suficiente.
— Todo o tempo esse alimento
está aqui? Anos e anos?
— Ângelo, aqui nada se
corrompe.
Sentia-me envergonhado por
ter comido e bebido tão pouco. Eis aqui a razão porque poucos se desanimam. Não
têm comido da comida de sua própria mesa. Jesus havia dito: “Uma comida tenho
para comer e vós não conheceis”.
— Vem. Vou te mostrar os
pratos celestiais... “Água cristalina da vida”, vern do Rio da Vida... “O Rolo”
é a comida predileta dos profetas...
— O rolo? Parece um pergaminho...
— Não parece um pergaminho,
mas é comida. Ezequiel e João gostavam de comer do rolo. Está em tua mesa...
veja...
— É doce na boca. Está cheio
da Palavra de Deus. E amargo no ventre. Porque é com amor que nós comemos, mas
é com dor que nós pregamos. A palavra profética é amarga no ventre porque tem
que ser vomitada, pregada e anunciada aos homens. Jonas teve mais autoridade
depois que foi vomitado. O “homem vomitado” é o homem ressuscitado. A Palavra
que está no ventre profético é uma palavra vivida e meditada. Tem autoridade ao
ser anunciada. Este rolo necessita ser comido, Ângelo...
— O pão...
— O pão que Elias comeu. É
pão sólido. No mundo dos homens tem um efeito tremendo. Depois que Elias o
comia, corria mais que os cavalos.
— Eu o quero.
— Somente pelo jejum, Ângelo.
Não há outro meio.
— Deus pode enviar-lhe a um
necessitado. Sim. Há fartura no deserto. Nos lugares desertos há abundância
deste maná. É celestial... Sabe como, Ângelo?
— Não te entendo.
— Em pleno deserto é possível
ver uma fonte destas águas. Em pleno deserto, Ângelo. Assim foi com Agar depois
que saiu da casa de Sara. Quando o anjo a visitou pela segunda vez, O menino
chorava. Lá está a fonte de águas. Ele foi alimentado destas águas (Gn 21.19).
— O jejum propicia visões,
sonhos e revelações. O estômago vazio é um campo fértil para as revelações de
Deus. Não é fome. É o jejum, oração e meditação. É um tempo no propósito de
Deus. Muitas pessoas trabalham e jejuam, nas não oram, não meditam na Palavra.
Nosso Senhor não se agrada deste tipo de jejum. Não serve para nada. Deve-se
fazer como Moisés: Levantar a tenda fora do arraial. Sair do meio humano,
partir para as revelações, como disse Paulo. Este é o caminho (Ex 33.7-11; 2 Co
12.1, 2).
Depois de tudo o que vi,
desejava jejuar. Queria comer tudo o que tinha direito para alimentar minha
espiritualidade débil e desnutrida. Ó Senhor, Senhor, perdoa-me! Muitas coisas
teriam que mudar... A mesa do Senhor era nobre, como disse o Apóstolo (1Co
10.21). Todas as comidas têm significado. Lá não se come por comer. Muitos
anjos trazem do vale do Éden os frutos mais preciosos que meus olhos jamais
viram. Vi o fruto da árvore da vida...
— O fruto da árvore, Enviado!
— Está reservado para os
vencedores, Ângelo. Há uma hora e um dia especial em que eles serão comidos (Ap
2.7).
— A taça...
— Havia muitos tipos de taças
na mesa do Senhor. Entre elas havia uma que me chamou a atenção.
— Desta taça não podes beber
aqui, Ângelo. Aqui, não!
— Por que Enviado?
— Porque nós a levamos para
aqueles servos de Deus que vão tomar grandes decisões contra a sua própria
vontade, em favor da vontade de Deus. Depois que se bebe desta taça, é
necessário imediatamente beber das outras — me mostrou outras taças — porque é
muito forte e requer uma renúncia mui grande dos deleites da vida humana.
Somente quem quer fazer literalmente a vontade do Senhor pode beber desta
taça... (o anjo se emocionou, se calou). Nós sabemos que é muito duro para o
ser humano renunciar a vontade própria, o seu ego, em função desta taça... Todos
os anjos de Deus respeitam aquele que toma esta taça. Nós não podemos beber,
pois já a bebemos no dia da rebelião de Lúcifer.
— Olhe a minha mesa.
— Que vês Ângelo?
— Minha taça... Não há
muito...
— Tens bebido de tua taça,
Ângelo. Respeitamos-te por isto. Tens tomado a tua cruz para seguir ao Senhor.
Poderias ser um homem muito bem sucedido em tua vida de negócio, poderias ser
muito famoso na Terra, mas depositaste tudo no altar e tens bebido tua parte.
Tens passado no Getsêmani da vontade e tens chegado ao Calvário do corpo.
— Há uma comida para comer,
Ângelo. Disse o Enviado. Aqui no céu, nós, como podes ver, não temos uma vida
de rotina. Estamos em plena ação. Tudo aqui é ação e reação. Todas as comidas
representam uma lição especial, Ângelo. Por exemplo, os querubins são seres de
reações. Eles se movem a cada movimento do trono, na Terra ou no céu. Quando o
Cordeiro ou a Igreja realizam algo, eles dizem “Amém”. Quando chegam a dizer
”Amém”, é porque já se tomou realidade no céu. Com o passar do tempo, verás a
realidade na Terra.
— Homens e mulheres fortes no
espírito se alimentam paralelamente desta comida. Lembra-te de Pedro que estava
em jejum, no terraço? De onde veio a comida (At 10.11, 12)?
— Do céu, respondeu Ângelo.
— Parecia terrena, mas era maná
celestial. Tinha sentido. Era para fortalecer a vida ministerial de Pedro, mas
ele era muito tradicional em sua maneira de pensar. Quase que ele perdeu a
bênção. Assim Davi, no dia que veio o sacerdote comer o pão, ele estava vivendo
o que deveríamos passar em espírito. Buscar comida com nosso Sumo-Sacerdote
para enfrentar o Saul de nossa vida. A comida celestial nos fortalece 40 vezes
mais. Nenhum dos servos de Deus que jejua mais tempo, deixa de provar a comida
destas mesas, Ângelo.
Alguns anjos entravam e levavam comida. Outros
levavam a outros servos que jejuavam na Terra. Outros eram trazidos à mesa.
Deus as pode enviar a seus servos de várias maneiras.
Os frutos que os anjos
traziam do vale do Éden eram apetitosos. Não podia compreender porque os anjos
comiam. Enviado passou pela mesa e tomou um dos frutos.
— Nós comemos, como o
Cordeiro, depois de sua ressurreição, comeu, Ângelo; o ser angelical também
come. Nós gostamos de carneiro assado. O Anjo de Jeová era Cristo e durante o
Antigo Testamento comeu carneiro, porque não havia encarnado. Mas depois de sua
encarnação, somente comeu peixe. Eu sei que tu podes não entender o corpo da
ressurreição. Mas eu vou te mostrar algo: Quando Jesus ressuscitou, em suas
veias corria a água da vida, o sangue da ressurreição. Ele mesmo vos falou —
“Correrão rios de águas vivas em seu interior”. Era desta água que ele falava.
Deste sangue que deviam beber. Não era sangue humano de Cristo, mas da água da
vida. É o Espírito Santo literal que corria em suas veias como água viva. Por
esta razão, todas as coisas que vêm ao ventre de um ressurreto são
transformadas imediatamente. Assim vivemos, de transformação, não de digestão.
Ele comeu o peixe e foi absorvido pela vida (2 Co 5.7-10).
— E o maná?
— Tenho muito que dizer da
comida celestial. O maná está preparado especialmente pelos anjos para declarar
a plena e absoluta confiança na provisão de Deus. Somente comem o maná aqueles
que têm aprendido a confiar plenamente na provisão de Deus. O ato de comer o
maná significa um prêmio por aprender a confiar em Deus. O maná é a comida mais
forte que têm aqui no céu; a que traz o memorial e nutrimento. É nossa comida
diária, Ângelo.
O anjo me ofereceu um pouco
de maná.
— É como pão de mel.
— É a mais doce de todas as
comidas que há. Mas fala da total confiança que uma pessoa deve ter na provisão
de Deus. Algumas pessoas, no passado dos homens, têm comido dela. Deve ser
comida antes que venha a alva. Nós, os anjos, trabalhamos muito antes que venha
a alva. Queremos que as pessoas vivam por fé e não por vista. O maná deve ser
comido antes do amanhecer. Isto fala da disposição em comer da comunhão do
Senhor quando nem todos estão dispostos para isto. O maná tem muitos
significados. Deve ser guardado para o sétimo dia, mas não para o primeiro,
terceiro ou sexto dias. Se uma pessoa guarda o maná do primeiro ao segundo dia,
aparecem bichos e cheira mal. Isto ocorre na Terra. No céu não ocorre tal
coisa. Este fenômeno vemos somente na Terra.
— Por quê, Enviado?
— Porque eles devem comer da comida
celestial, devem fazê-lo confiando em Deus e não na capacidade de colher ou de
plantar. O maná vai daqui para baixo. É celestial, é provisão de Jeová. Não
deve ser guardado de um dia para outro; isto significa que se recebermos do
alimento da Palavra de Deus, devemos vivê-lo no mesmo dia e não armazenarmos na
mente, para mostrá-lo aos outros no dia seguinte, sem termos meditado nela, sem
termos vivido em nós mesmos. Quando isto não ocorre, temos bichos na mensagem
porque não se tomou vida em nós que a pregamos.
— Que significado tem, quando
é guardado no sexto dia?
— Os seis dias são a graça de
Deus. O sétimo dia é Reino. Muitos vivem os seis dias da graça e regressam no
sétimo dia à Lei. Mas segundo os trâmites de Deus, há Lei, Graça e Reino.
Depois da graça vem o Reino. O maná, para ser conservado do sexto ao sétimo
dia, devia ser cozido ou assado. O alimento recebido em graça chegara ao Reino,
quando passado pelo fogo da experiência cristã. Tudo o que se levanta em graça
é guardado ao sétimo dia. Quando o maná foi guardado por Moisés na arca, era
quase uma contradição. Como uma coisa tão perecível poderia ser guardada por
gerações, se com a simples luz do sol, poderia ser derretido?
A resposta, Ângelo, é que
somente no Reino de Deus, as coisas perecíveis perduram para sempre. E um
exemplo para todos vocês, que o Reino de Deus, o mortal é absorvido pela vida.
ORAÇÃO. CATÁSTROFES
E BÊNÇÃO
Os anjos estavam divididos em
grupos. Havia centenas de grupos divididos em quatro classes. Os que cuidam da
central celestial, a Nova Jerusalém, os que cuidam do vale, os que se empenham
em manter a ordem nos universos e finalmente os que são enviados à Terra.
Querubins e serafins estão mais próximos do trono e da cidade; os arcanjos
ajudam aos anjos e os assistem para manter a ordem.
— Os anjos estão divididos em
turnos de horas. Por exemplo, Ângelo, uma hora do dia ocorre 24 vezes na Terra
em diferentes horários. Há um grupo de anjos que atua nesta hora. Por isso os
24 anciãos têm muito trabalho.
— E as patrulhas de Deus?
— Estão comissionadas a
observar o Universo. Elas são as que cuidam que os anjos caídos não passem os
limites estabelecidos por Deus.
— Qual é o limite?
— O limite são as regiões
celestes. Eles não podem sair dali. São seu habitat até segunda ordem (Ap
12.7-12).
— Isto é o que quer dizer o
Espírito através de Judas?
— Exatamente, Ângelo. Os
anjos que não guardam sua dignidade, os que abandonam sua morada, nós podemos
lançá-los no abismo onde são guardados em prisões eternas, para juízo do grande
dia, se a Igreja ordenar que assim seja feito. Cada vez que recebemos ordem
para fazer tal coisa, imediatamente assim atuamos, os prendemos no poço do
abismo (2 Pe 2.4; Jd 6).
— Quando os anjos pecaram
juntamente com Lúcifer, foram imediatamente lançados ao Hades? Perguntou
Ângelo.
— Não, Ângelo! Não. Todos
eles foram lançados com Satanás às regiões celestes (Ef 6.10-12). Porque
milhares deles saíram sob o comando de Satanás e desobedecendo novamente,
vieram à Terra, dominaram desde o princípio no mundo anterior ao dilúvio,
invadiram Sodoma e Gomorra. Com o juízo de Deus respectivamente através da água
e fogo, a primeira coisa que Deus fez foi amarrar os anjos caídos e lançá-los
ao poço do abismo. Assim, toda a “cultura” demoníaca daqueles dias, nunca mais
será levantada! Nunca esqueça que todo o demônio que encontrares na Terra, seja
em pessoa, cidade ou lugar, estará fora de seu domicílio e por esta razão
podemos lançá-lo no abismo (2Pe 2.4). O segredo da vitória de Cristo é que ele
sabia perfeitamente sobre isto, inclusive quando implantar seu reino sobre a
Terra, a primeira coisa que fará, será lançar o inimigo no abismo (Ap20. 1-3).
Cada vez que o principado de uma cidade é vencido, outro é colocado em seu
lugar. Mas o seu número é limitado. Quando chegar ao limite, a Igreja desta
cidade, como corpo, tomará todo o controle, seja político, educacional, moral e
espiritual.
A ordem de trabalho celestial é perfeita! Não
há equívocos, embora Deus repreenda aos seus anjos (1Rs 22.19-22).
— Às vezes o Todo-Poderoso reprova
nosso trabalho porque não concordamos num plano. Isto às vezes acontece e o
Senhor se entristece conosco.
— Isto é possível? Perguntou
Ângelo.
— Sim, mui raramente isto
sucede; reconhecemos que nos confundimos com os falsos profetas que usam o nome
de Deus, os que se utilizam do nome de Jesus para respaldar suas falsas
profecias, que não são outra coisa, senão, maldições. Este é o problema maior.
É que não discernimos facilmente as ordens que vêm em nome de Jesus pela boca
deles. Isto nos confunde. Aqui tem sido nossa maior debilidade. Demora alguns
momentos para discernirmos as verdades pelo uso indevido do Nome.
— Por esta razão, os falsos
profetas saem adiante com imitações proféticas e até os escolhidos são
enganados. Por isso necessitamos nos embasar no discernimento dos santos.
Enganamos-nos uma vez, e Deus necessitou usar um espírito mau, porque nós não
sabíamos o que devíamos fazer por causa dos falsos profetas que usavam o nome
de Deus. Às vezes parece razoável a palavra profética, mas é falsa, embora seja
em nome do Senhor (1Rs 22.19-23).
— Então por isso há confusão
de doutrina entre os pastores, dois tipos diferentes de planos e metas, dois
tipos diferentes de ministérios, muitas vezes nos confundimos porque ambos usam
do nome e nós não podemos atuar claramente, porque o coração deles não é um no
Reino. Por isso, o Todo-Poderoso lhes tira a ajuda e são ambos envergonhados.
Deus não é Deus de confusão! Por isso os principados nunca são vencidos.
Havia visto anjos em seus
mais refinados postos. Desde os que apregoavam diante do trono a uma grande
voz. Seu papel era apregoar diante dos anjos que tocam suas trombetas por causa
de algum evento. Nós vimos um anjo ilustre; se aproximou com um olhar
simpático. Queria conversar:
— Que achas de tua casa,
Ângelo? Referia-se à cidade.
— Estou gostando. Quem és?
— Eu sou o anjo que controla
todos os alimentos na Terra, e conheço perfeitamente a capacidade do teu povo
na agricultura,
Por detrás havia alguns anjos que estavam a
seu serviço.
— Eles são meus assistentes.
— Olá! Jehová Samá! Saudou.
— Olá! Jehová Samá!
— Estas balanças em suas mãos
são meus instrumentos de trabalho. Controlamos o trigo e seu preço, a cevada e
as uvas. Sabemos se há alimento na Terra. Viemos para saber aonde haverá trigo
na próxima safra. Não haverá sempre (Ap 6.5,6). Quanto mais idolatria houver na
nação, mais incapaz se toma no mercado internacional.
— Os pecados do povo influem
nas safras das nações?
— Sim, profundamente. Os
pecados não são somente pessoais, são nacionais. Por causa do pecado do povo,
entregamos o preço nas mãos dos demônios. A nação, por inteiro também peca e
necessita ser perdoada. Os santos necessitam pedir perdão pelos pecados de sua
nação (Ne 1). A bênção material de Jeová está embasada na fidelidade social de
uma nação; a graça de Deus para com o povo está fundamentada na fidelidade de
seu povo. Os pecados sociais mais comuns de uma nação são a corrupção, a
inflação, os pesos e medidas mentirosos, a injustiça social, o desequilíbrio
social. Estes pecados necessitam ser expiados para que outros anjos venham e
limpem a violência que destrói as plantações. Nós, os anjos de Deus, não
podemos afastar o devorador que habita sobre hectares e hectares de terra
produtivas no mundo. Quando um governante se humilha e leva sua nação à
contrição e arrependimento destes pecados sociais e nacionais, e não atribuem o
perdão senão a Deus, sem intermediários, recebemos ordens de atuar para
abençoar. Enquanto não há intercessor, impera a violência, fome,
descontentamento nacional, fuga de divisas, corrupção na justiça, pecado
social.
— Oh, Senhor! Minha nação tem
pecado! Perdoa-nos! Perdoa-nos!
— Se tua nação não se
converter de seus maus caminhos, virá sobre ela, a mesma maldição que repousou
sobre a Etiópia.
— Não, Senhor!
— Avisa a tua nação, Ângelo,
ao voltar ao Brasil! Avise que os espíritos maus estão por trás das festas
culturais e religiosas! Avise que somente Jesus é o único Salvador, não há
outro, nem outra. Quando seus governantes mudarem seu coração, faremos a obra.—
Haverá projeto de prosperidade social para tua nação, porque virá depois uma
grande catástrofe que abalará o mundo. Será assim como foi com México, Chile e
Argentina, quando o povo orou, houve catástrofes.
— Por quê?
— Porque foram destronados os
principados e potestades que atuam na corrupção do teu povo. Serão destruídos e
desalojados; isto é uma guerra espiritual. Quando há guerra espiritual há
catástrofes na região do conflito. O coração da gente se sensibiliza e nós
operamos!
Pensei e reservei em minha mente
as três palavras: Oração nacional, catástrofes e posteriormente, bênção!
SEM PEÇAS DE
REPOSIÇÃO
Na passagem pela região
celeste, Enviado disse que mais tarde explicaria o que se passava ali, nas
negras regiões tenebrosas onde estava o trono de Satanás. Em algum momento
antes de meu regresso, estava pensando sobre a volta e preocupou-me o ter que
forçosamente regressar por ali outra vez.
— Ali é a região do conflito,
Ângelo.
— Ali é o local de batalha
diária entre os anjos e os demônios, retrucou outro dos anjos que estavam
conosco.
— Ali a cidade finalmente
ficará, quando chegar ao seu lugar (Ap 21.23-24).
— Aí foi o lugar aonde ele
nos assentou, nas regiões celestes. Mas Satanás está aí até o dia em que Miguel
o varrer para a Terra. Três anos e meio antes da cidade chegar, Miguel o
expulsará dali, definitivamente para Terra e o Mar. Ele está pressionado por
cima e por baixo.
— Satanás necessita ser pego?
Disse Ângelo.
— Sim, Ângelo. Mas não será
fácil assim. Na cruz, após a alma de Cristo ser liberada pelo Pai de seu corpo,
ele expôs Satanás ao vitupério diante de seus demônios. O céu fechou a porta.
Tudo ficou escuro no mundo e na ocasião da cruz, tudo foi definido quando
Cristo tomou-lhe as chaves do Hades e foi liberar os justos dali.
— O Leviatã será a arapuca de
Deus para pegar Satanás, o querubim caído (Jó 41; 1s27.1; Ap 12.7-12).
— Nenhum homem na Terra
poderia suportar Satanás definitivamente. Ele será lançado no mar, e dali
reinará por pouco tempo na Terra através do Anticristo e do Falso Profeta.
— Por isto que o Anticristo
fará as suas tendas no mar?
— Sim. O poder do Anticristo
virá do mar. O mundo já adora hoje os demônios do mar, treinando enquanto não
chega a realidade. Nos dias do Anticristo, as oferendas ao mar serão um culto
contínuo e diário na Terra.
— Quando Satanás encarnar-se
no corpo do Leviatã chegará a hora definitiva de seu juízo. Ali será
aprisionado, torturado e preso (Rm 12.20; Ap 20.1-3; Is 27.2). Assim como
Cristo necessitava encarnar-se para atuar na Terra e cumprir o seu propósito,
também Lúcifer caído terá que se encarnar no Leviatã para que seu juízo seja
conhecido na Terra (Rm 8.3).
— Por que as trevas cobrem a
Terra nestes últimos dias com muito mais intensidade? Perguntou Ângelo.
— Porque Satanás sabe que
pouco tempo lhe resta. Já não há mais peça de reposição... nos últimos dias os
demônios que restam vão atuar com toda intensidade para tomar o domínio final e
até os demônios do Eufrates serão recrutados. Ele estará desesperado.
— Que quer dizer, por que
estás rindo, Enviado?
— Satanás a quase seis
milênios está gastando sua munição na batalha espiritual. Um grupo muito grande
de demônios foi tirado da terra e lançado no abismo, com Apoliom (Ap 9.11; 1 Pe
3.18-20), os quais de lá não sairão até o juízo eterno. Nos dias de Sodoma e
Gomorra uma grande parte deles foi lançada também ao mesmo lugar. Novamente ele
ficou sem urna boa parte de seus comandos e comandados. Cada vez que a Igreja
envia um demônio para lá é grande o problema para ele (Lc 8.29-32). Nos dias de
Jericó outra grande parte foi lançada para o abismo. Quando uma cidade é livre
de um poder com suas castas demoníacas, alguma coisa espiritual, física, ou até
mesmo moral acontece na Terra... acidentes, problemas geofísicos, escândalos
etc. Isto ocorre porque algo aconteceu no mundo espiritual. Nos casos do Mundo
Anti-diluviano, o dilúvio; de Sodoma, a destruição com o fogo; com Jericó, seus
muros foram destruídos... lembras do México? Vês o que está passando nas
grandes cidades do mundo como Los Angeles e Rio de Janeiro? O futebol, o
carnaval, o jogo... Ele vai ter que entregar o domínio!
— Sim, é verdade. Veja o que
aconteceu com o Egito quando Deus o tocou a fim de libertar o seu povo Israel!
— Sim, Ângelo. Observaste
bem. Estávamos ali quando tudo aconteceu. Para que o povo fosse liberado dali,
tivemos muita luta. O poder de abrir e fechar estavam na concordância entre
Moisés e Arão. Sem eles não podíamos atuar. Cada vez que uma praga era
profetizada, nós destronávamos uma potestade. Cada animal representava uma
potestade que imediatamente assumia o lugar da outra que havia sido retirada.
Cada vez que, através da atuação dos anjos (Sl 79.49) um principado era
destronado, o coração do povo se tornava mais gracioso (Ex 3.21). Havia uma
reação no povo por causa da liberação das potestades. Mas imediatamente após a
saída de uma potestade, Satanás enviava outra potestade. A luta era tremenda.
Quando você lê que o coração de Faraó era endurecido logo após o seu
arrependimento, era porque outra potestade assumia o controle do Egito. Na
verdade, Ângelo, cada vez que uma Igreja vence uma potestade, deve se preparar
para lutar contra a outra que vem. Quando Davi lutou contra o gigante Golias,
pegou cinco pedras do Rio. Sabes por quê?
— Não, Enviado.
— Porque em uma guerra há
muitas batalhas. O gigante Golias tinha outros irmãos. Não vencemos uma guerra
com uma única batalha. Naquele momento ele tinha uma batalha para vencer, mas a
guerra iria requerer todas as outras quatro pedras...
— É verdade, Enviado. Devemos
nos preparar com munições em abundância.
— Assim foi no Egito. Cada
vez que vencíamos um, outro tomava o terreno. A guerra foi tremenda, Ângelo.
Mas há uma boa notícia para ti, Ângelo, não te desanimes por isto.
— Sim. Eu preciso saber
quando se acabam...
— Dependendo da situação
estratégica da cidade, Satanás pré-estabeleceu um número certo e imutável de
principados e dominadores para cada cidade da Terra. Assim, foi feito muito
tempo antes de você existir na divisão da Terra (Gn 10.31, 32). Grandes cidades
como México, Hong Kong, New York, São Paulo, London, Los Angeles etc., têm um
número certo de principados em fila para atuar. À medida que um deles é
vencido, ocorre algo na região física da cidade. Quando um deles é destronado,
então outro assume. Assim, sucessivamente.
— Isso vai ser sempre assim?
— Não, Ângelo. Veja. Quando a
Igreja derruba um deles (Lc 10.17-20), então outros assumem. Mas, observe bem
que Satanás não é onipresente, nem seus demônios se reproduzem. Mas a Igreja se
reproduz. Aqui está o mistério, Ângelo. Com o tempo, ele estará sem peças de
reposição, e muitas cidades serão dadas à Igreja local. Em todas as áreas, a
Igreja assumirá o comando, ainda mesmo antes da volta de Jesus. Por exemplo, o
controle do Egito veio depois de vencermos os dez principados do Egito. Daquela
vez, nós não os prendemos no abismo. Não foi necessário. A diferença entre os
demônios anti-diluvianos, os de Sodoma e Gomorra, dos de Babilônia, por
exemplo, é que ao invés de enviarmos ao abismo os principados de Babilônia, nós
os amarramos no Eufrates para o tempo do fim (Dn 7.12; Ap 9.14, 15). Assim,
Babilônia ressurgirá, mas Sodoma, jamais.
Agora estava entendendo
aquilo que o anjo falou a Daniel, depois de sair dali, iria lutar contra o
principado da Grécia (Dn 10.13,20,21). Saiu o da Pérsia e entrou o da Grécia.
Cada um tinha uma característica. Entendi que se a Igreja perseverar, o poder
da cidade lhe será dado, como foi com Israel ao sair do Egito, depois que os
principados foram vencidos. O segredo está em continuar a luta. Satanás não se
reproduz, mas a Igreja sim. É por isso que as igrejas estéreis não podem tomar
o domínio de sua cidade, porque já aceitaram os “reinos do mundo” como a um
prato de lentilhas (Lc 4.6).
— Isto quer dizer que ele não
pode enviar outro principado de outro país para repor o que falta. Quando um
deles sai de seu domicílio e vem aonde não deve e nem pode estar, a Igreja pode
lançá-lo no abismo (Jd 6,7)?
— Sim, pode. Mas para isto,
tem que haver guerra. Então, aquela região passa ao domínio do outro
principado. É a única saída. Eles mesmos não se aceitam.
— Ah... então é por isto que
há guerra nas nações... oh, Deus! Porque não soube disto antes. Sim... assim os
principados de outra região tomam o domínio que antes não era seu, pelas
guerras... então Satanás está ficando sem principados para atuar em
determinadas regiões,.. então vão haver muitas guerras nos últimos dias...
sim... vão...
— Se a Igreja de Cristo não
tomar o domínio, aí tudo é vão, Ângelo. Porque através das guerras há troca de
principado. É isto que você viu, o principado da Pérsia que saía para dar lugar
ao principado da Grécia... você deve saber um pouco da História...
— Sim, eu sei, ainda assim
está escrito em Daniel 7.
— Então a Igreja pode assumir
o domínio... sim, é claro que sim. Como fomos enganados que somente no Milênio
poderíamos reinar na Terra? Se Salomão tivesse pensado assim...
— Isto é o que resulta a
falta de conhecimento, Ângelo. O Espírito quer ensinar-lhes mas não se deixam,
não se deixam.
— Aonde você descobriu isto,
se a revelação é dada à Igreja?
— Nós lemos uma parte de um
livro escrito por um servo de Deus que morreu em um naufrágio nas ilha do
Pacífico em 1825. Não foi publicado. Esta informação o Espírito lhe deu em
grande tribulação. Ele as escreveu, mas somente agora nós estamos informando a
alguém como tu. Porque te interessaste. Vamos, Ângelo, é hora de regressar.
A DESPEDIDA
Permaneci no céu muitos dias.
Tornei-me amigo de Enviado e do anjo a quem eu puramente o chama. Vários outros
estiveram comigo e me mostraram muitas coisas. Lugares onde eu não poderia ir,
eu via através da visão celestial, algo possível para o arrebatado. Por muitas
horas permaneci na dimensão do que será, e os relatos que aqui ouvi, não posso
escrever somente de uma vez.
Na hora do retomo, tudo se tornou numa
invisível manifestação de respeito, amor e melodia. Senti que saía para uma
grande missão na Terra. Ainda me sentia um ser humano. Os anjos eram anjos e eu
ainda era Ângelo.
Não posso esquecer quando vi
a mim mesmo no meio dos redimidos. Era eu, sabia que era eu, sentia-me como se
o fosse. Lembro-me até agora, quando o Cordeiro saía em seu cavalo branco e os
milhares de cavalos saíam e o meu cavalo estava vazio, eu não me vi ali, e me
senti tão triste e o anjo me consolou. Eu me vi na dimensão do que será. Não
necessitava de fé, eu via tudo. Poderia ver o físico e o espiritual. Do lado do
céu ninguém necessita esforçar-se para ver. Ali se vive por vista com a
permissão de Deus.
O anjo estava me trazendo de
volta. Fui vendo à distância as portas de pérola, o vale mais abaixo, a
escuridão terrível, as cores tornando-se uma só e a luz pequena, em comparação
à glória que vi, era de um efeito sobrenatural.
Sobre as densas trevas,
através das quais passávamos, o anjo me disse algumas palavras. De repente,
passaram arcanjos voando diante de mim. O caminho se aclarou por alguns
momentos...
— Chegou a hora! Os arcanjos
já estão a seus postos. É hora de voltar, somente vais te lembrar das coisas
que vão ser necessárias. Tenha cuidado de guardar a fé, você precisa dela para
voltar e para viver na Terra. Em poucos minutos estaremos juntos, acenou o
anjo.
No momento em que me
despedia, os outros anjos se apresentaram no meio de todos. Eles apareceram por
poucos segundos. O meu anjo tinha a face de varão íntegro e justo. Seu rosto
era límpido e transmitia-me uma sublime convicção de serviço e obediência, mas
rapidamente foi desaparecendo. Enquanto tocou-me a mão e começamos a voar, à
luz das espadas dos anjos ao redor. Foi aí mesmo que eu entendi que era a luz
do mundo, sentia-me mais seguro vendo a face do meu anjo, mas ao sairmos e ao
desembainhar a sua espada, ele foi desaparecendo, começando de sua cabeça aos
pés, à medida que nos aproximávamos da Terra.
A hora mais terrível de
todas, foi quando tivemos que atravessar e passar as regiões celestes — um
lugar escuro e terrível, horrível, sem palavras para defini-lo. Demônios se
moviam; principados, tronos, potestades, cheiro de fumaça; se moviam na
dimensão das regiões celestes. Senti temor, insegurança por alguns momentos;
senti a sensação de alguém que segurava em minhas mãos. Quando o meu anjo
desembainhou a espada e começou a desaparecer, mais eu sentia que alguém estava
segurando as minhas mãos, a sensação foi distinta.
Desde o momento em que eu estava
vivendo no céu até aquele momento, eu compreendi que, na verdade, eu estava
indo do céu à Terra, me lembrei que quando entrávamos e cada vez que nos
aproximávamos das portas de pérolas, mais claras as coisas iam ficando, mas
agora, na ocasião do meu retorno, tudo estava desaparecendo, e ficou somente
esta sensação da presença de alguém comigo. Comecei a me desesperar no meio
daquela viagem, ouvi gritos, eram vozes de demônios, mas eu não podia ver. A
visão que eu tinha no céu, me foi tirada, e agora eu sentia e ouvia, mas não
ouvia tão bem quanto quando estava dentro das portas de pérolas. Eram demônios.
Sim, eles estavam lutando com os anjos que vinham comigo. Senti-me empurrado,
balançado. O anjo falava, podia ouvir como se estivesse distante, mas em voz
forte, “não temas, eu te ajudo, eu te seguro pela mão”.
As vozes que eu ouvia ao
aproximar-me eram de demônios fortes. O anjo pediu ajuda; sozinho às vezes,
eles não suportam a luta. A espada do Todo-Poderoso é desembainhada nas mãos
dos arcanjos, que vieram e detiveram os demônios e os principados, deixando o
anjo passar. O arcanjo abriu espaço e nós passamos. Eu ouvi vozes de oração que
vinha da Terra, e o anjo disse:
— Nós vencemos porque eles
estão orando, nos dando cobertura na luta. Aqui, nós dependemos das orações da
Igreja. Se ela ora, nós vencemos, mas se deixa de orar, nós temos que recuar e
voltar. Não podemos passar, porque os arcanjos não vêm. Eles respeitam somente
aqueles que vivem uma vida de oração, que é a nossa cobertura na hora de passarmos
a barreira. Muitas vezes nós voltamos daqui, e os crentes são derrotados. Suas
palavras caem por terra, porque não podem se sustentar. Desse lado, temos que
passar os principados e potestades. É como se fosse um pedágio, mas nós
passamos quando há a cobertura. Nós sempre vamos, independente de tudo, para
trazer as respostas das orações ou encomendas de Deus a seus servos, porque
sempre cremos que há uma cobertura de oração. Muitas vezes nos decepcionamos,
porque não há cobertura e perdemos a luta. Isto não significa que não temos
bases do outro lado. A perseverança é tudo!
Silenciei preocupado.
— Não te preocupes, tu tens
cobertura de oração, disse o anjo. A tua própria cobertura é importante. A
cobertura da tua esposa também, depois vem a cobertura dos teus irmãos. A
oração é o contato direto e a prova diária de que a comunhão está fortalecida
entre tu e teu Deus. Nós te serviremos a qualquer preço, se tudo isso vai bem.
Passamos a caminho de casa.
Tudo era natural, comecei a sentir saudades. Pela primeira vez passei a sentir
tudo naturalmente. Em segundos senti saudades do céu... o anjo desapareceu, já
não senti que ele segurava nas minhas mãos. Gritei:
— Por que não te posso ver?
Por que eu não posso mais ver aquelas coisas?
Então, fortemente o meu coração
falou. Pela primeira vez comecei a ouvira voz outra vez, vindo de dentro de
mim. Era a voz do Espírito.
— Ângelo, Ângelo! No mundo,
os olhos são naturais, não podes ver nada. Nisto consiste a tua
bem-aventurança, os olhos da alma se fecham e não podes ver como os anjos na
Terra. Precisas ver pela fé, tudo aqui é pela fé e não por vista. Estamos aqui,
não temas, cumpras tua missão, meu Ângelo. Aqui, eu e você trabalhamos juntos.
Os anjos recebem nossas ordens. Estamos juntos.
Era a voz do Espírito Santo
de Deus. Abri meus olhos no Planeta Terra. Sete meses e dois dias depois,
estava completamente curado. Minha esposa estava ali, bem perto, segurando as
minhas mãos. Bem devagar, disse três palavras:
— Você está bem?
Seus olhos se esbugalharam.
Eu estava roxo e ela verde. Então eu percebi que estava na Terra e vivia. Ela
exclamou, correndo, se levantou e gritou:
— Ele vive! Desate-o desses
tubos.
Demoraram demais.
Desmontei-me dos tubos, das máquinas que me envolviam, saí do meio de tudo
aquilo, e me pus em pé.
Quando minha esposa chegou,
eu estava ali, parado, falando em línguas espirituais. Eles gritaram e fizeram
grande barulho. Minha esposa me abraçou e enfim, juntos, choramos. Como é bom
chorar, agora sim, sentia gosto no choro. Não queria esquecer que acabara de
chegar do outro lado, além das estrelas, onde um segundo equivale à horas na
Terra.
Oh, Grande Cidade! Grandes
coisas dizem de ti! Oh, Jerusalém! Veremos-nos outra vez!
[1] O casamento judeu era
dividido em três partes: Compromisso, promessa e bodas. Compromisso é feito
entre os pais. A promessa é o desposamento feito entre os noivos perante o
juiz, mas ambos voltam a sua casa. Bodas é o período quando o noivo, em sua
festa, recebe sua esposa em casa.
Meu Deus que História linda.
ResponderExcluirgostaria de ouvi o testemunho pessoalmente do nosso irmão